Você já ouviu falar que é difícil fechar um diagnóstico de um transtorno mental? Pois bem, isso é mais ou menos verdade — e há uma explicação. Em muitos casos, podem ser necessárias várias consultas com o psiquiatra para chegar a um diagnóstico assertivo. É esse caminho que irá levar a uma vida com qualidade e representa esperança.
A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, conhecida como CID, é o sistema que registra todos os diagnósticos de saúde — físicos e mentais. É elaborada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), usada no mundo inteiro e está atualmente em sua 11ª versão (CID-11). Todo transtorno mental reconhecido clinicamente tem um CID correspondente. A dificuldade está em identificar com precisão qual é o transtorno, já que, ao contrário de muitas doenças físicas, não existem exames laboratoriais ou de imagem que confirmem diretamente um transtorno psíquico.
Segundo o Instituto de Psiquiatria do Paraná (IPP), no consultório psiquiátrico, o processo diagnóstico é clínico: o médico avalia os sintomas relatados, investiga o histórico do paciente e observa a resposta ao tratamento. Isso quer dizer que o diagnóstico pode mudar ao longo do tempo, conforme o quadro evolui. Em certos casos, pode levar meses ou anos.
A partir de um exemplo do IPP, uma pessoa que apresenta sintomas depressivos pode inicialmente ser tratada para depressão unipolar. No entanto, se ela desenvolver um episódio maníaco mais tarde, o diagnóstico pode mudar para transtorno afetivo bipolar. Essa mudança é comum e esperada dentro da prática psiquiátrica, pois muitos transtornos compartilham manifestações semelhantes e só se diferenciam com o tempo.
Por que não existe um exame de sangue ou de imagem para diagnosticar, por exemplo, ansiedade ou depressão? A resposta está na ausência de marcadores biológicos acessíveis e confiáveis, também de acordo com o IPP. Embora a ciência já tenha identificado certos genes ou neurotransmissores associados a transtornos mentais, eles ainda não são suficientes para confirmar o diagnóstico por si só.
Estudos com exames como o eletrorretinograma, que mede o contraste da retina e se relaciona com níveis de dopamina (neurotransmissor ligado ao prazer), mostram que há pistas biológicas da depressão, por exemplo. No entanto, essas tecnologias ainda são experimentais e não estão disponíveis na prática clínica rotineira.
Além de sintomas semelhantes entre transtornos diferentes, a evolução da doença é um dos fatores que mais influenciam no diagnóstico final.
Esses ajustes diagnósticos não indicam erro médico, fazem parte do processo clínico. A saúde mental é dinâmica e precisa de tempo, escuta ativa e acompanhamento cuidadoso.
O diagnóstico do psiquiatra é fruto de um conjunto de fatores que envolvem não só os sintomas atuais, mas também a rotina e a genética do paciente. Alguns dos principais pontos que um psiquiatra costuma investigar são: a queixa atual, o histórico de vida e doenças na família, além de outros componentes.
Se você acredita ter um transtorno mental, ou conhece alguém que passa por sintomas recorrentes de sofrimento psíquico, busque ajuda profissional. Psiquiatras e psicólogos estão preparados para acompanhar o processo com responsabilidade e ética. O diagnóstico é uma ferramenta para compreender, tratar e recuperar a qualidade de vida.
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Fontes:
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