Em uma visita aos Museus Vaticanos, há um espaço pouco conhecido que revela muito sobre as raízes espirituais, artísticas e culturais da antiga Itália: o Museu Gregoriano Etrusco. Fundado em 1837 pelo Papa Gregório XVI, reúne um acervo de artefatos etruscos e greco-romanos, preservados como testemunho de civilizações que influenciaram diretamente o mundo cristão.
O nome “Gregoriano Etrusco” homenageia o Pontífice idealizador da coleção (Gregoriano) e a civilização que está no centro do museu (Etrusco), um povo que habitou a península Itálica entre os séculos IX e I a.C., antes de ser assimilado pelo Império Romano.
O museu está localizado dentro do histórico Palazzetto de Inocêncio VIII, com afrescos renascentistas e salas decoradas por artistas como Federico Zuccari e Santi di Tito. Seu acervo é distribuído em 22 salas e inclui urnas funerárias, joias em ouro e prata, vasos pintados, objetos litúrgicos e esculturas.
Entre os destaques está o célebre Marte de Todi, uma estátua de bronze do século V a.C., encontrada em 1835, que representa com impressionante realismo a figura de um guerreiro etrusco. Também estão expostos vasos gregos decorados com cenas mitológicas, que revelam os vínculos entre a arte clássica e os temas espirituais. Há cerâmicas Attica e Bucchero encontradas em necrópoles etruscas, entre 630‑350 a.C.. Além disso, esculturas, vidros e artefatos romanos que remontam ao período republicano e imperial, parte da história antiga que se relaciona com a tradição cristã do Vaticano.
As peças foram inicialmente reunidas a partir de escavações realizadas em sítios arqueológicos do então Estado Pontifício, especialmente nas regiões de Cerveteri, Vulci e Veio. Com o fim do domínio papal em 1870, o museu passou a receber coleções doadas, como as de Falcioni (1898), Mario Astarita (1967) e Giacinto Guglielmi (1987).
A existência desse museu dentro do Vaticano expressa o desejo da Santa Sé de dialogar com a história, a ciência e a arte, promover a paz e a formação de consciências também por meio do conhecimento e da beleza.
Foto: reprodução
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