Ao ser chamado por Deus para libertar o povo de Israel do Egito, Moisés questiona qual nome deveria dizer ao povo. E Deus responde: “Eu Sou o que Sou” (Ehyeh-Asher-Ehyeh, em hebraico), revelando-se como Aquele que simplesmente é (cf. Êxodo 3,14).
Deus se apresenta como o eterno, imutável, fonte de tudo o que existe, inclusive de cada um dos Seus filhos. E o Senhor instrui Moisés a dizer aos filhos de Israel que “Eu Sou” o enviou.
O que essa revelação poderia ter a ver com autoconhecimento? Autoconhecimento é o processo de compreender quem somos de verdade: nossas motivações, limitações, dons, feridas e também o propósito que nos move. Essa busca é essencial para os cristãos, para quem crê. São Bernardo de Claraval abordou a necessidade de se conhecer para conhecer a Deus, seja pela consciência das nossas misérias, seja pelos dons e virtudes e que vêm do Seu amor.
Ao aconselhar fiéis sobre como “mudar a vida de dentro pra fora”, Padre Reginaldo Manzotti recomendou: “passe algum tempo sozinho. O autoconhecimento nos faz fortes e seguros”.
A escritora e palestrante Carol Tormena, apresentadora da TV Evangelizar, acrescenta sobre o tema:
“Quando você conhece o que de fato te impede, quando você consegue ver suas fraquezas, mas também suas forças, quando entende as origens, a relação das suas emoções frente ao que você vive, você muda a sua forma de enxergar a si e aos outros. E sua visão determina como você age”.
Ela ainda lembra que, na Bíblia, Jesus curou muitos cegos. Essas curas, além de físicas, simbolizam a capacidade de enxergar com clareza a verdade, a própria identidade e o sentido da vida. “O cego que estava antes sentado passou a caminhar e a servir depois que conseguiu enxergar”, escreve Carol. Isso revela como ver a si mesmo à luz de Deus transforma ações, decisões e atitudes.
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8,32)
Autoconhecimento passa pelo encontro com a verdade, inclusive a verdade sobre si. Encarar os medos, feridas e fragilidades é o primeiro passo para a liberdade interior.
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos” (Salmo 139,23)
O salmista reconhece que só Deus é capaz de revelar as profundezas da alma humana. Autoconhecimento também é abertura à ação de Deus em nosso interior.
“Deus não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor olha o coração” (1 Samuel 16,7)
É comum que nos definamos por aparências ou pelo olhar dos outros. Mas Deus vê além, e devemos procurar nos enxergar como Ele vê: de dentro para fora.
Na cena da sarça ardente, Moisés começa com dúvidas sobre si: “Quem sou eu para libertar o povo?” Porém, ao descobrir quem é Deus, ele começa a descobrir quem ele mesmo é: chamado, escolhido, capacitado.
O mesmo pode acontecer conosco. Autoconhecimento não deve ser uma busca egoísta, mas uma caminhada rumo à santidade, à maturidade e ao serviço. Conhecer-se é reconhecer-se filho de Deus, amado e chamado a uma missão única.
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