Antes de tudo, é essencial compreender que a Sagrada Escritura não é apenas uma coletânea de escritos religiosos, mas a voz viva do próprio Cristo, o Verbo Eterno, que continua a falar ao coração da humanidade. A Palavra de Deus não é algo estático, mas uma presença viva e transformadora, capaz de renovar a vida de quem a acolhe com fé.
A grandeza da Bíblia se deve ao fato de ser fruto da inspiração do Espírito Santo e ter em seu centro a pessoa de Jesus Cristo. Em cada capítulo e em cada versículo, encontramos sinais de sua presença e do mistério da salvação realizado por Ele. Ao nos aproximarmos da Escritura, não nos limitamos a recordar acontecimentos do passado, mas nos deixamos alcançar pela voz de Cristo que continua a nos chamar hoje. Dessa forma, a Palavra se torna caminho de encontro com o Senhor, que deseja introduzir-nos sempre mais na plenitude de seu amor eterno.
Reconhecer a Inspiração Divina da Bíblia é afirmar que Deus, por meio do Espírito Santo, iluminou e guiou os autores sagrados na redação dos textos. Essa inspiração não significa que cada palavra foi ditada mecanicamente por Deus, mas que, sem anular a liberdade, o estilo e a cultura de cada escritor, garantiu a fidelidade à mensagem revelada. Assim, os textos bíblicos são ao mesmo tempo humanos e divinos: humanos em sua forma e linguagem, divinos em seu conteúdo e verdade salvífica.
Diversos trechos da própria Escritura nos ajudam a perceber essa realidade e a compreender como Deus se revela por meio de sua Palavra inspirada.
O Apóstolo São Pedro nos diz:
“Jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2 Pd 1, 21).
São Paulo, escrevendo a Timóteo, afirma claramente:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e preparado para toda boa obra” (2Tm 3,16-17).
Aqui, vemos que a Bíblia não é apenas um texto de edificação humana, mas um dom divino, dado para orientar e fortalecer a vida dos fiéis. Esses textos revelam de forma inequívoca que os autores não escreviam por conta própria, mas era sob a influência de Deus.
O mais bonito de tudo isso é que Jesus Cristo é a figura central da Bíblia tanto no Antigo Testamento, que prepara e anuncia para a vinda do Messias, quanto no Novo Testamento, que justamente revela a Ação Salvífica d’Ele Próprio.
Santo Agostinho define isso quando diz: “O Novo [Testamento] está oculto no Antigo, e o Antigo está patente no Novo”.
O Catecismo da Igreja Católica, por exemplo, afirma que a Sagrada Escritura possui uma autoridade única, porque nela Deus mesmo fala ao seu povo com palavras humanas.
“Os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro, a verdade que Deus quis que fosse consignada nas sagradas Letras em ordem à nossa salvação” (CIC 107).
São Jerônimo, em sua época, contribuiu para essa ideia ao dizer que “Quando rezamos, falamos com Deus. Quando lemos a Sagrada Escritura, Deus fala conosco”.
O próprio Jesus, ao dialogar com os discípulos, confirma a autoridade das Escrituras. No caminho de Emaús, após a ressurreição, Ele “explicava-lhes, em todas as Escrituras, o que a Ele dizia respeito” (Lc 24,27). Dessa forma, Cristo nos ensina que toda a Palavra de Deus converge para Ele e encontra nele sua plenitude.
Assim, a Bíblia se revela como um tesouro inesgotável, no qual Deus continua a falar à sua Igreja e a cada coração que se abre à ação do Espírito Santo.
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Referências:
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