Se a Bíblia afirma com clareza que “Jesus chorou” (Jo 11,35), por que não há um versículo dizendo explicitamente que “Jesus sorriu”? Será que o Senhor nunca riu? Essa resposta não está em uma frase literal da Escritura, mas no conjunto da revelação.
A ausência da frase “Jesus riu” não significa que Ele, o próprio Deus que se fez homem, não tenha sorrido. Os Evangelhos mostram um Cristo que acolhe crianças, que participa de uma festa de casamento, que faz amigos, que come e conversa à mesa, que conta parábolas com humor, que desperta alegria e esperança por onde passa. A humanidade de Jesus é completa. O riso, por sua vez, faz parte da experiência humana.
Em vários trechos, o riso aparece como fruto da ação de Deus na vida humana.
“Então a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua de alegria.” (Sl 126,2)
“Deus me deu motivo para rir, e todos os que o souberem rirão comigo.” (Gn 21,6)
Nesses casos, o riso não é superficial, mas expressão de graça, libertação e esperança. Falam de um Deus que transforma a dor em vida nova.
A Bíblia não espiritualiza tudo. Ela reconhece que o ser humano vive ciclos e que o riso tem seu tempo.
“Há tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de dançar.” (Ecl 3,4)
Esse versículo é importante porque recorda que o riso cristão não ignora o sofrimento, mas também não o absolutiza. A fé não destrói a alegria natural, mas a purifica e orienta.
Em alguns textos, o riso aparece ligado ao orgulho, ao escárnio ou à falta de juízo:
“Disse do riso: é loucura!” (Ecl 2,2)
“O riso dos insensatos é como o estalo dos espinhos debaixo da panela.” (Ecl 7,6)
Esses versículos não condenam o riso em si, mas o riso vazio, zombador, que foge da verdade e do sentido. A Bíblia é realista ao dizer que nem toda alegria é boa e nem todo riso vem de Deus.
Um dos versículos mais fortes sobre o riso está no Salmo 2:
“Aquele que habita nos céus se ri; o Senhor zomba deles.” (Sl 2,4)
O texto não fala de um Deus sarcástico, mas afirma que o poder dos ímpios não intimida o Senhor. É um riso de justiça, não de desprezo humano. Deus não ri da fraqueza, mas da pretensão dos que se julgam maiores que Ele.
Jesus assumiu a condição humana totalmente, exceto no pecado. Sendo o verdadeiro modelo de humanidade, é natural afirmar que Jesus sorriu, não por frivolidade, mas por amor, ternura e presença.
A fé cristã não glorifica a tristeza, mas a esperança. Um coração alegre, como diz o livro dos Provérbios, “é bom remédio” (Pr 17,22). Como nos disse Jesus, “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10).
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.