Foto: reprodução site rccbrasil.org.br
A Renovação Carismática Católica (RCC) é definida pelo Vaticano como uma “corrente de graça” surgida dentro da própria Igreja a partir de 1967, caracterizada por incentivar uma vivência mais consciente da ação do Espírito Santo na vida dos fiéis. Não é um movimento autônomo ou paralelo, mas uma expressão espiritual reconhecida e acompanhada pelo magistério, que insiste na comunhão com a hierarquia e na fidelidade à doutrina católica.
O termo “corrente de graça” foi adotado pelos Papas Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco para indicar que a RCC não possui estrutura doutrinal própria. É entendida como um impulso espiritual que leva os fiéis a redescobrir os dons do Espírito Santo descritos na Sagrada Escritura e no Catecismo.
O fundamento teológico da RCC está nos ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica sobre os carismas (CIC 799–801): dons concedidos pelo Espírito para o bem comum e para a edificação da Igreja. O uso desses dons exige sempre discernimento da autoridade eclesial.
Desde seu início, a Igreja tem afirmado que qualquer expressão carismática deve permanecer unida aos bispos e párocos, evitando interpretações pessoais e práticas que se afastem da liturgia e da doutrina. A Renovação, quando vivida em comunhão, é acolhida como parte da missão evangelizadora da Igreja.
Em 2018, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida instituiu o CHARIS, Serviço Internacional para a Renovação Carismática Católica, que passou a funcionar em 2019. O organismo não governa a RCC, mas oferece um serviço de unidade entre seus diversos grupos, que apoia formações e promove o diálogo com as conferências episcopais. O estatuto é oficial e aprovado pela Santa Sé.
Em 20 de janeiro de 2024, o Papa Francisco recebeu no Vaticano 85 membros do Conselho Nacional da Renovação Carismática italiana. No encontro, o Pontífice destacou dois eixos que devem orientar a presença da RCC na Igreja:
O Papa chamou atenção para a importância da adoração, especialmente em silêncio, e recordou que a oração de louvor, típica da Renovação, deve sempre manter Deus no centro, e não emoções, lideranças ou estilos pessoais.
Francisco afirmou que o Espírito Santo “sempre impele a sair e comunicar o Evangelho”, mas advertiu que nenhum anúncio é autêntico sem testemunho concreto de vida. O Papa questionou: “o que adianta fazer longas orações e cantar lindas canções se não tivermos paciência com o próximo… A caridade concreta e o serviço no anonimato é sempre a prova do nosso anúncio.”
Francisco enfatizou que a Renovação deve ser construtora de comunhão, sobretudo com os bispos; com as paróquias e dioceses, com outros movimentos, comunidades e associações.
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