Você já imaginou abrir o Evangelho de Mateus e olhar justamente para o lugar onde Jesus pronunciou aquelas palavras? Locais dos escritos eternizados como “Vocês são o sal da terra” (Mt 5,13) e “Vocês são a luz do mundo” (Mt 5,14)? Estar no cenário de tantos encontros do Senhor é uma experiência única.
É exatamente isso que muitos peregrinos vivem ao visitar o Monte das Bem-aventuranças, na Terra Santa. A paisagem mansa da Galileia se encontra com um dos discursos mais fortes de Jesus, que foi o Sermão da Montanha, cujas palavras são uma espécie de identidade do cristão. Esse monte é um lugar onde geografia e Palavra se encontram, como um anfiteatro natural às margens do lago, onde Jesus sentou, olhou para a multidão e começou a ensinar.
O Monte das Bem-aventuranças é uma colina no norte de Israel, na região da Galileia, sobre o planalto de Korazim. Fica entre Tabgha e Cafarnaum, com vista privilegiada para o Mar da Galileia, em uma área onde o terreno se inclina em direção ao lago, formando um anfiteatro natural. Não por acaso, a tradição cristã reconhece ali o lugar em que Jesus proclamou o Sermão da Montanha.
O local exato em que Ele falou não é conhecido com precisão arqueológica, mas desde os primeiros séculos os cristãos identificaram essa encosta como cenário do discurso. O lugar de peregrinação é marcado pelo Santuário das Bem-aventuranças, uma igreja construída entre 1937 e 1938 sobre uma elevação que permite contemplar todo o entorno do lago.
A igreja tem forma octogonal, para recordar as oito Bem-aventuranças de Mateus. Os jardins bem cuidados, as árvores e o silêncio convidam à oração. Do pórtico, é possível ver a planície de Genesaré, Cafarnaum, Tabgha e, em dias límpidos, até outras montanhas da região. No interior, as Bem-aventuranças aparecem nos vitrais, como se envolvessem o peregrino dentro da própria Palavra.
Quem visita a Terra Santa normalmente chega ali de ônibus ou carro, vindo de Cafarnaum ou Tiberíades. O acesso é relativamente simples, e muitas peregrinações incluem nesse ponto a proclamação do Evangelho de Mateus, capítulos 5 a 7, justamente para unir caminho, paisagem e escuta da Palavra.

O Evangelho de Mateus descreve assim o início do Sermão da Montanha: Jesus vê as multidões, sobe o monte, senta-se, e os discípulos se aproximam. Sentar-se para ensinar era o gesto típico do Mestre. Ali, diante do lago, Jesus revela o “programa” do Reino de Deus.
O Sermão da Montanha ocupa três capítulos inteiros (Mt 5–7) e é considerado um resumo dos ensinamentos de Jesus sobre a vida cristã. É uma visão completa de quem é o discípulo e como deve viver.
É nesse monte que Jesus proclama as Bem-aventuranças e mostra que a verdadeira felicidade não está no sucesso fácil ou no poder, mas em um coração pobre, manso, justo, misericordioso e puro. É também ali que Ele diz aos discípulos que são “sal da terra” e “luz do mundo”, chamados a conservar o sabor do Evangelho no meio da corrupção e a iluminar um mundo escurecido pela injustiça.
Na Galileia, muitos judeus reconheciam em Jesus um novo mestre. Mateus, ao narrar esse discurso na montanha, mostra também que Ele é o novo Moisés. Se o antigo legislador recebeu a Lei no Sinai, agora o Filho de Deus proclama, de um monte da Galileia, a “Lei nova”, a Lei do amor levada à plenitude. Ele não abole a Lei e os Profetas, mas as cumpre e as leva à profundidade do coração.
O Sermão da Montanha ainda inclui o ensinamento sobre a oração — com o Pai-Nosso —, sobre o perdão, o desprendimento dos bens, a confiança na Providência, o cuidado com o juízo temerário, a porta estreita, os falsos profetas e a necessidade de construir a vida sobre a rocha da Palavra de Deus. Ao final, a multidão fica impressionada porque Jesus ensina “como quem tem autoridade”, não apenas como alguém que repete normas, mas como quem revela o próprio coração do Pai.

É comum que, no local, sacerdotes, religiosos e leigos leiam o Sermão da Montanha, em voz alta, ou proponham um tempo de silêncio para que cada pessoa deixe ressoar, no íntimo, as palavras de Jesus.
Nesse monte, muitos compreendem que o cristianismo é um caminho de felicidade real, desenhado pelo próprio Cristo. As Bem-aventuranças, como lembra o Catecismo da Igreja Católica, apontam para o fim último ao qual Deus nos chama: o Reino, a visão de Deus, a vida eterna, a filiação divina.
O Monte das Bem-aventuranças se destaca como lugar não só de memória, mas de decisão. Quem sobe essa colina, seja fisicamente na Terra Santa, seja espiritualmente pela leitura do Evangelho, é convidado a ouvir de novo a voz de Jesus e a deixar que ela ilumine a própria vida.

Mateus 5,3–12
3 Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
8 Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
10 Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, falarem todo mal contra vós por minha causa.
12 Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

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