Quando pensamos no Advento, é comum associá-lo apenas à espera do Natal, ao nascimento de Jesus em Belém. No entanto, a Igreja ensina que esse tempo litúrgico vai muito além da recordação de um acontecimento passado. O Advento educa o coração cristão para reconhecer que Cristo veio, continua a vir e virá novamente. É nesse contexto que se fala da terceira vinda de Jesus, um tema profundo, muitas vezes pouco conhecido, mas central para a fé cristã.
O próprio significado da palavra Advento, que é “vinda”, já indica que não é uma única chegada. A liturgia da Igreja propõe um caminho espiritual que amplia o olhar do fiel para todo o mistério da salvação.
Como explica o artigo do Padre Reginaldo Manzotti, fundador da Associação Evangelizar É Preciso, o Advento recorda as três vindas de Jesus, conforme ensinou o Papa Francisco em uma reflexão durante o Angelus de 2016.
A primeira vinda aconteceu na plenitude dos tempos, quando o Filho de Deus se fez homem e nasceu da Virgem Maria. Essa vinda foi preparada ao longo de séculos, desde a Criação, passando pela Aliança com o povo de Israel, pelos profetas e pelas promessas messiânicas. O Natal celebra exatamente esse mistério: Deus entra na história humana para salvar a humanidade.
A segunda vinda acontece no presente. Cristo continua a vir ao encontro de cada pessoa, visitando-nos diariamente. Ele se faz presente na Palavra, nos sacramentos, na Eucaristia, na vida da Igreja e nos acontecimentos da vida cotidiana. É uma vinda silenciosa, muitas vezes discreta, mas real, que pede vigilância e abertura do coração.
Já a terceira vinda de Jesus é aquela que aponta para o futuro definitivo, que será o encontro com Cristo no fim dos tempos, no Juízo Final. Essa vinda será em glória, quando Jesus retornará para julgar os vivos e os mortos e consumar a história da salvação.
A terceira vinda de Cristo não é anunciada para causar medo, mas para sustentar a esperança cristã. Recorda que a história tem um sentido, que o mal não terá a última palavra e que Deus fará justiça plena. Ao mesmo tempo, essa verdade desperta responsabilidade, pois cada cristão é chamado a viver de modo coerente com o Evangelho, preparando-se para esse encontro definitivo.
São Bernardo de Claraval, doutor da Igreja, ajuda a compreender esse mistério ao explicar que existe uma vinda intermediária de Cristo, oculta, que prepara o fiel para a última. Segundo ele, na primeira vinda, Cristo entrou na fragilidade da carne. Na vinda intermediária, Ele vem no poder do Espírito. E e na última, virá na majestade da glória. A vida cristã é um caminho contínuo de preparação.
À luz dessas três vindas, o Advento se revela como um tempo privilegiado de conversão, oração e esperança. Tempo de preparar o coração para reconhecer Cristo que já está presente e para acolhê-Lo plenamente quando Ele vier em glória.
Viver bem o Advento implica atitudes concretas: intensificar a oração, buscar o sacramento da reconciliação, praticar a caridade, participar da vida litúrgica da Igreja e cultivar um coração vigilante. O Natal é uma celebração interior, que orienta a vida para o encontro definitivo com Deus. O Advento ensina a esperar com esperança ativa. Esperar Aquele que veio, que vem todos os dias e que virá para conduzir a humanidade à plenitude do Reino.
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.