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Ela foi filósofa, judia, ateia, convertida, mártir e Santa. Sua vida parece um resumo cheio de exemplos sobre a complexidade humana e o seu legado revela algo ainda mais profundo: a união entre fé e razão. No mês em que a Igreja celebra Santa Teresa Benedita da Cruz (nome religioso de Edith Stein), vale a pena conhecer aquela que é considerada uma obra fundamental: A Ciência da Cruz.
Escrita pouco antes de seu martírio, A Ciência da Cruz é considerada sua grande contribuição espiritual. Nessa obra, Edith estudou os escritos de São João da Cruz, reformador do Carmelo e mestre da vida mística, e apresenta uma obra filosófica e existencial do mistério da Cruz de Cristo.
Enquanto era estudante de Teologia no Instituto São Paulo de Estudos Superiores (Itesp), Francisco Alves Pereira publicou um artigo sobre essa obra e a sua autora, para quem a cruz é “lei íntima”, como escreveu:
“Teresa faz um percurso espiritual de conhecimento a respeito do que rege a existência e a vida espiritual. É um caminho vivenciado pela carmelita e apresentado aos demais para proveito de quem decide trilhar o percurso da vivência espiritual a partir da mística da cruz”.
Esse estudo é o reflexo da própria vivência da autora. A Cruz se tornou para ela escola de amor, caminho de união com Deus, via para a maturidade espiritual. Como escreveu a santa, essa ciência “é uma vivência”.
A partir de sua experiência carmelitana e de sua formação intelectual, Santa Edith mostra que o sofrimento, quando vivido à luz da fé, pode se tornar fecundo. A Cruz, quando assumida com amor e abandono em Deus, é caminho de santidade. É uma ciência que se aprende com a vida e que transforma quem a vive.
Para Santa Edith, a Cruz não é algo a ser temido ou evitado, mas uma realidade a ser assumida com liberdade. Para ela, a alma que abraça a cruz não o faz por amor ao sofrimento, mas por amor a Deus. Isso exige desapego, silêncio interior e purificação do ego. Só assim a alma se eleva à união com o Criador.
Ela também cita o apóstolo Paulo, que testemunhou com a própria vida a ciência da cruz: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2,20). Esse caminho é estreito e exige renúncia, mas é também o único capaz de conduzir à verdadeira liberdade interior.
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Edith Stein nasceu em 1891, na Polônia, em uma família judia. Durante a juventude, afastou-se da religião e mergulhou na Filosofia. Foi aluna e assistente de Edmund Husserl, fundador da fenomenologia. Como não se contentava com respostas “racionais”, ela buscava, com profundidade, a Verdade.
Foi assim que, ao ter contato com a autobiografia de Santa Teresa d’Ávila, viveu uma experiência de conversão. “Aqui está a verdade”, teria dito após a leitura. Pouco tempo depois, foi batizada na Igreja Católica e, em 1933, ingressou no Carmelo de Colônia, tornando-se Irmã Teresa Benedita da Cruz.
Durante a perseguição nazista, foi deportada com sua irmã Rosa para Auschwitz, onde morreu em uma câmara de gás em 1942. Sua santidade foi reconhecida pela Igreja e ela foi canonizada por São João Paulo II em 1998. Sua festa litúrgica é em 9 de agosto.
A Ciência da Cruz é leitura indispensável para quem deseja conhecer mais sobre a espiritualidade carmelitana, a vida de Edith Stein e o mistério da cruz. É também um presente bem-vindo para quem vive momentos de dor e busca consolo e propósito na fé.
A obra pode ser encontrada nos sites de algumas editoras, como Edições Loyola, Ecclesiae, Paulus Editora e Minha Biblioteca Católica. A Ciência da Cruz também está disponível no site da Amazon.
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