A crise financeira e seus impactos na saúde mental

A crise financeira e seus impactos na saúde mental

No mês de setembro passado, falamos muito sobre a saúde mental, mas há um alerta que ainda precisamos fazer: a crise financeira como fator de risco, principalmente quando decorrente da perda do emprego.

Como o meu olhar é sobre as finanças, destacarei alguns aspectos em torno da crise financeira, agravada com a pandemia, e das consequências que ela provoca.

Com a pandemia do novo coronavírus, há uma forte percepção do aumento de problemas na saúde mental dos brasileiros. Há relatos de voluntários do CVV (Centro de Valorização da Vida no Brasil) de que 1/4 (ou seja, 25%) das ligações recebidas sejam por motivo do desemprego ou falência, e reafirmam que a pandemia apenas trouxe à tona uma situação que já se vivia. Eles também relatam o aumento dos sintomas, como: ansiedade, depressão, pânico e insônia.

Diante destes relatos, especialistas alertam, desde o último trimestre de 2020, para o aumento da 4ª onda da pandemia – a das doenças mentais.

Relação entre crise econômica e saúde mental

A doutora Alexandrina Meleiro falou ao jornal BBC News, em 15/7/2019, sobre como estudos diversos relacionados às crises econômicas mundiais de 1929 e 2008 levam a concluir que “problemas financeiros impactam desse modo um grupo populacional específico: desempregados e homens acima dos 40 anos que, ao perder poder de compra e redução na renda perdem status e se veem obrigados a viver com menos”.

Ela complementa que homens adultos são mais vulneráveis, porque procuram menos ajuda médica quando passam por momentos de crise, seja ela emocional, conjugal ou financeira. A doutora cita também os efeitos no Brasil do confisco da poupança no governo Collor, uma medida econômica (não uma crise) que desestruturou o emocional de muitos que tiveram o seu padrão de vida reduzido e não suportaram a pressão e adoeceram. O artigo é abrangente e fala sobre pesquisas científicas de renomados profissionais de saúde, onde foram mapeados fatores externos do momento e também os chamados conflitos interiores pessoais.

Nos próximos anos, muitas das estatísticas sobre o tema serão atualizadas. Serão observadas as diferentes reações humanas diante da crise econômica mundial que estamos vivendo nos últimos 5 anos, agravada pela pandemia do coronavírus que tomou grandes proporções no ano de 2020.

O que fazer?

Como profissional de orientação financeira para as famílias, ressalto 3 atitudes básicas para se blindar ou mesmo tornar suportáveis os efeitos de uma crise financeira.

1- Organizar as contas, para que tenham sempre uma parte que seja para construção da reserva financeira, para evitar que fatores externos mais prolongados (como o desemprego) reduzam a renda da família e desestabilizem o emocional, principalmente do principal provedor. A orientação em geral é para que reservem de 10% a 20% por mês de tudo que receberem, a depender do padrão de vida de cada família.

2- O dinheiro guardado deverá ser investido, a fim de que não perca o seu poder de compra. Falando de uma forma resumida e simples, a inflação “reduz” o que o seu dinheiro pode comprar com o passar do tempo. Assim, é preciso informar-se com um profissional capacitado e confiável para a orientação do que fazer para resolver esta questão.

3- Você não deverá colocar todos os seus recursos da reserva em uma única fonte ou produtos de mesma natureza. Deve, também, cuidar para que haja uma parte do montante disponível em suas mãos (conta bancária) tão logo precise, e que seja dinheiro próprio e não adquirido por empréstimos bancários ou outras fontes, que poderão trazer um problema ainda maior, o endividamento.

Resumindo, costumo dizer para os meus alunos e clientes que o foco de se organizar as finanças pessoais deve estar no seu bem-estar e das pessoas às quais é provedor de recursos, como: saúde, alimentação, lazer, educação. Assim, mudamos a mentalidade da escassez (ou da pressão de viver com menos) para a do equilíbrio (evitando adoecer, caso ocorra uma crise).

Muitos são os estudos científicos e as criações de teorias sobre o tema. Imagino que outros surgirão e novos fatores serão avaliados, após este momento inédito que estamos vivendo no mundo. Mas uma coisa até aqui está comprovada: há relação, sim, entre as crises e a saúde mental. E o mais importante: temos como prevenir que as nossas questões psíquicas e comportamentais nos dominem a ponto de tomarmos decisões prejudiciais à nossa saúde, ou mesmo fatais.

Usando expressões populares, reforço que a falta do dinheiro apenas expõe questões pessoais que “varremos para debaixo do tapete” ou que “empurramos com a barriga”, ao longo das nossas vidas. Ao não investirmos no nosso desenvolvimento pessoal (para lidar com os traumas, medos, carências, e outros sentimentos frutos das nossas relações ou comprometimento mental), enfraquecemos o nosso interior e nos sentimos pressionados e incapazes de resolver as questões financeiras quando surgem. Daí acreditar na importância de realizar um plano financeiro para o presente e o futuro, que, aliado aos tratamentos médicos e psicológicos, é mais uma ferramenta à disposição para viver mais e melhor!

E ainda há o que chamo da “cereja do bolo”: a confiança no nosso Deus, que nos ama e que nos concedeu a vida em abundância. Deixo, para concluir, a reflexão do Evangelho de São João 10,10: “O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância.”

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