Por Padre Everson L. Kloster, sx
O Advento é um tempo especial. Luzes surgem nas casas e cidades, sobrepondo-se à escuridão, o desejo de paz aumenta nos corações e a esperança reacende. Um dos personagens bíblicos que se destaca nesse período e na ótica da esperança é Isaías. Praticamente nas três primeiras semanas do período do Advento escutamos leituras que são tiradas da profecia de Isaías, que em síntese condena as más obras do povo de Deus e, ao mesmo tempo, anuncia uma grande esperança messiânica que vem para renovar o mundo inteiro.
Isaías é, por excelência, o profeta da espera. Toda sua profecia está direcionada à vinda de um messias que vai restaurar todas as coisas. Ele foi um profeta que profetizou em Judá e Jerusalém durante o reinado de quatro reis: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias.
Podemos usar as leituras diárias do profeta como um caminho de preparação para vinda do Senhor. A cada dia da semana, Isaías traz profecias messiânicas que renovam o ânimo do povo.
Isaías fala de um Reino inabalável, que não será ameaçado por potências internacionais e não será perturbado pelo declínio espiritual. O Reino que Isaías vislumbrava pela revelação de Deus é aquele que nós aguardamos, mas que nunca existiu em Jerusalém, esse Reino nunca foi fundado em Judá. Aguardamos o dia em que esse Reino será fundado, veremos isso e reinaremos com Jesus.
No capítulo 11, versículo 1, encontramos um tema central para o período do advento: “Um ramo sairá do tronco de Jessé, um rebento brotará de suas raízes”.
Essa passagem é central na teologia messiânica. Para nós, cristãos, Isaías 11, 1-10 antecipa a vinda do Messias como descendente de Jessé, ou seja, o pai de David. Esse versículo se conecta diretamente com a promessa davídica de um Reino eterno (2Sm 7,16). O texto estabelece de modo direto a linhagem do Messias como procedente de David. Os evangelistas, nas suas genealogias, aplicam esse versículo a Jesus (Mt 1, 1-17; Lc 3,23-38).
Isaías 11 não se limita à linhagem davídica, ele descreve o Messias como restaurador da paz e justiça, ideia que alimenta a esperança que caracteriza o tempo da vinda de Jesus. O Messias vem para instaurar um Reino de justiça (Is 11,4-5), sem violência, restaurando a paz – simbolizando a convivência pacífica dos animais selvagens (Is 11, 6-9).
Isaías 11,2 menciona que o Espírito do Senhor repousará sobre ele: “espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e de poder, espírito de conhecimento e de temor do Senhor”. Aqui há um prenúncio do batismo de Jesus, quando o Espírito Santo desceu sobre Ele (Mt 3,16-17): Jesus é ungido, ou seja, cheio do Espírito de Deus, para cumprir sua missão messiânica.
Isaías 11,10 profetiza o “retorno de Jessé” e esse retorno será um sinal para as nações, e todas as nações acudirão a ele. Essa mensagem de esperança não está restrita a um povo, mas é universal. Cristo não veio somente para o Israel de seu tempo, mas para toda pessoa, ou seja, Jesus é o Salvador universal, e é proclamado como luz que ilumina aos gentis (Lc 2,32).
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