A solenidade de Corpus Christi, uma das datas mais importantes do calendário litúrgico

A cada ano, diversas ruas se transformam em tapetes coloridos para celebrar uma das datas mais importantes do calendário católico: Corpus Christi. A solenidade marca a veneração da Eucaristia e a presença real de Jesus Cristo no pão e no vinho consagrados. Instituída pelo Papa Urbano IV em 1264, a festa carrega um significado profundo para os fiéis, principalmente pela procissão após a Santa Missa, quando o Santíssimo Sacramento é levado pelas ruas.

Esse é o único dia do ano em que o Santíssimo Sacramento sai em procissão pelas vias públicas. A caminhada simboliza o encontro de Jesus com seu povo, em uma expressão que fortalece a ideia de que a comunidade de fiéis é o “povo de Deus” em peregrinação rumo à vida eterna. Além de ser um ato de devoção, a procissão é um meio de evangelização, que leva a mensagem da Eucaristia a todos os cantos da cidade ou localidade.

Nesse dia, os fiéis costumam enfeitar as ruas com tapetes coloridos feitos de flores, serragem e outros materiais, que decoram o caminho por onde o Santíssimo Sacramento passará e representam a reverência e a honra devidas a Jesus presente na Eucaristia.

História de Corpus Christi

A história da celebração de Corpus Christi tem origem em eventos milagrosos e visões que fortaleceram a crença na presença real de Cristo na Eucaristia. A visão da freira agostiniana Juliana de Liège, que pediu uma festa especial para honrar o Corpo de Cristo, é uma delas. A visão apresentava a lua no seu mais completo esplendor, com uma faixa escura que a atravessava diametralmente. O Senhor levou-a a compreender o significado daquilo que lhe tinha aparecido. A lua simbolizava a vida da Igreja na terra. A linha opaca representava, ao contrário, a ausência de uma festa litúrgica. O pedido foi interpretado como a instituição de uma festa em que os fiéis pudessem adorar a Eucaristia para aumentar a fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento.

Desde sua instituição, a procissão se tornou uma prática comum, especialmente após os decretos dos Papas Martinho V e Eugênio IV. No Brasil, a primeira celebração pública de Corpus Christi aconteceu em 1549, em Salvador, Bahia. Desde então, a tradição se espalhou por todo o país. Em algumas cidades, os tapetes de flores chegam a se estender por quilômetros, atraindo turistas de todas as partes.

A procissão se tornou também um momento de integração comunitária e cultural. Em muitas cidades brasileiras, os preparativos para a celebração começam semanas antes e envolvem famílias, paróquias e comunidades inteiras na confecção dos tapetes e na organização das celebrações. Esse espírito de comunhão fortalece os laços e promove o compartilhamento de valores de paz e partilha.

Além disso, na data, os fiéis são convidados a refletir sobre o mistério da Eucaristia e a importância de viver uma vida em comunhão com Cristo e com a Igreja. Como disse Santa Teresa d’Ávila, “devemos estar na presença de Jesus Sacramentado como os santos no céu, diante da Essência Divina”. É um momento de encontro, adoração e celebração da presença real de Jesus entre nós.