A virtude da perseverança

A virtude da perseverança

Muitas vezes, nos encontramos diante de desafios que parecem estradas muito longas, um mar infinito sem terra à vista. Andamos e andamos tentando visualizar, ao longe, uma linha de chegada, um ponto de referência para nos guiar e nos tranquilizar quanto ao tempo e esforço que a jornada irá demandar. No entanto, nem sempre as coisas nos parecem claras.

A vida não é exata. No seu curso, vivemos situações inesperadas, muitas vezes dolorosas, que podem nos deixar perdidos e sem forças para persistir. Ficamos estagnados, desesperançados e chegamos a sentir vontade de desistir.

O cansaço diante de desafios que parecem muito grandes é natural, principalmente quando a saúde, mental ou física, não está muito bem ou se temos dúvidas sobre as decisões que andamos tomando. Podemos, nessas situações, parar um pouco, nos reorganizar, refletir, estudar as possibilidades. Quantas vezes você descobriu, ao buscar a realização de um sonho, que não era bem isso que você queria para você? Nesses casos, está tudo bem mudar de ideia e seguir rumos novos na vida.

Desistir é diferente de refletir sobre as escolhas feitas ou ter paciência com o próprio estado físico e emocional. Para deixar mais claro, aguardar é estacionar o carro por alguns minutos enquanto o congestionamento se desfaz; refletir é pedir para o GPS recalcular a rota, analisando as possibilidades. Desistir é fechar o GPS e voltar para casa. 

Aprenda a ser perseverante

Todos nós conhecemos pessoas que, por algum tempo, estiveram presentes na Igreja, fazendo suas orações e evangelizando, mas que, depois, foram perdendo o ânimo e acabaram se afastando. Falta, a essas pessoas, uma virtude muito importante, que deve guiar nossos passos em cada projeto a que nos propomos: a virtude da perseverança.

Como nos diz a Carta de Paulo aos Romanos (12,12): “Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração.” A perseverança é a qualidade de quem não desiste facilmente. Uma pessoa perseverante, assim, é também consistente em suas atitudes e comportamentos. Ela segue buscando seus objetivos, sem desistir deles por não terem sido alcançados no tempo que se imaginava.

Podemos representar a perseverança como uma gotinha de água a cada dia, ainda que para encher um reservatório inteiro. A perseverança passa também por outra virtude: a da paciência. Ela não tem a maravilha dos grandes gestos, sempre tão contagiantes, capazes de encher os olhos de contentamento e emoção. A beleza da conquista na perseverança é como a paisagem do alto de um penhasco: uma benção conquistada gesto a gesto, passo a passo, mas que só pode ser admirada ao final.

Precisamos sempre perseverar no amor, na fé e na oração. Assim nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, nº. 1810: “As virtudes humanas adquiridas pela educação, por atos deliberados e por uma perseverança sempre retomada com esforço, são purificadas e elevadas pela graça divina”.

Se a busca é importante e as ações são sinceras e santas, a fé não permite que a pessoa desista. O Padre Reginaldo Manzotti nos lembra em sua palestra “Aprenda a ser perseverante” que Jesus não disse que tudo se resolveria de uma vez só. Jesus só nos garantiu que “quem ficar firme até o fim será salvo” (Mateus 24,13).

Perseverar no bem

O Papa Francisco, em 10/06/2021, escreveu em sua rede social Twitter:

“A perseverança é o dom de Deus com o qual se conservam todos os outros dons. Peçamos por nós, como indivíduos e como Igreja, para perseverar no bem, de não perder de vista o que importa”.

Não se trata, assim, de construir agora a obra mais bela, mas de cuidar da colocação correta de cada tijolo. Quantos edifícios admiráveis não vimos cair por não terem sido construídos com zelo e atenção? O mais importante é dar o seu melhor agora, pouco a pouco, da melhor forma possível.

O Papa Bento XVI, na Audiência Geral de 30 de Maio de 2012, também nos lembrou que Deus é nosso maior exemplo de perseverança, pois o seu “sim” nunca é eventual ou parcial: é um sim confiante, seguro e simples. Por isso devemos, em nossas orações, responder a esse “sim” com outro “sim” igualmente entregue:

“O modo de agir de Deus — muito diferente do nosso — dá-nos consolação, força e esperança, porque Deus não retira o seu ‘sim’. Diante dos contrastes nos relacionamentos humanos, muitas vezes também familiares, nós somos levados a não perseverar no amor gratuito, que exige compromisso e sacrifício. Ao contrário, Deus não se cansa de nós, nunca se cansa de ter paciência conosco e, mediante a sua misericórdia imensa, precede-nos sempre, é o primeiro que vem ao nosso encontro, e este seu ‘sim’ é absolutamente fiável. No acontecimento da Cruz, Ele oferece-nos a medida do seu amor, que não calcula e é incomensurável.”

Se sabemos esperar e perseverar, os desejos autênticos em nossos corações e as aspirações justas que buscamos, no tempo exato de Deus, poderão ser alcançados. Ainda que sejam necessários anos para que você percorra toda a estrada, a jornada precisa começar na sua própria determinação de caminhar, na sua certeza de que não está só no curso do caminho.

 

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Comentários

  • neusa mauricio cavalcante neves
    Maravilha de reflexão! Gratidão!

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