Irmã Zuleides Andrade, do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus
Peregrino entre nós, Cristo não curou todos os males nem resolveu todos os problemas. Que não seja causa de angústia perene o fato de não sermos capazes de sanar todos as situações de sofrimento que encontramos em nosso peregrinar. No entanto, estejamos atentos para usarmos todos os meios de que dispomos; para que este mundo seja um lugar cada vez mais próximo do plano do Criador.
Se Deus nos chamou à vida, foi para uma missão: a de sermos uma parcela da infinitude que Ele é; sermos uma presença dEle e instrumentos para a ação dEle, revelando, da forma como sabemos e podemos, um pouco da ternura e da misericórdia de Deus. Cada pessoa é convidada a descobrir a razão da sua existência e torná-la harmoniosa com o projeto de Deus.
Ao final de cada dia, mês ou ano e nas estações que se renovam percebo o recado de que tudo aqui é passageiro. As alternâncias de morte e vida, sombra e luz, deixam saudade e reacendem esperança com desejos de eternidade. Vou então aprendendo a silenciar mais e a andar confiante em sintonia com a vida, nos passos do Criador.
Quando mais um ciclo da vida chega ao fim, tanto mais percebo que foram tantas as mudanças e as despedidas, que o meu coração resolveu adotar sentimentos e atitudes de peregrino e reafirmar a crença de que tudo aqui é passageiro. Aceitando as perdas inerentes ao tempo, meu coração peregrino prestou mais atenção aos detalhes do caminho e seguiu. Com destino seguro mas incerto, até ao dia em que vislumbrará o “para sempre” – a eternidade feliz.
Foram tantas as pessoas que encontrei neste meu peregrinar. Minha mente decidiu estar atenta e aberta às surpresas e aceitar com serenidade os muitos momentos e movimentos que a vida me foi oferecendo.
Encontrei jardins secretos, cirandas de amizade, amor tecido de tempo-gratuidade, silêncio, ternura e afeto. Muitos olhares se encontraram, muitas mãos se tocaram, mesmo à distância. Palavras encontraram eco e o silêncio se fez fecundo, reacendendo no corpo e alma o anseio de voltar a Ti, Senhor do Amor e da Vida.
Quando eu terminar a peregrinação neste tempo de sombra e de luz, um pouco de mim, em lembranças e palavras, ainda colocará brilho nos olhos das pessoas que eu toquei, das pessoas que amei!
Agradecida pelos presentes que a vida me ofereceu, deixarei para quem vier as estrelas que encontrei em noites de solidão. Devolverei aos humanos, em sintonia amorosa, parcelas de meus sonhos, um pouco da minha luz, o meu jeito de amar.
Sim, vou deixar! E amorosamente seguindo os passos teus, para Ti, Senhor do Amor e da Vida, vou voltar! Eu sei! Eu creio!
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