Ano após ano, as pessoas preparam, nos últimos dias de dezembro, uma lista de promessas, melhorias pessoais, metas que se propõem a cumprir no ano seguinte: perder peso, praticar mais exercícios, estudar mais. São as chamadas “resoluções de Ano Novo”, um costume comum de tentar planejar um próximo ano mais produtivo, normalmente envolvendo hábitos cotidianos de bem-estar e produtividade.
Elas são tão populares quanto são difíceis de cumprir, mesmo que a pessoa que faz a promessa deseje muito incorporar o hábito à sua vida. O ato de abrir mão das resoluções não cumpridas já se transformou em piada, como se elas fossem mesmo metas inatingíveis. Ou seja: fazemos promessas que nós mesmos esvaziamos.
Precisamos analisar melhor nosso movimento por mudanças nas nossas vidas. Primeiro, vamos pensar no tipo de promessa que estamos fazendo.
Muita gente faz resoluções de Ano Novo estabelecendo apenas o objetivo que pretende alcançar: “terminar o ano com 10 kg a menos”, “estar mais perto de Deus”, “ser mais solidário”. Com essas metas em seus caderninhos, seguem em suas rotinas atribuladas, sempre se cobrando e se angustiando por não estarem atingindo os objetivos.
Algumas pessoas até ficam, por alguns meses, agindo em direção à meta, mas logo retornam à rotina e, com ela, aos velhos hábitos. Como chegar à meta dessa forma?
Devemos analisar o jeito como estamos tentando mudar. Você quer terminar o ano com 10 kg a menos por qual razão? Saúde? Estética? Você realmente precisa desses 10 kg a menos? Que tal ir antes a um médico e analisar suas necessidades? Porque não, ao invés de se dar um fim a atingir, se propor um caminho: a matrícula em uma academia já em janeiro, por exemplo?
Trocar elevadores por escadas, rezar o terço todos os dias, fazer uma doação a uma instituição de caridade: esses são bons caminhos que podemos escolher trilhar se queremos perder peso, estar mais perto de Deus ou sermos mais solidários. O foco, ao invés de estar longe do presente, está na nossa atitude imediata, já “ali na esquina”, dobrando 2022.
Será, entretanto, que precisamos de “resoluções de Ano Novo” para escolhermos bons caminhos como esses?
Certamente que não. Caminhos são atitudes que podemos ter imediatamente. Elas não se vinculam a um resultado ou temporalidade. Escolhemos trilhá-los porque sabemos que eles nos edificarão, nos trarão bons frutos, independentemente de uma “meta” a ser alcançada.
Se vamos escolher caminhos a trilhar e não metas a alcançar, e esses caminhos são atitudes que podemos começar hoje, porque precisaríamos fazer, então, resoluções para o Ano Novo?
Sabemos que, sozinhos, muitas vezes, não encontramos força suficiente para mudar algo em nós mesmos. Para Deus, entretanto, nada é impossível.
Nele, está a primeira resolução: busque a Deus em primeiro lugar. Padre Reginaldo Manzotti nos lembra que toda felicidade que buscamos só encontraremos através Dele:
“A vida é busca e encontro, e nossa grande busca é Deus. (…) Busquemos encontrar Deus e Ele se deixará encontrar. O próprio Deus nos diz, através do profeta Jeremias: ‘Vocês me procurarão e me encontrarão se me buscarem de todo o coração’ (Jr 29,13)”.
De Deus vem a força que nos capacita a enfrentar qualquer batalha e ser vitorioso; Nele, podemos nortear nosso contínuo processo de conversão e transformação, o qual devemos começar imediatamente. Com Deus, não desanimamos no caminho que escolhemos trilhar e sempre encontraremos forças para prosseguir. Deus nos dá coragem para seguir adiante, para nos reerguermos a cada tropeço, para persistir e nunca desanimar ou temer.
Como uma segunda resolução de Ano Novo, propomos que você se comprometa a fazer um contínuo exame de consciência. Papa Francisco, durante as meditações matutinas na Santa Missa celebrada na Capela da Casa Santa Marta, em setembro de 2018, nos falou um pouco sobre porque devemos fazer esse exame constante:
“Existem dois espíritos, duas modalidades de pensar, de sentir, de agir: o que me leva ao Espírito de Deus e o que me leva ao espírito do mundo. E isso acontece na nossa vida: nós todos temos esses dois ‘espíritos’, digamos assim. O Espírito de Deus nos leva às boas obras, à caridade, à fraternidade, a adorar Deus, a conhecer Jesus, a fazer tantas obras boas de caridade, a rezar: isso. E o outro espírito do mundo, que nos leva em direção à vaidade, ao orgulho, à suficiência e à fofoca: um caminho completamente diferente. O nosso coração – dizia um santo – é como um ‘campo de batalha’, um campo de guerra onde esses dois espíritos combatem”.
Segundo o Santo Papa, um exame de consciência diário nos ajuda a identificar as tentações, compreendendo como atuam em nós essas forças contrapostas. Ele propõe que, todas as noites, o cristão deve repensar o que viveu, verificando se conseguiu, naquele dia, imitar o Filho de Deus:
“Conhecer o que acontece no coração. Se nós não fizermos isso, se nós não soubermos o que acontece no nosso coração – e isso não o digo eu, o diz a Bíblia – somos como os ‘animais que não entendem nada’, vão avante com o instinto. Mas nós não somos animais, somos Filhos de Deus, batizados com o dom do Espírito Santo. Por isso, é importante entender o que aconteceu hoje no meu coração. Que o Senhor nos ensine a fazer sempre, todos os dias, o exame de consciência”. (Vatican News)
Além disso, o exame de consciência feito todas as noites nos prepara e amadurece para o sacramento da Confissão.
Se você quiser estabelecer uma meta edificante para 2022, busque sempre a Deus e faça exames de consciência ao final de todos os seus dias. No exame diário de consciência, você já identificará as falhas de comportamento que vem cometendo no dia a dia, já estabelecerá mudanças imediatas para praticar e buscará em Deus a força que precisa para percorrer os bons caminhos.
Com essa constante consulta interior, será mais fácil conhecer os motivos e limitações que lhe levam a “escorregar” e sair da estrada do bem. Se acontecer, reflita, ore a Deus e comece tudo novamente.
Carregando essas duas resoluções constantes em nossos corações, bons frutos certamente chegarão até nós o ano inteiro.
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