As palavras que você diz edificam ou amaldiçoam?

Muitas vezes, enunciamos frases para os outros sem pensar bem no tipo de sentimento que colocamos nas nossas palavras. Lançamos no mundo palavras que machucam, que desejam o mal do outro, palavras de ira e até calúnias.

São “só palavras”? Não. Cada um precisa ter cautela e pensar muito antes de falar, porque as palavras interferem na saúde emocional e espiritual do ser humano. Crianças que ouvem de seus pais palavras que marcam sua autoestima ao longo da vida, incapacitando-as, inclusive, em algumas situações – palavras impensadas, como “você não faz nada direito” ou “você é um menino mau”, dentre outras – não conseguem mais se libertar do estigma que a palavra irresponsável grudou em seu espírito.

Muitos profissionais de saúde falam como a força da palavra é capaz de curar ou adoecer. Pessoas que verbalizam coisas ruins costumam afetar quem as circula, deixando eles frustrados e desmotivados, amargurados e sem esperança.

Na maioria das vezes, não é nossa intenção, ao falarmos coisas duras, machucar o outro. Não nos damos conta das nossas palavras enquanto elas saem de nossas bocas, feito lâminas, rasgando os outros. Quase sempre o arrependimento bate em nós depois de proferi-las, e pedimos desculpas ‒ mas, muitas vezes, o estrago já está feito, e não é possível desfazê-lo.

Como combater a fúria destrutiva da palavra mal dita?

É preciso se apegar aos dons do Espírito Santo. Ter sabedoria e discernimento. Pensar antes de falar algo: o que as minhas palavras carregarão? Reclamações, julgamentos, inveja, ira? Então, não deixe que elas saiam da sua boca. Traga a oração para o seu coração e, ao invés da palavra que amaldiçoa, exercite a palavra que edifica: a Palavra de Deus.

Parece impossível segurar as palavras nos momentos de fúria, quando algo nos aborrece a fundo. Controlar o pecado por meio da Palavra é um dos exercícios mais difíceis que existem, mas também é um dos mais importantes.

Um bom modo de cultivar a boa palavra em seu dia a dia é ouvir mais ao invés de falar. Procure prestar atenção no que o outro fala, buscando entender o seu ponto de vista, as razões das suas escolhas. Por vezes, estamos interpretando mal o outro, e em outras, não estamos criando um laço real de empatia, capaz de nos fazer entender as razões por trás das atitudes do próximo. Se, no entanto, a fala do outro é vã e também não edifica, não responda: afaste-se e ore por ele.

Não permita que a fragilidade alheia enfraqueça você, tirando seu equilíbrio. Lembre-se sempre: suas palavras podem estar carregando para fora aquilo que está escondido em seu coração. Será que você está guardando nele coisas boas? Não seria hora de buscar dentro de si mesmo o que vem alimentando essas palavras duras e “limpar os cantinhos” da sua alma?

“No pecado dos lábios há uma cilada funesta, mas o justo livra-se da angústia” (Provérbios 12,13).

Devemos nos lembrar da poderosa lição do Padre Reginaldo Manzotti no livro Batalha Espiritual (Ed. Petra): “A Palavra de Deus é a luz e a bússola que norteia nossa caminhada. (…) Somos capacitados para as boas obras pela Palavra, que constitui a espada do Espírito Santo, a qual devemos buscar conhecer e manejar corretamente, assim como fazem soldados e guerreiros”.