O entendimento sobre o que é o autismo mudou muito nas últimas décadas, e a necessidade de vencer alguns preconceitos e equívocos tem trazido muito o assunto à discussão.
Em janeiro de 2022, a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (chamada de CID) do Transtorno do Espectro Autista (ou TEA, como é conhecido) será modificada, o que vai facilitar a comunicação dos profissionais da saúde de todo o mundo: agora todos os diagnósticos em um único só, e haverá uma diferenciação apenas quanto ao grau de desenvolvimento intelectual e prejuízo à linguagem funcional da pessoa. Esta centralização vai facilitar o diagnóstico e contribuir para o acesso de todos aos serviços de saúde.
Até hoje, as pessoas conhecem muito o TEA nas crianças; no entanto, o autismo em adultos também existe e é muito comum, muitas vezes mascarado por outros diagnósticos. Não é raro pais descobrirem que são autistas depois de receber o diagnóstico de um filho, finalmente compreendendo certas características com as quais sempre conviveram e não entendiam.
Por que isso acontece com tanta frequência? O aumento do número de diagnósticos de autismo levou a sociedade a muitas conclusões equivocadas, falando-se em “epidemia de autismo” e associando o aumento de casos às vacinas, mas a maioria dos estudos científicos sérios já exclui essa relação.
O transtorno, portanto, não é mais comum agora do que era anos atrás. O motivo do número de casos aumentarem, segundo a grande maioria dos cientistas, é porque agora conhecemos melhor a abrangência do espectro e podemos ajudar mais pessoas, havendo mais terapias disponíveis.
Isso nos leva a imaginar quantas pessoas hoje adultas cresceram no espectro moderado do autismo sem conhecer a sua condição e que, por isso, não tiveram qualquer tipo de tratamento. São pessoas que passaram parte da vida sendo consideradas pelos outros como “esquisitas” ou “excêntricas”. A falta do diagnóstico compromete a qualidade de vida e a autoestima da pessoa, que não entende por que é diferente dos outros.
Muitos adultos com TEA moderado ou leve realizam as atividades como qualquer outra pessoa: trabalham, estudam, convivem em sala de aula, namoram, casam e constituem famílias. Não é raro serem pessoas consideradas muito inteligentes, capazes de solucionar questões difíceis com facilidade. Normalmente, a sua dificuldade diária está centrada na interação com o outro, no manter contato visual, ser tocado, frequentar determinados lugares (principalmente os mais barulhentos), dentre outras coisas.
Muitas dessas pessoas são consideradas tímidas ou arrogantes, e todos acreditam que as características do espectro são só o “jeito da pessoa”.
Muitos adultos com TEA moderado ou leve realizam as atividades como qualquer outra pessoa: trabalham, estudam, convivem em sala de aula, namoram, casam e constituem famílias.
O autismo no adulto aparecerá de forma mais tênue do que costuma aparecer em crianças, já que o adulto teve bastante tempo para entender os mecanismos das relações sociais e se adaptar, ainda que isso tenha lhe custado muito esforço. É comum o adulto ter, sozinho, conseguido driblar algumas das limitações, ao ponto de não se conseguir mais identificar a característica em seu comportamento.
O mais importante no diagnóstico, portanto, é perceber quando a limitação ainda gera sofrimento na vida adulta, seja à pessoa no TEA, seja para seus familiares.
Observe algumas das características:
Sabendo como se manifesta o autismo em adultos, fique atento. Se identificou um conjunto desses sintomas em si mesmo ou numa pessoa próxima, e eles estejam afetando a socialização, é hora de buscar orientação médica de um neurologista ou de um psiquiatra. A maior parte dos autistas podem superar muitas de suas limitações. Para isso, o diagnóstico e o tratamento são necessários.
Nosso papel, como sociedade, é reconhecer e incluir os autistas, nas escolas, nas universidades e no mercado de trabalho, desmistificando estereótipos, nos informando e vencendo os preconceitos. É possível viver melhor e superar limites em todas as condições. E acolher é sempre a melhor resposta.
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