Bíblia: história e tradução do livro sagrado

Bíblia: história e tradução do livro sagrado

A Bíblia é um dos livros mais antigos da humanidade e figura há muito tempo como o mais vendido entre todos.  Para chegar ao texto que temos hoje, passou por diferentes tempos e traduções. E você sabe a história do livro sagrado para os cristãos?

A origem é uma só. Os textos (tanto do Antigo quanto do Novo Testamento) foram escritos, originalmente, por diferentes pessoas em diferentes lugares do mundo.

Inspiradas pelo Espírito Santo, essas pessoas, entre elas apóstolos e amigos de Jesus, testemunhas vivas da vida de Cristo, desejaram preservar a trajetória do Messias e, para isso, escreveram Sua história. 

De acordo com o tradutor e professor da Universidade Federal do Paraná Caetano Galindo, esses textos originais foram escritos em diferentes línguas, o que dificulta o processo de compreensão da Bíblia. Por isso, o cristianismo, nesse período, fez uma normatização dos textos bíblicos e escolheu os canônicos e a ordem das apresentações. 

“A Bíblia é um conjunto de textos escritos em lugares diferentes, línguas diferentes e pessoas diferentes. Por isso, tem variações terminológicas entre os seus textos”, explica o professor e pesquisador. 

 

Nessa escolha da Igreja,  os livros escolhidos são chamados de Cânones, que incluem o Antigo Testamento, com 46 escritos, e 27 escritos para no Novo Testamento. 

No Antigo Testamento temos os textos de:  Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, os dois livros de Samuel, os dois livros dos Reis, os dois livros das Crónicas, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, os dois livros dos Macabeus, Jó, os Salmos, os Provérbios, o Eclesiastes , o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o livro de Ben-Sirá (ou Eclesiástico), Isaías, Jeremias, as Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Nahum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

Já no Novo Testamento, estão dispostos os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João; os Actos dos Apóstolos; as epístolas de São Paulo: aos Romanos, primeira e segunda aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, primeira e segunda aos Tessalonicenses, primeira e segunda a Timóteo, a Tito, a Filêmon: a Epístola aos Hebreus; a Epístola de Tiago, a primeira e segunda de Pedro, as três epístolas de João, a Epístola de Judas e o Apocalipse.

Enquanto fazia a união dos textos sagrados, para evitar erros e se aproximar cada vez mais a Palavra de Deus, a Igreja pediu para que vários tradutores fizessem o trabalho de edição e tradução dos textos escolhidos. Os relatos da época apontam que todos os livros foram traduzidos igualmente. 

 

Por que a Bíblia é diferente para alguns cristãos e lugares do mundo?

Há diferenças entre as traduções e interpretações da Bíblia para os cristãos, especialmente devido às traduções e interpretações feitas depois da escolha dos Livros Sagrados. 

Como explica o professor da UFPR, para chegar à Bíblia que conhecemos hoje, passamos por leituras e traduções diferentes, incluindo o aramaico, o grego e o latim.

“Esses textos precisaram ser reunidos, editados e traduzidos para uma nova língua, para um novo texto”. 

Cada religião, por exemplo, pode escolher seus livros sagrados, com base nos textos originais.  Ao mesmo tempo, palavras que parecem diferentes em idiomas específicos, também ganham novos significados em idiomas que não conseguem uma tradução equivalente ao idioma original. 

“Toda tradução responsável, feita por pessoas sérias e competentes, preza pela manutenção do sentido do texto. Sempre acontecem situações em que os idiomas não dão conta de representar as coisas da mesma maneira”, explica o tradutor e professor. 

 

A Bíblia atual não será a última tradução

Rogério Galindo aponta que a Bíblia é um texto vivo, e como todo texto vivo, conta com novas interpretações cotidianamente. Como a linguagem humana está sempre em evolução, é normal, portanto, que tenhamos novas traduções do livro sagrado, dependendo do tempo e contexto em que estamos inseridos. 

“As traduções são feitas em outros mundos e sempre apresentarão a visão do seu tempo, ou seja, a visão marcada pelo tempo. Mas isso não quer dizer que estamos traindo o texto bíblico. Na verdade, é apenas a natureza dos processos de comunicação. Corrigimos os descompassos para corrigir informações e atualizar a maneira como nos expressamos”, completa. 

Desse modo, o professor alerta que o texto que lemos atualmente da Bíblia provavelmente irá mudar na forma futuramente, mesmo com toda a força do  que já existe há milênios. Segundo ele, o que  é impossível de interpretar é frágil, mas o que faz sentido fica ainda mais forte ao longo do tempo. 

“A Bíblia é um texto que irá permanecer. Para poder permanecer, vai ter que continuar sendo traduzida, interpretada, lida, etc. Quanto mais forte a história, quanto mais estável ao longo do tempo, mais esse texto vive”.  

 

São Jerônimo: uma tradução utilizada até hoje

Jerônimo nasceu no ano 347 e foi batizado aos 25 anos. Com grande conhecimento e muito estudo, no ano de 382 foi convidado pelo então Papa Dâmaso para traduzir a Bíblia para o latim, pois o texto estava apenas em hebraico ou grego. 

O seu trabalho foi executado de maneira ímpar. Considerado o padroeiro dos tradutores, bibliotecários e enciclopedistas, sua edição e tradução é considerada até hoje como a base das novas traduções da Bíblia. Não é à toa que Jerônimo levou boa parte de sua vida cumprindo o papel de tradutor da Palavra.

As traduções de Jerônimo foram feitas com base nos textos originais, antes mesmo das primeiras traduções. “Ele produziu um super trabalho de tradução, estudo e edição da Bíblia. Hoje esse trabalho é a fonte de todas as traduções católicas”. 

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Comentários

  • Tania
    73 livros Erro na página 18 da revista
  • Luzia
    Muito bom pra nós aprendermos sobre a Bíblia.
  • IDEmais
    Olá, Rosângela! Muito obrigada pelo seu comentário. Vamos passar para a equipe do Jornal do Evangelizador :D
  • Rosângela Machado de Menezes Simon
    Esse conteúdo e muito importante. Só que na página 18 do jornal do Evangelizador tem um erro... escreveram q a BÍBLIA Católica tem 63 livros e no entanto contém 73 livros. Antigo testamento 27 e Novo testamento 46.

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