Por Ana Kelly Aires Fernandes,
médica oftalmologista especialista em Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo,
com residência médica no Hospital Humberto Castro Lima/IBOPC (BA) e
Fellowship em Oftalmopediatria e Estrabismo no Hospital de Olhos do Paraná (PR).
O hordéolo, popularmente conhecido como terçol, é uma inflamação aguda causada por obstrução de uma glândula de gordura, observada na borda da pálpebra ao nível dos cílios. Tem aspecto de espinha e muitas vezes está associado a dor, inchaço e vermelhidão local.
Ele pode se apresentar de duas maneiras: na superfície externa (hordéolo externo ou terçol) ou internamente (hordéolo interno ou calázio). O calázio costuma adquirir uma consistência nodular crônica, com pouco ou nenhum sintoma de inflamação, tornando-se esteticamente incômodo.
Como existem muitas glândulas de gordura nas pálpebras, os pacientes podem ter mais de um terçol ao mesmo tempo. A inflamação dessas glândulas é causada por bactérias da pele palpebral e costuma ser encontrado com mais frequência em pacientes com olhos secos e blefarite crônica (inflamação da borda das pálpebras e base dos cílios).
Como fatores relacionados ao seu aparecimento temos a má higiene das pálpebras, acúmulo de oleosidade facial, remoção inadequada de maquiagem, levar mãos sujas ao rosto e olhos, estresse, desnutrição ou estado de baixa imunidade.
Em casos extremos, a inflamação pode se espalhar e envolver toda a pálpebra e pele do rosto, sendo chamada de celulite periorbitária, necessitando de antibióticos orais ou venosos.
Uma curiosidade é que houve um aumento relatado de terçóis durante a pandemia de COVID-19, provavelmente relacionado ao uso das máscaras, que geram aumento da oleosidade da pele, direcionamento da respiração para área dos olhos, deixando os olhos mais ressecados e talvez até mesmo causando alteração nas bactérias que convivem em nossas pálpebras e pele.
O exame oftalmológico é recomendado para o diagnóstico. Já o tratamento envolve higiene local com shampoo ou sabonetes neutros e aplicação de compressas com água morna nas pálpebras, várias vezes ao dia.
Casos selecionados podem necessitar de prescrição de pomada antibiótica, medicação anti-inflamatória ou até mesmo antibiótico oral. Os casos avaliados por especialista que não se resolvem com medicação podem requerer cirurgia de drenagem em ambiente estéril com profissional habilitado.
Fonte: Academia Americana de Oftalmologia – AAO.
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