Caminhos da fé: primeiro dia de pedalada

Caminhos da fé: primeiro dia de pedalada

Este é o terceiro texto da série de relatos da viagem do Padre Jean Patrik e mais sete pessoas, no desafio Caminhos da Fé. Leia o primeiro e o segundo textos da série clicando em: Que tal encarar uma aventura? e A aventura continua)

O percurso de 350 quilômetros começou ontem, domingo, onde todos percorreram mais de 70 quilômetros entre as cidades de Águas da Prata até Ouro Fino. 

 

Acompanhe o relato do Padre Jean Patrik

Conseguimos concluir o nosso propósito em chegarmos na cidade de Ouro Fino. Foram mais de 70 km até chegarmos nesta simpática cidade. Chegamos aqui antes de anoitecer e, como bons turistas, tiramos foto diante da imagem gigante do Menino da Porteira. 

O pedal começou cedo. Saímos depois das seis da cidade de Águas da Prata. Logo na saída, nos deparamos com a primeira serra. Os demais companheiros nos alertaram que aquela era apenas a primeira de tantas que encontraríamos. A temperatura nos ajudou, pois ficamos boa parte da manhã com o dia nublado (se tivesse muito sol, o cansaço seria ainda maior).

Um dia de desafios

Confesso que não imaginava que seria tão puxado como foi. Não só pelas serras e pelas longas subidas. O que também me impressionou e, ao mesmo tempo, me deixou com medo, foram as descidas. 

Passamos por diversos peregrinos que estavam fazendo o mesmo caminho a pé, além de muitos que iam nos alcançando ou que alcançamos.

A fé fica à flor da pele a cada encruzilhada e em cada momento que ouvimos Deus falar. Primeiro ouvimos Deus pelas belas paisagens que vemos

O caminho e suas histórias 

Ao decorrer do caminho, passamos por riachos, vales e montanhas – de fato uma natureza exuberante. Me impressionou também a fé das pessoas e a grande vontade de vencer os próprios desafios, de superar a si mesmo. 

Partilho com vocês a história do João, um ciclista que passou por nós já nos primeiros milímetros. Ele mora no estado de São Paulo, entretanto também se considera mineiro, pois está na fronteira entre os dois estados: “nascido no meio”, como ele mesmo fez questão de destacar. Ele realiza o trajeto saindo de Águas da Prata até chegar ao estado de Minas todos os domingos. Sempre simpático e sorridente, encontra os peregrinos e lhes dá uma palavra de ânimo. Foi ele quem nos falou da primeira capela que encontramos. Lá tinha uma fonte de água, onde paramos para nos refrescar.

 Há alguns instantes antes, eu havia recebido “o meu batismo” na bike. Na estrada, havia um pequeno córrego que não poderia ser passado de bicicleta sem molhar os pés. Um de nossos colegas de pedal foi à frente e me motivou a passar pelo riacho. Eu, como era esperado, passei e molhei meus pés – fiquei com o tênis encharcado, vale ressaltar que o tênis nem era meu.

Outra história que partilho com vocês é do Paulo. Ele veio de Ribeirão Preto e já fez o caminho da fé mais de 10 vezes. Chegou a fazer o caminho a cavalo. Mas, como ele disse, “a promessa era minha e não do cavalo, fiquei com dó e não trouxe mais, passei a fazer o caminho da fé de bike“.

Ouvimos muitas outras histórias pelo caminho e todas nos fizeram crescer um pouco na fé e nos motivarmos para continuar a nossa pedalada.

Subidas e muitos esforço, mas também muita comida

Apesar do grande esforço que esse trajeto exigiu de nós, valeu a pena cada segundo, pois nos surpreendemos a cada instante. Algo que não pode faltar é estarmos sempre bem nutridos, por isso além da água que levamos, por diversas vezes paramos para nos abastecer, seja nas várias bicas ou mesmo nos vários bares, pousadas e restaurantes. 

De fato, quero destacar a comida desse lugar: tudo preparado com muita simplicidade e também com muito sabor. 

Quando chegamos em Andradas, fomos logo comer e o nosso almoço foi próximo das 10h. Comemos  um pão com “zoiudo”, era assim mesmo que estava no cardápio. Além de uma coxinha recheada com carne de costela, que estava uma delícia, acompanhado de um suco vitamínico à base de açaí com água de coco natural.

 

Medos e desafios

Quero abrir meu coração e lhes contar que no dia de hoje, por alguns momentos, eu senti medo, especialmente ao me deparar com as serras que precisávamos descer. Os braços tremiam para controlar o guidão e, ao mesmo tempo, apertar os freios da bicicleta. Minhas mãos chegaram a ficar doloridas de tanto apertar. As descidas foram tão acentuadas que a bicicleta quase virava para a frente.

Destaco ainda duas serras que tivemos que subir:  a Serra dos Limas e a Serra do Sabão. A primeira com asfalto, mas devido à  sua inclinação precisei descer para empurrar a bike. Também a do Sabão e achei melhor descer e empurrar a bike, poisde fato, já não havia tanta força para subir pedalando.

Chego agora à noite no quarto com um grande cansaço, mas ao mesmo tempo com uma grande satisfação por ter cumprido com muito empenho este primeiro dia de aventura.

Ao chegarmos a Ouro Fino viemos direto para o hotel. Aqui já fui encaminhado para uma pequena capela cheia de imagens de vários santos e com o sensor na porta que ao adentrar o ambiente acionou uma música com um coral entoando cantos gregorianos. E foi aí que realizamos a Santa Missa dominical, sem muitos alunos quase sem luz, fomos conduzidos a um profundo momento místico.

Assim que terminamos a missa fomos jantar, pois o cansaço é muito grande e, agora, cedo da noite já estou me recolhendo e me preparando para o segundo dia de pedal.

 

Lições do caminho

Durante o trajeto que realizamos hoje, por diversas vezes me peguei pensando na vida e nos seus tantos desafios. Partilho com vocês algumas dessas reflexões. Percebi que mesmo caminhando com o grupo, a maior parte do tempo me dava conta que estava sozinho. Somente eu e os meus pensamentos, a mente ia longe e muitas intuições vinham meu pensamento. Na vida também é assim. Podemos estar rodeados de várias pessoas, mas no final de contas, sou eu com a minha mente e também com Deus. 

Outra reflexão que o caminho me levou a fazer, a partir das tantas subidas e descidas,  foi que de que nossa vida também é assim. Precisamos lembrar que temos vários desafios e esses precisam ser superados. Uma vida sem desafios é uma vida sem sentido. É somente quando somos desafiados que damos o melhor de nós. Foi isso que eu senti hoje ao subir por várias serras onde não imaginava que um dia eu estaria e que seria capaz de subi-las

 

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Comentários

  • MARAVILHOSO!
    PARABÉNS A TODOS QUE CONCLUÍRAM O TRAJETO. QUE NOSSA SENHORA OS ABENÇOE E PROTEJA. PEÇO A NOSSA SENHORA QUE ME CONCEDA A GRAÇA DE UM DIA, PERCORRER ESSE CAMINHO, AGRADECENDO PELA GRAÇA MAIS IMPORTANTE QUE ESTOU NECESSITANDO NESTE MOMENTO TÃO DIFÍCIL DE MINHA VIDA!
  • Ir. Maria Clélia Alves
    "Lá na Mantiqueira, um peregrino andando vai! Leva nos ombros mil dores, mas no coração a fé!" Virgem Santa Mãe de Deus, cuida desses nossos irmãos! TU, PEREGRINA DE BELÉM, acompanha-os, com carinho especial e proteção de Mãe. AMÉM! Pe. Jean, já estamos com saudades, e pedimos que a TRINDADE PEREGRINA FAÇA O CAMINHO COM VOCÊS.
  • Carmem Paula
    Que relato fantástico, experiência única, de silêncio interior, de conversa íntima com seu eu mais profundo, de se encantar com o amor do Pai pela mensagens de amor que Ele te envia durante o percurso , quer pela natureza, quer através dos Ramos de caminhada, e momento incrivelmente único de superação e fé. Segue em frente, olhando para o seu objetivo. Grande abraço e Deus os abençoe.
  • Gilberto Carlos Schimanski
    Realmente uma experiência única e fascinante! Que bom podermos conhecer um pouco dessa história!!!

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