Foto: arquivo Casamento na Igreja Católica
O amor é um chamado eterno, e o Matrimônio, a resposta livre e generosa de dois corações que decidem caminhar juntos para Deus. Embora também visto como um rito social e uma festa que costuma ser cuidadosamente planejada, o casamento cristão é um Sacramento, sinal visível de uma graça invisível, fonte de missão e santidade.
Como lembra o Catecismo da Igreja Católica, “o Matrimônio é uma vocação, instituída pelo próprio Deus” (CIC 1603). No Mês das Noivas, a proposta é (re)descobrir essa beleza: a preparação para casar não é somente sobre a organização de um evento, mas abraçar uma vocação divina.
Para ajudar os casais a compreenderem e viverem essa verdade, o IDe+ conversou com Romoaldo Bortoan, católico, esposo, pai e cerimonialista especializado em casamentos católicos. Em seu trabalho, ele une a experiência profissional ao compromisso de fé, o que faz diferença na orientação dos noivos para colocar o Sacramento no centro de toda a preparação.
Romoaldo dá testemunho sobre como tem sido seu próprio casamento para explicar a importância do Matrimônio e como entende sua missão.
“Como esposos, juramos amor e fidelidade um ao outro. Como pais, juramos educar nossa filha nas leis de Cristo e da Igreja. Sabemos da nossa corresponsabilidade para com Deus na continuidade da criação e perpetuação da Igreja. Como família católica, sabemos da nossa necessidade de estarmos em contínuo aprendizado de fé e das doutrinas da Igreja. Muitos podem achar que a família está em declínio, mas nós, católicos, devemos mostrar que a Igreja Doméstica é forte e invencível”, compartilha o cerimonialista que acredita que a profissão escolhida foi um chamado de Deus há 25 anos.
Romoaldo junto aos noivos: 25 anos como cerimonialista./Foto: arquivo Casamento na Igreja Católica
Muitos casais concentram grande parte de suas energias na festa. Romoaldo, porém, lembra que é fundamental olhar primeiro para a essência: o Sacramento.
“Infelizmente, muitos se preocupam apenas com o que acontece depois da bênção, mas se esquecem do que acontece durante a celebração, que é a verdadeira razão de tudo”.
Na sua experiência, quando o casal decide colocar o Sacramento no centro da preparação, tudo se transforma.
“O planejamento deixa de ser apenas sobre flores, buffet e decoração, e passa a ser sobre testemunho, sobre missão, sobre a graça de Deus que age na vida dos esposos”.
A atuação de um cerimonialista em casamentos católicos é também ajudar os casais a perceberem que o casamento é um caminho de santidade — e que a cerimônia é uma celebração litúrgica.
Ele conta que, muitas vezes, precisa orientar os noivos sobre aspectos que desconhecem, como as normas litúrgicas e a escolha adequada de músicas, já que não é qualquer música que pode ser tocada numa celebração católica. Existe um repertório litúrgico próprio, que deve ser respeitado para manter a sacralidade do momento.
Casamento é uma celebração litúrgica./Foto: arquivo Casamento na Igreja Católica
Entre os pontos que mais geram dúvidas nos noivos está a necessidade de ritos da celebração.
“Muitos não sabem que existe uma estrutura litúrgica para o casamento católico, com leituras, preces e cantos específicos”, observa Romoaldo.
Ele lembra que é comum os casais quererem adaptar a cerimônia a modismos ou preferências pessoais.
“A celebração do Matrimônio é uma liturgia da Igreja, não uma festa personalizada. Claro que há espaço para escolhas, mas dentro dos limites que garantem a dignidade do Sacramento”.
Além disso, o planejamento litúrgico exige diálogo com o celebrante e participação ativa do casal:
“Não basta delegar tudo ao cerimonial ou ao Padre. É preciso que os noivos se envolvam e compreendam cada parte do rito que vão celebrar”.
Romoaldo identifica ainda a falta de conhecimento frequente em aspectos que podem comprometer a profundidade da celebração. Um dos mais comuns é achar que o curso de noivos, que na verdade é uma catequese matrimonial, é apenas uma burocracia. Na verdade, é um momento precioso de catequese e discernimento. Segundo o especialista, “o primeiro passo é perguntar: por que eu quero me casar na Igreja? Se a resposta for apenas estética ou tradição, talvez seja preciso aprofundar mais a reflexão”.
Foto: arquivo Casamento na Igreja Católica
Outro engano, de acordo com ele, é focar exclusivamente na estética e deixar de lado a preparação espiritual:
“A preparação do Matrimônio precisa ser também — e principalmente — uma preparação do coração, da alma, da consciência sobre o compromisso que será assumido diante de Deus e da Igreja”.
Nesse sentido, o casamento deve ser uma celebração comunitária de fé. Portanto, é fundamental envolver não apenas os noivos, mas as famílias, padrinhos e convidados:
“Quando todos compreendem que estão participando de um momento sagrado, a celebração se torna mais profunda, mais orante e mais significativa”.
A sugestão é que os noivos conversem previamente com padrinhos e familiares, expliquem a importância da celebração e os convidem a participar ativamente. Não como meros espectadores, e sim como irmãos na fé, testemunhas do amor e da missão que ali se inicia.
Viver um casamento católico autêntico exige comprometimento, oração e busca sincera pela graça de Deus:
“Casar-se na Igreja é assumir uma vocação. Não é só bonito, é santo. A Igreja não é um salão de festas. É o espaço onde Deus age, onde dois se tornam uma só carne e recebem a graça para viver esse amor até o fim”, reforça.
Que cada casal que se organiza para o Matrimônio possa redescobrir a beleza dessa vocação e se preparar não apenas para um dia, mas para uma vida inteira de fidelidade, serviço e amor fecundo.
Foto: arquivo Casamento na Igreja Católica
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