Cerol: parece brincadeira, mas pode matar

Cerol: parece brincadeira, mas pode matar

A diversão de empinar pipas ao ar livre é uma brincadeira tradicional que encanta crianças e jovens em todo o Brasil. A coluna do Manzottinho no IDe+ até ensinou como montar sua própria pipa. No entanto, existe um perigo mortal associado à atividade: o cerol.

O cerol é uma mistura criminosa de cola de madeira com vidro moído, vendida clandestinamente e aplicada nas linhas das pipas com a intenção de cortar as linhas de outras pipas. Ele recebe diversos nomes, como faca, chileno, corta, gilete, facão, entre outros. Embora seja usado principalmente por crianças e jovens, também é adotado por adultos. Os meses de maior vento, que coincidem com as férias escolares, aumentam o risco dessa prática perigosa.

Os motociclistas são as principais vítimas do cerol, seguidos por paraquedistas, ciclistas e transeuntes. O uso de capacetes sem viseira torna o corte no rosto e nos olhos uma ameaça real, que pode resultar em cegueira. Há casos em que pessoas tentaram remover a linha do pescoço e tiveram dedos amputados. Ou seja, trata-se de um risco real e que precisa da atenção de todos para eliminá-los das ruas.

De acordo com o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a utilização de antena corta-pipa é obrigatória para motociclistas que trabalham com moto frete. Alguns motociclistas que não atuam profissionalmente também instalam o dispositivo, que diminui a gravidade dos acidentes. Contudo, algumas vezes nem mesmo isso consegue salvar uma vida.

Ação do Detran de Pernambuco instalou antenas corta-pipa grátis em 2022. Foto: Artur Mota/Folha de Pernambuco

Impacto nas redes elétricas e para os animais

Existem diferentes variações do cerol, como o pó de ferro, que apresenta um perigo adicional. Quando esse pó entra em contato com fios de alta tensão, conduz eletricidade e pode causar choques elétricos e até mesmo a morte daqueles que soltam a pipa. Os curtos-circuitos resultantes podem interromper o fornecimento de energia, afetar equipamentos vitais, como os hospitalares.

Os perigos e crimes não param por aí: causa sérios danos à vida selvagem, especialmente às aves. Muitas vezes, esses animais são atingidos, sofrem amputações e são condenados a uma vida de sofrimento em cativeiro devido às mutilações. Os centros de acolhimento e triagens de animais silvestres não têm capacidade para abrigar permanentemente todas as aves afetadas. Assim, cria-se um problema crônico.

Falta de legislação adequada

Embora exista legislação sobre o cerol em alguns estados e no Distrito Federal, a falta de uma lei federal específica dificulta a aplicação consistente das leis e regulamentações. Muitas delas não abrangem a produção, comercialização, transporte e uso do cerol, o que torna as punições menos eficazes.
Atualmente, um projeto de lei (PL 402/2011) que tipifica o uso do cerol como crime está em tramitação na Câmara dos Deputados, mas ainda não foi aprovado.

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