O peito aperta, a visão turva, as palavras saem da sua boca antes que o seu cérebro as processe. Você já sabe do que estamos falando, não é. Ela mesma, a ira.
Quando a raiva e fúria dominam nosso espírito, muitas vezes perdemos o controle das nossas ações, passando dos limites e chegando a reações violentas que não teríamos em situações normais.
No passado, a ira resultava em gritos, xingamentos, agressões físicas; hoje, a ira provoca uma nova modalidade de dano, como comentários ofensivos na internet. Com a facilidade do registro do cotidiano, sempre na mira das câmeras dos celulares, hoje vemos ataques de fúria por todos os lados, em vídeos compartilhados pela Rede. Como podemos evitar isso, controlando as explosões de ira e tornando a vida mais saudável?
Sim, a ira é também uma questão de saúde. A raiva, além de alterar o humor, aumenta a frequência cardíaca e a pressão sanguínea, incrementando os níveis de adrenalina e a noradrenalina. Com isso, a pessoa que deixa a ira dominá-la com frequência tem mais chances de desenvolver pressão alta, podendo sentir tonturas, dores de cabeça, taquicardia e até de ter um ataque cardíaco.
Sentir raiva é natural: no entanto, é preciso saber lidar com ela, controlando os seus impulsos. Em Efésios 4,26, Paulo nos diz que, ao ficarmos irados, devemos acalmar a fúria antes do sol se pôr, evitando o pecado.
Precisamos, por tudo isso, aprender a controlar a ira quando ela chega ao nosso coração. Mas você sabe como fazer?
É o caminho até o trabalho que te deixa irritado? Procure uma outra rota, ou saia em outro horário; você não gosta quando sua esposa aperta o creme dental no meio? Compre um tubo apenas para você. A ideia aqui é identificar o que desencadeia a sua raiva. Se há um jeito simples de evitar isso, faça. Não há motivo para você ficar se desgastando diariamente com coisas pequenas. Se não há, ao menos procure identificar os gatilhos da sua fúria. Ter consciência do que nos faz mal é o primeiro passo para evitar essas situações.
Se você não sabe bem o que está lhe deixando furioso, tente prestar bastante atenção quando a raiva estiver chegando. Pense nas coisas que aconteceram logo antes do ataque de ira, se conversou com alguém em especial, o local onde estava, se recebeu alguma notícia. Lembre-se que a ira tem uma forma de manifestação física: nosso coração acelera, nosso rosto enrubesce. Esse é o ponto em que você deve agir. Fique sempre atento.
Respirar profunda e lentamente oxigena o cérebro e acalma os batimentos cardíacos. Procure se concentrar na respiração, inspirando e expirando longamente. Eleve sua mente a Deus e peça a Ele calma e discernimento.
Tire alguns minutos e afaste-se da situação incômoda, se possível. Desligue-se do fato, se não for. Pense em outra coisa e siga respirando profundamente. Somente quando todo seu corpo estiver em equilíbrio, pense em como irá agir.
Converse – mas não com a pessoa que é motivo da ira. Escolha alguém e desabafe. A ira não deve ser guardada no peito. Reorganize, nesse diálogo, os seus pensamentos e argumentos.
Faça reflexões sobre os seus padrões de pensamento: para controlar a ira, devemos aprender a ser responsáveis por nossas ações, procurando não direcionar sempre a culpa para o outro. Pergunte-se: o que, nessa situação que me frustra, foi uma contribuição minha? Como eu poderia ter agido melhor para que não chegássemos a esse ponto?
Você não quer morar na ira, certo? Então vamos buscar outras paragens. Tire alguns momentos do seu dia para caminhar em um parque, na praia, tomar um sorvete ou uma água de coco. Visite ou ligue para alguém que você ama (não para falar sobre o problema, mas apenas para rever alguém amado). Faça algo que lhe faz bem: leia um livro leve, faça um brigadeiro, pedale, ouça a sua playlist favorita.
Controlar a ira pede racionalidade, e racionalidade pede tempo. Faça atividades que estimulem a tranquilidade e a felicidade.
Busque coisas que lhe façam sorrir. O sorriso libera endorfina, provocando bem-estar e aliviando a dor, além de melhorar a circulação sanguínea, e serotonina, que diminui o estresse. É o remédio ideal para afastar os efeitos nocivos da ira.
Se você passou pelos três primeiros passos, você já organizou seus pensamentos e está pronto para ouvir o outro lado. É importante, quando controlamos um ataque de ira, canalizar os sentimentos para as palavras, não para as ações violentas. Você deve falar de forma pausada, expressando tudo que o aborrece em um tom de voz estável e com o pensamento organizado. Se sentir o gatilho da fúria chegando novamente, suspenda a conversa e retorne ao passo 1. Peça ajuda, se estiver muito difícil. Ter uma pessoa amiga mediando essa conversa pode ser muito produtivo.
Você sabe o que é a empatia? Ela pede que a pessoa busque, no que ela mesma já vivenciou ou vivencia, sentimentos parecidos com o que o outro experimenta, estabelecendo, por isso, uma conexão emocional, onde é possível se colocar no lugar do outro, compreendendo seus sentimentos, se relacionando com a situação que ele está enfrentando.
Buscar estabelecer laços de empatia com o outro é uma forma de conhecer melhor os próprios sentimentos e também entender que, no outro, os mesmos conflitos podem ocorrer, de formas ligeiramente diferentes. Para criar laços de empatia, devemos estar sempre abertos ao diálogo sincero, saber ouvir mais do que falar e estarmos prontos para compartilhar nossas emoções com o outro.
E por que fazermos isso? Sem empatia, não somos capazes de perdoar verdadeiramente. Para perdoar, precisamos aceitar que todos nós estamos suscetíveis ao erro, que não temos o controle de todas as situações. Apenas colocando-se no lugar do outro será possível ver que sentimento movimentou as suas ações, qual foi a sua intenção.
E lembre-se sempre de Mateus 18,21–22: perdoar não até sete, mas até setenta vezes sete.
Por fim, após oferecer o seu perdão ao outro, lembre-se de também de perdoar. Você já refletiu sobre suas atitudes, já encontrou o gatilho do seu descontrole, já recobrou a paz de espírito e se abriu ao diálogo: agora é a hora de também se reconhecer falho e se perdoar.
Todos nós erramos e aprendemos. Exceder-se na autocrítica e se culpabilizar em demasia é um campo fértil para novos ataques de ira, uma vez que o ser humano que não se perdoa se sente fragilizado e exposto e, assim, tende a ser igualmente crítico com o outro.
Repare sempre os seus erros e então, perdoe-se. Permita-se recomeçar de outro modo.
Não deixe de assistir o vídeo do Padre Reginaldo Manzotti, que traz dicas valiosas sobre como controlar a sua ira:
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