Como escolhemos encarar nossas vidas?

Como escolhemos encarar nossas vidas?

Por Padre Tiago Felipe Polonha, da Arquidiocese de Curitiba

Temos o filme com maior bilheteria do ano e a maior bilheteria da história do cinema no Brasil: Divertida Mente 2. Há dias fui questionado porque ainda não escrevi nenhuma reflexão sobre a produção, mas simplesmente acho que ainda não havia chegado a hora. Por ser uma história que trata sobre um tema psicológico sobre crise de ansiedade, um mal que tantas pessoas sofrem ou já sofreram, havia muitas pessoas falando sobre isso. E eu não queria entrar nesse assunto, que não é a minha área de conhecimento. Mas claro que não poderia deixar passar em branco esse que é um dos maiores filmes de todos os tempos em bilheteria e arrecadação.

Para quem não sabe do que se trata, Divertida Mente mostra o interior da cabeça de uma jovem chamada Riley, como as emoções a controlam. O primeiro filme, lançado em 2015, tratava sobre o tema da depressão, quando Riley ainda criança precisa mudar de cidade e recomeçar sua vida numa nova escola. Nessa primeira produção, a Alegria que controlava sua cabeça desaparece e ela passa a ser controlada pela Raiva, Medo e Nojinho. Agora, em Divertida Mente 2, o centro de controles de Riley recebe novas emoções: Ansiedade, Tédio, Inveja e Vergonha. Enquanto ela tenta uma vaga no time de hóquei, a Ansiedade assume o controle de sua cabeça, acompanhada da Inveja e Vergonha.

Não é à toa que o filme se tornou a maior bilheteria da história aqui no Brasil, pois é um tema muito profundo, apresentado de uma maneira cativante e divertida. E não tem como não citar o momento final da história, que arrancou lágrimas de vários espectadores, quando Riley passa por uma crise de ansiedade ao se condenar por não ser boa o suficiente. É emocionante a hora que todas as emoções se abraçam para protegê-la, e externamente, no jogo, as amigas se aproximam dela para oferecer o mesmo abraço. Somos humanos e somos um misto de emoções e sentimentos. Faz parte do ser humano tudo isso. Nunca acredite em alguém que diz “você não pode sentir raiva”, “você não pode ter medo”, ou “você não pode ficar triste”. Somos formados por esses sentimentos. O que não podemos é deixá-los nos paralisar. Existe, por exemplo, o medo que me protege para não fazer uma loucura, ou o medo irracional que me impede de crescer. Existe a raiva que me faz lutar pelo que é justo e a raiva que me faz maltratar meu irmão. São coisas diferentes. Mas os sentimentos existem.

Aqui, para nossa reflexão, gostaria de citar uma frase do filme que passou quase despercebida por todos. No momento da crise de ansiedade, quando todas as emoções se abraçam para defender a Riley e ela consegue superar a crise, uma das emoções avisa: “Alegria, a Riley está te chamando”. E a Alegria volta assumir o controle da adolescente. Para mim, esse é o momento mais importante de todo o enredo. Ele nos mostra que Riley tinha sim o controle sobre tudo. Não importava o que estivesse acontecendo externamente, a jovem escolheu que quem teria o controle seria a Alegria. E é exatamente isso que acontece também em nossas vidas.

São Paulo, na carta aos Filipenses, nos dá um imperativo: “alegrem-se sempre no Senhor! Repito: alegrem-se!” (Fl 4,4). Como responder essa ordem quando estamos no meio de lutas e muitas vezes passando por dores? Nós temos o poder de escolha! Existem situações externas a nós que não podemos controlar, mas podemos escolher como reagir a elas. Deus nos criou para sermos felizes e isso não significa que não sentiremos outras emoções. Significa que, mesmo nas lutas, nós podemos escolher ver o mundo de outra forma. Em Divertida Mente 2, todas as emoções se abraçam, formando a única Riley. Porém, entre o Medo, a Raiva, a Vergonha, a Ansiedade, ela escolheu a Alegria. Nós também podemos escolher que tipo de vida queremos: ou viver nas lamentações e murmurações, ou encarar com alegria e com força todos os revezes de nossas vidas. O que parece difícil para nós não é para Deus. E é por isso que São Paulo continua no mesmo imperativo que nos pede para nos alegrarmos: “que a bondade de vocês se torne conhecida por todos. O Senhor está próximo!” (Fl 4,5).

Deus nunca invalida nossos sentimentos humanos. É por sermos humanos que Ele nos ama e dá a vida por nós. Portanto, juntos de Deus, escolhamos viver a alegria de sermos seus filhos e filhas amados.

Deus nos abençoe!

Divertidamente 2

Kelsey Mann, 2024

Infantil/Comédia – 1h36

Disponível nos cinemas

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Comentários

  • Cleunice Dias
    Alegrem-se no Senhor! Quero muito ver o filme.
  • Solange Costa
    Ainda não tive a oportunidade de assistir ao filme, e oom essa matéria fiquei ainda mais curiosa. Assisti somente ao primeiro filme, mas esse está sendo um grande sucesso. Valeu!

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