Como identificar sinais de demência?

Como identificar sinais de demência?

A demência afeta mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo, conforme aponta a Organização Mundial da Saúde. A previsão da organização é que até 2050, 139 milhões de indivíduos sofram com a doença. Mas você sabe o que ela é e como identificar sinais da demência em alguém?

Por ser ainda uma doença não muito conhecida, a demência causa estranheza quando abordada e muita gente sequer sabe identificar os sinais de alerta. 

O médico neurologista, Daniel Paranhos, explica que há possibilidades de identificar pacientes com sintomas iniciais de demência. Entre eles, destaque para os altos índices de pacientes com alteração de memória, seguido das mudanças de comportamento e da desorientação espacial. 

“Geralmente o paciente queixa esquecimento para fatos recentes e reclamando que o esquecimento tem atrapalhado o seu desempenho no trabalho ou no dia a dia. Eles esquecem, por exemplo, nome de pessoas que conheceu, ou como fazer coisas que sempre soube fazer”. 

A alteração de comportamento é quando há um descompasso nos sentimentos das pessoas, fazendo com que traços não comuns se manifestem. Um ciúme excessivo ou uso de palavras impróprias ou não esperadas são formas de identificar esse sintoma. 

Já a desorientação espacial faz com que o paciente não saiba onde está ou se perca facilmente das pessoas próximas a ela. Muitas vezes não conseguindo nem fazer o caminho de volta para casa. 

Por muitos anos, acreditou-se que isso acontecia com muitos idosos por causa da idade. Só que isso é um erro. Nem todo o idoso tem/terá demência, assim como nem todo jovem está livre da doença. 

“Não podemos exigir do nosso cérebro o desempenho de quando tínhamos 20 anos. Mas tudo depende de como cada pessoa levou a sua vida (abusos – álcool, drogas, hábitos de sono ruim, stress excessivo, doenças) e da reserva cognitiva de cada um (quem trabalha mais o cérebro ao longo da vida tende a envelhecer melhor)”, explica o médico. 

 

Nem só idosos podem ter demência

Apesar de a prevalência média da demência acometer pessoas com mais de 65 anos, ela também pode atingir qualquer pessoa, em qualquer faixa etária.  De acordo com o neurologista, isso acontece porque a demência tem múltiplas causas e por isso, múltiplas manifestações. Ou seja, ela pode ser uma consequência de outros fatores além das imaginadas pela população. 

“A falta de vitamina B12, alterações hormonais (tireoide), doenças sexualmente transmissíveis como sífilis e HIV, um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ainda sequelas de uma hipertensão e diabetes não bem controlada podem causar demência. A mais conhecida por todos é a demência de Alzheimer”. 

Há demências com tratamento e possibilidade de serem reversíveis. O médico explica que três causas específicas, quando diagnosticadas e tratadas precocemente, apresentam resultados super positivos. 

“Devemos ficar atentos ao transtorno de humor (depressão e ansiedade); insônia (altera principalmente a atenção) e apneia/hipopneia obstrutiva do sono”. 

 

Podemos prevenir a demência?

Não há um consenso médico que afirme que hábitos específicos ajudem a retardar os sintomas ou evitem a demência nas pessoas. Vale ressaltar, no entanto, que existem boas práticas que todos devemos adotar para garantir um futuro mais saudável, incluindo:

  1. Boa alimentação / alimentação equilibrada, com ingestão balanceada de proteínas, gorduras saudáveis e carboidratos, além de verduras e saladas. 
  2. Praticar atividades físicas (pelo menos 30 minutos de 3 a 5 vezes na semana).
  3. Fazer meditação para aliviar as tensões e o stress.
  4.  Ler e estudar para melhorar a atividade cerebral
  5. Evitar o consumo de álcool, tabaco e comidas industrializadas. 
  6. Reduzir drasticamente o stress e dormir bem, porque um sono reparador ajuda muito. 

 

Quando o diagnóstico chega, o que fazer?

Alguns tipos de demência têm tratamento curativo, mas deve ser observado principalmente o tempo e a evolução da doença. Por isso é tão importante prestar atenção aos sinais e procurar ajuda médica o mais rápido possível.  Mas em todos os casos e fases da demência há tratamento. 

“O tratamento da demência envolve as medicações prescritas pelo médico, mas também terapias com fonoaudiologia, terapia ocupacional, musicoterapia, psicologia. Esse suporte multi e de estímulo ao paciente e a família são imprescindíveis”, completa o neurologista. 

O apoio familiar é, portanto, primordial. Ter uma rede de apoio para auxiliar o paciente faz toda a diferença, principalmente nas demências que, como o Alzheimer, não possuem um tratamento curativo, mas sim um que reduz a evolução da doença. 

 

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