“O que fizerdes ao menor de meus irmãos é a mim que o fazeis” (Mt 25,40).
Bullying é uma palavra importada da língua inglesa que significa, literalmente, aquela antiga intimidação que o valentão da escola faz com os indivíduos mais frágeis. Não é, entretanto, algo tão natural e passageiro quanto a memória dos nossos avós se recorda: segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – Unesco, ao final de 2020, um em cada três alunos, no mundo todo, tinha sido vítima de bullying, com consequências arrasadoras no desempenho escolar, na saúde física e mental.
No bullying, um ou mais indivíduos praticam sistemática e repetitivamente atos de violência física e psicológica contra outra pessoa, tais como humilhações, xingamentos e até agressões físicas. Em grupos maiores, o mais comum é que um único agressor lidere o ataque, enquanto os demais riem e publicizam as agressões. Mas é importante esclarecer: todos os envolvidos, nesse caso, praticam a violência.
O quadro atual está muito distante da importunação de antigamente: hoje, o bullying incapacita, quando não mata. Com a popularização da tecnologia e o surgimento da internet, o problema saiu da esfera local para o âmbito global. A prática, atualmente, envolve distribuição massiva de e-mails, mensagens de aplicativos, fotos vexatórias publicadas em redes sociais, vídeos ridicularizando a vítima disponibilizados em sites, dentre outras formas de humilhação virtual, que já originou, inclusive, a subespécie do problema: o cyberbullying.
“É responsabilidade daqueles que gerenciam as instituições de ensino fiscalizar o ambiente compartilhado pelos alunos e não deixar que nenhum tipo de violência ocorra. A curto prazo, também é recomendável que os pais tenham uma conversa franca com seus filhos no sentido de encontrar maneiras para que eles possam ficar protegidos”, recomenda o Padre Reginaldo Manzotti no seu livro Feridas da Alma, Ed. Nova Fronteira.
Os pais devem estar atentos aos sinais mais comuns de que a criança pode estar sofrendo bullying, como estar retraída e parecer insegura ou se recusar a frequentar determinado local (escola, curso, aula de inglês). Já as vítimas do bullying devem quebrar o silêncio e buscar ajuda, seja de uma pessoa adulta próxima (um professor ou parente) ou de um terapeuta. Se possível, é conveniente também evitar as situações onde a agressão acontece, como alterar os horários ou ir até os locais acompanhado.
O bullying, a longo prazo, pode gerar problemas psíquicos graves, como crises de ansiedade, estresse pós-traumático, dificuldades de socialização, pânico, distúrbios alimentares e do sono, depressão, podendo até levar ao suicídio. Por isso, é essencial dar atenção imediata aos episódios e buscar ajuda profissional para minimizar os danos.
O Padre Reginaldo Manzotti, em seu livro, chama, ainda, a atenção para o perfil mais comum do agressor, como alguém que sente necessidade de se autoafirmar, normalmente em consequência de uma baixa autoestima:
“A baixa autoestima do agressor pode ser um dos gatilhos para cometer atos perversos, pois dessa forma se sente mais poderoso. Muitas vezes a criança e o adolescente agressor veem na imposição da sua vontade sobre o mais frágil uma forma de se sentirem fortes”.
É muito importante, ainda, que pais e responsáveis cultivem em casa o respeito ao próximo e a solidariedade. Se a criança presencia, dentro de casa, piadinhas de mau gosto e ataques às pessoas que se considera “diferentes”, ela se sentirá autorizada a repetir o padrão fora de casa.
O diálogo saudável foi a orientação do Papa Francisco aos jovens, em sua mensagem gravada para a conferência online #StopCyberbullyingDay | 24h Scholas Talks:
“Não tenham medo de dialogar: cada um de nós tem algo para dar ao outro. Cada um de nós tem algo bom para dar ao outro, cada um de nós precisa receber algo bom do outro. O diálogo, o diálogo que nos torna iguais, não em identidade – temos identidades diferentes – mas nos torna iguais ao longo do caminho. Somos caminhantes, todos iguais, todos caminhamos, mas todos diferentes, então, todos em harmonia”.
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