Como surgiu o método braile: da dor à criação que trouxe “luz” a muitas pessoas

Como surgiu o método braile: da dor à criação que trouxe “luz” a muitas pessoas

“Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes”. Em São Mateus 40,25, Jesus direciona todos os Seus filhos a olhar para o próximo, com caridade e amor, como se fizesse pelo próprio Senhor. Assim, a inclusão deve ser pensada com fé e prática para que todos possam ter uma vida digna. A história do método braile – sistema de escrita que permite que pessoas cegas ou com baixa visão possam ler – é um exemplo: o obstáculo imposto a um jovem virou solução para muitas vidas.

Nascido em Coupvray, na França, em 4 de janeiro de 1809, Louis Braille tinha apenas três anos quando uma ferramenta do seu pai atingiu seu olho enquanto brincava. Apesar dos esforços da família, uma infecção atingiu o outro olho e o menino ficou completamente cego. Mesmo assim, ele sempre teve um desempenho escolar exemplar, o que levava a família a acreditar e investir na sua educação.

Louis conseguiu uma bolsa no Instituto Nacional para Jovens Cegos, em Paris. E foi a partir dessa oportunidade que muita coisa mudou, tanto para ele quanto para as milhões de pessoas que usam o sistema que ele propôs. Seu método foi uma evolução de outros que conheceu na escola, como o de Valentin Haüy e de Barbier (voltado para técnicas de guerra e leitura no escuro). Após esses conhecimentos, com apenas 15 anos, Louis apresentou sua ideia.

Em 1826, Braille começou a ensinar o método que criou para os seus colegas. Em 1829, publicou um livro para explicá-lo e, em 1837, uma revisão. Contou com o apoio do diretor do Instituto, que acabou demitido da sua função devido à insistência de utilizar essa alternativa para a educação de pessoas cegas.

Aos 43 anos, vítima de Tuberculose, Louis Braille faleceu. Seu método só foi oficializado dois anos depois na França. No Brasil, foi oficialmente introduzido em 1854, graças ao esforço de José Álvares de Azevedo para que fosse criada uma instituição que fornecesse educação para jovens com deficiência visual.

De lá pra cá, muitas evoluções, leis e apoios se somam à invenção, que com determinação e esforços coletivos, como ensinou Jesus, têm contribuído para transformar a vida de muita gente, principalmente de jovens que, assim como Louis, têm acesso à educação e à autonomia.

Como é o sistema braile

A Lei nº 4.169/1962 oficializa e obriga o uso, em todo o território brasileiro, das convenções braile, para uso na escrita e leitura dos cegos, e o Código de Contrações e Abreviaturas Braille.

A simbologia braile utilizada e sua aplicação devem considerar as especificidades do idioma de um país e acompanhar a evolução linguística e cultural das sociedades. Por meio de um acordo de cooperação, em 2001, Brasil e Portugal elaboraram a 1ª versão da Grafia Braille para a Língua Portuguesa.

O sistema de escrita em relevo é constituído por 63 sinais formados a partir do conjunto matricial = (pontos 123456). Por isso, esse conjunto de seis pontos é chamado sina fundamental. O espaço por ele ocupado, ou por qualquer outro sinal, é denominado cela braile ou célula braile e, quando vazio, é também considerado por alguns especialistas como um sinal. Dessa forma, o sistema passa a ser composto por 64 sinais.

Assim como outros conhecimentos e disciplinas, aprender braile demanda estudo e dedicação. Institutos e organizações de todo o Brasil oferecem esse aprendizado. O Ministério da Educação e Cultura (MEC) disponibiliza a Grafia Braille para a Língua Portuguesa .

Braile nos meios digitais

Diversas iniciativas têm contribuído para promoção da inclusão por meio do braile, principalmente relacionadas à educação e profissionalização. O Google, por exemplo, lançou em 2020 um novo teclado virtual em braile que funciona a partir de seis círculos numerados expostos na tela dos aparelhos. Cada um deles representa um dos seis pontos que, quando tocados, formam letras ou símbolos.

Já o aplicativo Braille Scanner usa aprendizado de máquina para traduzir documentos em braile. Funciona de uma maneira bem simples: basta tirar uma foto do texto em braile e o aplicativo é capaz de fazer a tradução para texto na tela em segundos. Além disso, pode ser usado para converter o texto em áudio e permite que o usuário exporte a tradução e os caracteres em braile como desejar.

Outra ferramenta, que é um exemplo de solidariedade e bem coletivo, é o Be My Eyes (Seja Meus Olhos), aplicativo que funciona como uma rede de apoio entre pessoas que enxergam e deficientes visuais. Promove videochamadas para que um usuário com visão perfeita descreva a um cego um objeto apresentado.

O que você achou desse conteúdo?

Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.

Aceito receber a newsleter do IDe+ por e-mail.

Comentários

Cadastre-se

Cadastre-se e tenha acesso
a conteúdos exclusivos.

Cadastre-se

Associe-se

Ao fazer parte da Associação Evangelizar É Preciso, você ajuda a transformar a vida de milhares de pessoas.

Clique aqui

NEWSLETTER

IDe+ e você: sempre juntos!

Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.