Quantas coisas você já deixou de fazer por medo? E quantos chamados de Deus você pode ter deixado de ouvir pelo mesmo sentimento? A relação entre a sabotagem e o medo com as missões de Deus são antigas e contadas em muitas passagens bíblicas. A mais conhecida de todas é a de Jonas (inclusive chamada de “Complexo de Jonas”). Entenda neste post o que significa e qual a relação com a famosa “Síndrome do Impostor”.
Em 2017, Papa Francisco, na meditação matutina da Santa Missa, explicou que Jonas foi um teimoso que queria ensinar a Deus a forma como as coisas deveriam ser feitas. Ao ser enviado para pregar a conversão em Nínive, Jonas pegou um navio para a direção oposta, fugindo da Missão que Deus lhe tinha dado.
Contudo, diante de uma tempestade, ele confessou sua culpa a Deus e pediu: “Lançai-me ao mar, eu sou o culpado“. O Pontífice então disse: “o Senhor, que é tão bom, fez surgir um peixe que engoliu Jonas e depois de três dias deixou-o na praia”.
Ao fugir da missão de Deus, Jonas estava fugindo da própria vida em santidade. E por que, diante de uma missão tão linda, o profeta preferiu fugir? O teólogo Allan Junior da Silva explica que ele fugiu porque Nínive era a capital do império assírio, um povo forte, cruel e sanguinário, cujos guerreiros eram conhecidos por praticarem torturas terríveis contra seus inimigos.
“Ou seja, Jonas seria como um pequeno cordeirinho em meio aos leões furiosos e famintos e, com certeza, isso lhe causou medo”.
Ao ter medo de encarar os desafios, Jonas está tendo uma atitude típica de qualquer ser humano. Allan destaca que isso é denominado como Respeito Humano. De que se trata?
“É uma tentação que nos faz colocar as coisas humanas acima das coisas de Deus, ou ainda, que nos faz pensar que o Senhor não é capaz de transformar as circunstâncias deste mundo”, explica o teólogo.
Assim, é possível afirmar que esse respeito humano é, na verdade, um sentimento egoísta. O mesmo sentimento que Jonas teve ao crer que seria impossível mudar a fé daquele povo que vivia sob o comando de um líder cruel.
“Quem daria ouvidos à sua mensagem? Inicialmente, ele deu mais crédito à lógica humana do que ao poder de Deus. Nós também caímos nessa tentação quando desacreditamos que Deus pode mudar algo ou alguém e fugimos. Pior ainda, pecamos quando sequer cogitamos sair da nossa zona de conforto para levar o Evangelho para aqueles que previamente julgamos como um caso perdido”.
Em alguns momentos, fazemos como Jonas e fingimos não ouvir ou não entender os planos de Deus. Fazemos isso, inclusive, por medo do compromisso e do nosso destino.
Mas assim como Jonas conseguiu transformar seu medo em vontade para evangelizar, qualquer ser humano também consegue. E Deus sempre está nos chamando a ter coragem para reforçar nosso compromisso e nossa fé. “Deus o ensinou (a Jonas) que o amor é capaz de superar todas as coisas, inclusive as nossas expectativas. Deus sempre surpreende, pois até do mal Ele é capaz de tirar coisas boas”, completa Allan.
Ao ensinar isso na vida de Jonas, o Senhor também demonstra a qualquer pessoa que é possível superar o medo e encarar os desafios. Esse exemplo é uma demonstração da rica sabedoria. Além disso, o teólogo reforça outros exemplos dessa relação de fé com a coragem.
“Penso em uma mãe que enfrentaria um leão para proteger sua criança, ou em um marido que entraria na frente de um revólver para proteger sua esposa. Não há nesses casos preocupação com as consequências. O amor gratuito é assim. Ele não fica medindo o quanto perde”.
Mesmo diante de muito medo e do próprio “Complexo de Jonas”, as pessoas precisam ser mais fortes e ouvir os chamados de Deus. E esse ouvir precisa ser corriqueiro, pois há quem comece a corresponder, mas por interesses próprios deixe de seguir. E como conseguir ouvir?
Allan explica que, para isso, é fundamental amadurecer a maneira de amar, principalmente por meio da amizade com Deus e do serviço com os irmãos.
“A amizade com Deus consiste em alimentar uma sincera vida de oração, na qual aos poucos perceberemos que só Jesus pode fazer nossas vidas verdadeiramente plenas, cheias de sentido, cheias de sabor e cor. Já o serviço aos irmãos é a maneira pela qual damos provas de amor a Deus, pois os propósitos do Senhor não são para ficarmos demasiadamente ocupados conosco mesmos ou sermos bem-sucedidos apenas, mas ocupados na felicidade e salvação das almas de nossos irmãos”.
Uma outra dica do teólogo é ler sobre a vida dos santos. “Eles são como setas que nos apontam para a perfeição da vida cristã. Vale a pena investir bastante tempo para estudar sobre esses grandes modelos de fé”, finaliza.
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