Foto: reprodução site alberione.org
O que une um sacerdote italiano nascido em 1884 e um adolescente da geração da internet? Mais de um século separa Giacomo Alberione e Carlo Acutis, mas ambos partilham a mesma vocação: anunciar Jesus com os meios do seu tempo. Alberione, o “apóstolo da comunicação moderna”, usou a imprensa, o rádio e o cinema para difundir o Evangelho. Carlo, inspirado por ele, usou o computador e a web. Ambos com a mesma missão: fazer o amor de Deus circular.
Em um período em que a Igreja aprendia a falar à velocidade da imprensa, do rádio e do cinema, Giacomo (Tiago) Alberione teve um chamado: levar o Evangelho com “os meios do nosso tempo”. Padre italiano, fundador da Família Paulina, ele se tornou referência mundial de comunicação a serviço da fé.
Alberione nasceu em 4 de abril de 1884, em San Lorenzo di Fossano (Cúneo, Itália), em uma família camponesa. Aos 16 anos, no seminário de Alba, aconteceu a célebre noite de 31 de dezembro de 1900 para 1º de janeiro de 1901, em adoração diante do Santíssimo, quando entendeu que Deus o chamava a “fazer algo pelo Senhor e pelos homens do novo século”. Dessa experiência nasceu o seu carisma de anunciar Cristo a todos com os meios mais rápidos e eficazes, no espírito de São Paulo.
Ordenado em 1907, ele se lançou ao trabalho pastoral e editorial. Em 20 de agosto de 1914, em Alba, deu início à Família Paulina, que se tornaria um grande “ecossistema” de evangelização com imprensa, livrarias, rádio, cinema e, mais tarde, TV.
A intuição de Alberione gerou congregações religiosas, institutos seculares e cooperadores leigos, todos com a mesma missão: “Viver e dar Jesus Mestre — Caminho, Verdade e Vida —” por meio da comunicação social. Entre os ramos mais conhecidos estão: Sociedade de São Paulo (paulinos), Filhas de São Paulo (paulinas), Pias Discípulas do Divino Mestre, Irmãs de Jesus Bom Pastor (Pastorelas), Irmãs Apostolinas e os Cooperadores Paulinos. O objetivo era fazer o Evangelho chegar ao maior número possível de pessoas com competência técnica e ardor espiritual.
Em 1969, São Paulo VI louvou sua obra e, já no fim da vida de Alberione, foi pessoalmente visitá-lo e abençoá-lo em Roma, um gesto que a Família Paulina guarda como sinal de confirmação do caminho.
Padre Alberione faleceu em 26 de novembro de 1971, aos 87 anos. Em 27 de abril de 2003, São João Paulo II o beatificou na Praça de São Pedro e recordou sua genialidade apostólica: evangelizar com os meios do tempo presente. Sua memória litúrgica é celebrada em 26 de novembro.
Ao falar de Carlo Acutis, Cardeal Agostino Vallini destacou que o jovem beato se inspirou em Alberione. Assim como o fundador paulino levou a Palavra por imprensa, rádio e cinema, Carlo levou a Boa-Nova à internet ao criar um repositório mundial de milagres eucarísticos para evangelizar sua geração. A ponte espiritual entre os dois é a Eucaristia no centro e a mídia como caminho de missão. Religiosas paulinas também relatam essa inspiração em testemunhos pastorais.
A vida do Beato Alberione é cheia de sinais de sua espiritualidade comunicadora. Segundo a tradição paulina, durante uma de suas orações, ele ouviu de Jesus as palavras “Daqui quero iluminar”, indicando o tabernáculo como fonte de toda a comunicação apostólica. No velório, colocaram uma Bíblia sob sua cabeça, como sinal do amor total pela Palavra que ele dedicou a difundir por todos os meios. Sua obra se expandiu rapidamente para as Américas, Europa, Ásia e África, com tipografias, editoras, livrarias e centros audiovisuais.
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