Conheça três hinos de São Tomás de Aquino, “Doutor da Igreja”

Conheça três hinos de São Tomás de Aquino, “Doutor da Igreja”

Filósofo, teólogo, Doutor da Igreja. São Tomás de Aquino tem um “currículo” vasto de qualificações e títulos que o fazem ser tão importante para a fé católica. As suas obras, como a “Suma Teológica”, por exemplo, são fundamentais para o conhecimento e explicações sobre fé e razão.

Ele teve profunda influência sobre a escolástica, corrente filosófica que busca estabelecer uma conciliação entre as verdades da fé cristã baseada na racionalidade, e propôs os pilares para o pensamento teológico católico, uma herança muito importante na busca pelo conhecimento.

As suas contribuições para o catolicismo são diversas. Entre elas, o Santo que acompanhava o Papa Urbano IV recebeu a missão de compor os textos do ofício litúrgico para a nova festa em honra ao Santíssimo Sacramento em 1264. Ele assumiu a tarefa com louvor e é o responsável pela composição dos textos litúrgicos para a festa de Corpus Christi.

Com a adoração eucarística própria dessa festa, a proposta da Igreja era “aumentar a fé, avançar na prática da virtude e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento”. Até hoje, essas composições estão presentes na Eucaristia e na adoração ao Cristo existente na hóstia consagrada. São reverenciadas e cantadas em celebrações litúrgicas ao redor do mundo.

São eles:

  • Pange, lingua (“Vamos todos louvar juntos”): hino das Vésperas.
  • Sacris solemniis iuncta sint gaudia (“A Santa Festa alegre celebremos”): hino do Ofício das leituras.
  • Verbum supernum prodiens (“Eis que o Verbo, habitando”): hino das Laudes.

 

1. Pange Lingua

Composto para a liturgia da Solenidade de Corpus Christi, o Pange Lingua foi instituído em Orvieto, na região do Lácio, próximo a Roma. O hino que percorre a Última Ceia de Cristo é uma oração de adoração da Eucaristia e é cantado no final da Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa.

Pange Lingua Gloriosi

 

Pange, lingua, Gloriosi

Corporis mysterium

Sanguinisque pretiosi

Quem in mundi pretium

Fructus ventris generosi

Rex effudit gentium

In supremae nocte coenae

Recumbens cum fratribus

Observata lege plene

Cibis in legalibus

Cibum turbae duodenae

Se dat suis manibus

Verbo carnem efficit

Fitque Sanguis CHRISTI merum

Et si sensus deficit

Ad firmandum cor sincerum

Sola fides sufficit

Veneremur cernui

Et antiquum documentum

Novo cedat ritui

Praestet fides supplementum

Sensuum defectui

Genitori, Genitoqui

Laus et jubilatio

Salus, Honor, Virtus Quoque

Sit et benedictio

Procedenti ab utroque

Compar sit laudatio

2. Sacris solemniis iuncta sint gaudia

Neste hino, tem-se a instituição do Sacramento do Altar, na Última Ceia. A composição faz referência à distância que separa os homens de Deus e à missão de Sacerdotes.

Sacris solemniis iuncta sint gaudia

 

Et ex praecordiis sonent praeconia;

Recedant vetera, nova sint omnia,

corda, voces, et opera.

Noctis recolitur cena novissima,

Qua Christus creditur agnum et azyma

Dedisse fratribus, iuxta legitima

priscis indulta patribus.

Post agnum typicum, expletis epulis,

Corpus Dominicum datum discipulis,

Sic totum omnibus, quod totum singulis,

Eius fatemur manibus.

Dedit fragilibus corporis ferculum,

dedit et tristibus sanguinis poculum,

dicens: Accipite quod trado vasculum;

omnes ex eo bibite.

Sic sacrificium istud instituit,

Cuius officium committi voluit

Solis presbyteris, quibus sic congruit,

Ut sumant, et dent ceteris.

Panis angelicus fit Panis hominum;

Dat Panis caelicus figuris terminum;

O res mirabilis: manducat Dominum

pauper, servus et humilis.[3]

Te, trina Deitas unaque, poscimus:

sic nos tu visita, sicut te colimus;

per tuas semitas duc nos quo tendimus,

ad lucem quam inhabitas

3. Verbum supernum prodiens

O hino é entoado nas laudes da manhã de Corpus Christi.

Nec Patris linquens dexteram,

Ad opus suum exiens,

Venit ad vitæ vesperam.

In mortem a discipulo

Suis tradendus æmulis,

Prius in vitæ ferculo

Se tradidit discipulis.

Quibus sub bina specie

Carnem dedit etT sanguinem;

Ut duplicis substantiæ

Totum cibaret hominem.

Se nascens dedit socium,

Convescens in edulium,

Se moriens in pretium,

Se regnans dat in præmium.

O salutaris hostia,

Quæ cæli pandis ostium,

Bella premunt hostilia;

Da robur, fer auxilium.

Uni trinoque Domino

Sit sempiterna gloria:

Qui vitam sine termino

Nobis donet in patria.

Saiba mais sobre São Tomás de Aquino

São Tomás de Aquino viveu na Itália no século XII, em 1225, ao sul de Lácio. De origem nobre, seu pai desejava que o filho fosse abade do mosteiro de Montecassino, mas ele quis se tornar um frade dominicano.

Por contrariar a família, chegou a ser levado à força para a casa do pai e ficar detido lá para obrigá-lo a desistir dessa vocação. Passados os obstáculos, o Santo estudou na França, sob supervisão de Santo Alberto Magno, onde aprendeu muito sobre fé e espiritualidade.

Era apaixonado por Teologia e o ensino da Filosofia. Em 1259, por exemplo, foi membro da comissão que estabeleceu o programa de estudos na Ordem. Em 1273, depois de uma celebração da Santa Missa, queimou toda a sua obra, porque após uma revelação, entendeu que seus textos não passavam de um monte de palha.

No ano seguinte, aos 49 anos, em uma viagem para Lion, na França, quando ia participar do Concílio, faleceu. Ele foi canonizado em 1323, pelo Papa João XXII e em 1567 recebeu do Papa Pio V o título de Doutor da Igreja. Nesse momento, também passou a ser chamado de Doutor Angélico pelos clérigos.

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