Todos os dias, aqui no IDe+, você acompanha como está sendo o desafio do Padre Jean Patrik no Caminho da Fé. O percurso de 350 quilômetros chega ao quinto dia, mas você pode ler toda a série clicando em: Que tal encarar uma aventura? e A aventura continua; Caminhos da fé: segunda parte da aventura; Como foi o terceiro dia de pedalada; 4º dia de pedalada no Caminhos da fé.
Hoje foi o dia da tão temida Luminosa. Desde quando comecei a me preparar para esse percurso, falavam da tal serra. Hoje tive a oportunidade de conhecê-la frente a frente.
Após 5 dias de pedal pesado, sinto que o corpo está adaptado (apesar das muitas dores que ainda sinto). A rotina foi a mesma dos outros dias: acordar cedo, tomar café, preparar as bikes e os lanches e suplementos pelo caminho e a oração da manhã, que realizamos dentro da igreja matriz do pequeno vilarejo.
Logo cedo, estava um pouco frio, mas não demorou para que o sol aparecesse e mostrasse toda sua força. Todos esses dias, sempre procurei usar bastante protetor solar para não correr o risco de me queimar. Também fui aconselhado a todos os dias usar um creme antiatrito para as coxas e virilha, o que até hoje tinha ajudado.
Pedalamos poucos quilômetros e já estávamos ao pé da temida serra. Eu estava bastante ansioso e curioso para saber como seria esse percurso, mas confesso, não imaginava que seria tão difícil.
Depois de pedalar uns 4km de uma estrada ruim, que ficaria ainda pior, e já bem íngreme, chegamos ao primeiro mirante, em frente à pousada da Dona Inês.
Lá, carimbamos nossas credenciais e tivemos contato com muitos outros peregrinos, alguns a pé, outros de bike, que inclusive já havíamos encontrado outras ocasiões, e agora um outro grupo, os peregrinos de 4 rodas. Um grande grupo de peregrinos estava subindo a Luminosa de Jeeps, camionetes e outros carros traçados, pois se não for traçado você não deve nem se arriscar.
Por lá encontramos também um outro ciclistas que nos surpreendeu, o Elídio, que com apenas uma das pernas, estava percorrendo o Caminho da Fé e até aquele ponto havia zerado o percurso (assim falamos quando a pessoa completa todo o percurso sem descer para empurrar a bike ou para subir com algum carro de apoio).
Todos ficaram impressionados com sua história de superação e eu ouvi várias pessoas falando: e nós com as duas pernas ainda reclamamos da vida.
Seguimos em frente para as subidas que ainda nos esperavam. Entretanto, havia uma motivação a mais, o famoso omelete do chef. O restaurante Oasis estava há mais dois quilômetros pra cima, que, devido a inclinação, tive a sensação de que estava muito mais longe. A movimentação era grande, havia fila de espera para provar o dito ovo. Que, de fato, fez valer a pena e a espera.
Novamente, nós nos encontramos com peregrinos a pé, ciclistas e peregrinos das quatro rodas. Pelo caminho, ainda encontramos motociclistas que estavam fazendo trilhas. Tudo isso torna o percurso ainda mais perigoso, pois quando menos se espera surge um carro ou uma moto, que, para subir naquela grande inclinação, precisa acelerar com vontade.
Após a deliciosa refeição subimos nas bikes e continuamos a subida. Mal sabia eu o quanto ainda teríamos subidas. Por isso, foi muito importante saber a hora de descer da bicicleta. Somente os que estão muito treinados, ou usam de uma bike elétrica conseguem “zerar” as subidas.
Parávamos a cada 500 metros para retomar o fôlego, hidratar o corpo e esperar os companheiros que ficaram para trás. Vale ressaltar que eu fui esperado por diversas vezes pelos meus companheiros. Nessas paradas também aproveitamos para apreciar as belezas naturais. Inúmeros córregos, cachoeiras e muitas montanhas. Ai era possível contemplar as maravilhas da criação e a grandeza do criador.
Depois de 10 km de subidas, muito suor e poeira, por fim, vencemos a Luminosa.
O que não seria possível sem a ajuda do grupo. Um foi apoiando o outro e até mesmo empurrando ou puxando a bicicleta. Um de nossos integrantes, o Márcio, está com uma bicicleta elétrica, por isso, ele ajudava com uma mão amiga empurrando os que ficaram para trás.
Ainda no alto da montanha, cruzamos a fronteira e chegamos ao estado de São Paulo.
Depois de mais de 200km, por fim, estávamos chegando a Campos do Jordão. Almoçamos na localidade do Campistas, não que tenhamos muita fome, mas, como aprendi aqui no caminho, não espere dar fome pra comer e nem dar sede pra beber. O corpo já estará precisando antes dos seus sinais aparecerem.
Era perceptível a mudança de cidade, o clima estava bem mais frio e as características da mata também mudaram. Logo passamos a ver as grandes casas de campos na região serrana. Depois de mais alguns quilômetros, muito mais do que esperávamos, estávamos na área urbana da cidade.
Pela primeira vez depois de 5 dias de pedal, acabei formando assaduras, o que pode prejudicar muito o trajeto final de amanhã. Aqui chegando viemos direto para o hotel. Após o banho e também organizarmos as coisas, rezamos uma missa e saímos conhecer um pouco as ruas da cidade.
Aliás, achei a cidade encantadora e pretendo voltar um dia para conhecer melhor. Agora já estou no quarto e a ansiedade é enorme para chegarmos ao Santuário na tarde de amanhã. Todavia vale lembrar que ainda temos mais de 60 km pela frente. O desafio ainda não chegou ao fim.
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