Devoção a Santa Teresinha: uma história de provações, conquistas e força para continuar

“É impossível não se apaixonar por Santa Teresinha”.

Quem afirma é Fabíola Negreiros, engenheira de produção que mora em Natal, Rio Grande do Norte. Ela completa: “não somos nós que escolhemos os santos, mas eles que nos escolhem. Comigo foi exatamente isso. Ela me escolheu, eu me sinto escolhida por ela. E nossa história começou há muito tempo”. 

Ao lado da santa que escolheu interceder por Fabíola (veja no final deste post a história de Santa Teresinha), a engenheira vivenciou momentos de alegrias, devoção, tristezas, provações e muita fé. 

A história dela é uma inspiração para jovens que enfrentam desafios e passam por momentos de provação. Recentemente, Ironi Spuldaro disse em entrevista para o IDe+ que:

 “Jesus nos ensinou a cumprir as vontades do Pai, porque esse é o melhor caminho. É o caminho da bênção e da graça. Nós, sempre que estivermos sujeitos e submissos à vontade de Deus, sempre teremos graça, paz, milagre e libertação”. Portanto, cumprir os desígnios de Deus é entender que o caminho preparado por Ele nos possibilita encontrar a nossa própria libertação. 

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Uma Santa esquecida

Fabíola nasceu em Mossoró (RN), mas aos cinco anos foi embora com a família para Jundiaí, no interior de São Paulo. Viveu por mais de dez anos na cidade paulista e, já adolescente, seus pais decidiram voltar para seu estado de origem. “Eu estava no auge da adolescência, não queria ir. Fui muito resistente. Minha rede de amigos estava em São Paulo e eu estava muito triste com a mudança”, conta. 

A engenheira já tinha uma vida ligada à Igreja e uma das pessoas que fazia parte dessa rede paulistana de amigos a apresentou a Santa Teresinha. “Dias antes de voltar para Natal ela me apresentou Santa Teresinha. Me deu a novena e me explicou que ela era a santa das rosas. Contou sobre o poder da novena, que até então eu não conhecia”. 

Naquele momento, a novena ficou guardada junto das malas que levaram Fabíola de volta às suas raízes. Ela ainda não tinha nenhuma ligação com a santa. A novena, mesmo poderosa, ficou esquecida por um período curto de tempo. 

A adaptação na nova cidade não foi fácil e Fabíola pensava em diferentes maneiras que a fariam retornar para São Paulo. “Foi um tempo que eu fiquei muito triste, meio revoltada, não queria fazer vestibular, nada. Eu dormia e acordava pensando em formas de ganhar dinheiro e voltar para Jundiaí”.

A vida dela só mudou na hora de prestar vestibular. Mesmo sendo uma boa aluna sempre, um ano de rebeldia fez com que ela não se sentisse segura para as provas. Além disso, estava meio perdida em relação ao curso que iria fazer. A tia, “aperreada” com a situação, a inscreveu para o vestibular de Engenharia da Produção, que Fabíola sequer sabia o que significava.

 “Quando estava chegando perto da prova, começou a me dar um desespero, uma angústia. Aí lembrei dessa novena de Santa Teresinha. Eu já rezava muito, aí quando lembrei pensei: ‘a novena também pode me ajudar’”. 

Conhecendo Santa Teresinha

Fabíola conta que rezava muito antes de conhecer Santa Teresinha, mas quando reencontrou a novena, buscou conhecer mais sobre quem era essa mulher. “Fui me encantando com a história dela, uma história de sofrimento, mas ao mesmo tempo de muita resiliência e, acima de tudo, com felicidade, com leveza, com amor maior que tudo a Deus”. 

Foi inevitável. Ela começou a se identificar com Santa Teresinha e a  novena para passar no vestibular era o começo da história das duas. “Eu pedia a ela: se for da minha felicidade que eu passe”.

É comum, ao fazer a novena de Santa Teresinha, que se você receber uma flor, a graça vai ser alcançada. Naqueles dias, a então estudante recebeu várias, em uma demonstração de afeto e intercessão da Santa por ela. 

“Durante a novena eu recebi algumas rosas, não foi uma só. Recebi um buquê, uma flor amarela, e eu recebia de pessoas aleatórias, de gente que não sabia que eu estava fazendo a novena. Ainda assim eu estava pensando: será, será mesmo?”. 

Duvidando da sua própria fé, Fabíola fez um pedido especial à santa – que agora começava a ser de sua devoção. “Se for realmente por intermédio da senhora, que eu passe na posição 24, porque é um número muito significativo para mim e para ela também”.

Dia 24 é o dia do nascimento da jovem e a idade em que a santa de devoção morreu. O aniversário de Santa Teresinha é próximo da data de Fabíola, poucos dias de diferença. E quer mais uma coincidência? Fabíola nasceu um dia depois da primavera, no florescer de todas as flores, exatamente o mesmo símbolo da sua inspiração na fé. 

Agora você já deve esperar a resposta que Fabíola recebeu no dia do vestibular e, caso tenha a mesma dúvida que ela, o resultado foi a aprovação na 24ª colocação. “Eu fiquei muito impressionada, muito agradecida. Eu tive certeza que era ela comigo ali”. 

Josy e Fabíola ajudaram a fortalecer uma a fé da outra

Devoção e fé entre amigas

Com a admiração e a fé em alta, Fabíola entrou na universidade, quando aumentou sua conexão com a santa. Um tempo depois conheceu Josy Oliveira, sua grande amiga, irmã de coração e de alma, ou, nas palavras da entrevistada, a grande amiga da sua vida. 

A amizade foi fortalecida pela fé em Santa Teresinha, e olha que foi Fabíola quem apresentou a santa para a amiga. “Estávamos passando por momentos difíceis e nos unimos na fé. Ela estava afastada da Igreja, mas aos poucos ficou mais devota do que eu”. 

Amigas na felicidade e também nos temporais. Josy lutou contra um câncer durante os anos de 2015 e 2016. A doença foi descoberta quando as amigas estavam estudando inglês na Austrália, ao lado do marido de Josy. Os três se fortaleceram na fé para enfrentar os primeiros grandes desafios, entre tantos que ainda estavam por vir. Santa Teresinha era seu alicerce e a devoção só aumentava diante das intempéries. “Uma vez ela me disse: ‘amiga, tudo o que eu passei, o que a gente passou, foi Deus me preparando para viver o que vivemos’”. 

As amigas, irmãs de alma, criaram laços com Santa Teresinha. Nos momentos mais difíceis, era a fé e a confiança entre ambas que fazia um novo dia amanhecer. Nem sempre entendemos as promessas de Deus e nos questionamos sobre os motivos que, por exemplo, a morte chega. No entanto, a própria fé nos demonstra que devemos confiar nos planos dEle. 

Emocionada, Fabíola concluiu a entrevista falando:

“Santa Teresinha me deu uma flor chamada Josy, e eu fui uma flor que Santa Teresinha deu a ela.  Deus estava chamando-a para junto dele, mas antes disso nos preparou e nos presenteou com essa amizade”. 

Josy e Fabíola vivenciaram uma amizade marcada pela fé, carinho e muita devoção a Santa Teresinha

A simplicidade das pequenas coisas

Assim como Santa Teresinha pregava, Fabíola e Josy conseguiram amar e ver a felicidade na simplicidade das pequenas coisas. Isso porque ambas se consideram presentes na vida uma da outra, como flores enviadas pela Santa para rechear a vida. 

“Passeando pelo shopping, a gente viu uma flor e na hora, foi instantâneo, nos olhamos e falamos: vamos tatuar essa flor. Isso foi em 2013, e até hoje eu carrego uma flor no ombro esquerdo, perto do coração. A mesma flor para nós duas, para nunca esquecermos de Santa Teresinha e do presente que foi a nossa amizade”. 

Fabíola e a amiga, Josy, com a tatuagem que fizeram em homenagem a amizade delas e a Santa Terezinha

Apesar de Josy já estar junto ao Pai, a fé das duas e a devoção seguem marcadas. Ela conta que lembra com carinho da amiga e de Santa Teresinha quando olha para um ato simples, gravado muito mais forte no seu coração e memórias. “A tatuagem já está meio apagada, só que quando olho para ela, lembro dessa amizade tão importante para mim”. 

Nos seus últimos dias de vida, Josy passou por profundas provações. Fabíola conta que mesmo nos momentos das mais intensas dores, ela tinha gratidão a Deus, expressava amor, fé e esperança no Pai, assim como sua querida Santa Teresinha, que tanto inspira e leva jovens ao caminho de Deus.

Santa Teresinha continuou/continua presente enviando sinais

Fabíola nos contou vários episódios em que Santa Teresinha esteve presente na vida das amigas, demonstrando o quanto estava ali com elas. A primeira coincidência é que Josy nasceu no dia 4 de outubro, exatamente o mês em que a Igreja celebra a Santa.

Ainda na Austrália, quando a doença foi descoberta, Josy ficou internada muitos dias e precisou fazer uma cirurgia. O problema é que a diária do hospital em que ela realizou o atendimento tinha um valor de mais de mil dólares. O preço era muito alto e o casal não teria como pagar. O marido de Josy, Peterson, trabalhava em uma obra e os colegas viram o desespero dele. A esposa de um deles trabalhava na administração do hospital onde Josy estava e, por intermédio dela, conseguiu viabilizar todos os custos por meio do seguro e nada precisou ser pago. Sabe o nome da mulher? Teresa.

Josy ainda sonhava em ser mãe. Se tivesse uma menina, o nome seria Maria Teresa, em homenagem à Nossa Senhora e também à Santa de Devoção das amigas. Deus levou Josy antes do sonho se concretizar. No entanto, Fabíola leva o sonho adiante e, caso tenha uma filha, o nome será Maria Teresa. 

A última mensagem de Santa Terezinha para Fabíola foi no dia da publicação deste texto. Depois de muito tempo sem receber flores, Fabíola nos enviou a foto abaixo, com um buquê de rosas que recebeu. 

Quem é Santa Teresinha

Com nome de batismo Marie Françoise Thérèse Martin, Santa Teresinha do Menino Jesus é uma francesa que viveu entre os anos de 1873 e 1897. Com quatro anos, sua mãe faleceu, se apegando muito à sua irmã mais velha, Paulina. Quando a segunda mãe entrou para o Carmelo, cumprindo suas vocações, Teresinha ficou muito doente. Melhorou quando olhou para a imagem da Imaculada Conceição de Maria, a quem seus pais eram devotos. Todas as irmãs também se tornaram freiras. 

Aos 14 anos, estava decidida a entrar para a ordem das carmelitas descalças. No entanto, com essa idade não era permitido que ela frequentasse a congregação. Persistente, continuou tentando e, em uma viagem para a Itália, realizou uma audiência com o Papa Leão XIII para receber autorização para entrar no convento. Na ocasião, impressionado com a determinação da garota, o Papa concedeu a ela esse direito. Em 1888 entrou para o Carmelo de Teresinha do Menino Jesus. 

Apesar de ter morrido aos 24 anos, dedicou sua vida à fé. Revelou ao mundo a importância de valorizar as pequenas coisas, gestos e as obrigações do dia a dia, que quando feitas com amor, são muito mais significativas.

“Sigamos o caminho da simplicidade. Entreguemo-nos com todo o nosso ser ao amor. Em tudo busquemos fazer a vontade de Deus. O zelo pela salvação das pessoas devore nosso coração”, falava a Santa.

 

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