“Dilexi te”: o que diz a primeira exortação apostólica do Papa Leão XIV

“Dilexi te”: o que diz a primeira exortação apostólica do Papa Leão XIV Papa Leão XIV assina sua primeira exortação apostólica./Foto: reprodução Vatican News

Em outubro, foi publicada a primeira exortação apostólica do Papa Leão XIV, um trabalho iniciado por Papa Francisco sobre o tema do serviço aos pobres, em cujo rosto encontramos “o sofrimento dos inocentes”. O Pontífice denuncia “a economia que mata”, “a falta de equidade”, “a violência contra as mulheres”, “a desnutrição”, “a emergência educacional”. Ele faz seu o apelo pelos migrantes e pede aos fiéis que façam ouvir “uma voz que denuncie”, porque “as estruturas da injustiça devem ser destruídas com a força do bem”.

Dilexi te significa “Eu te amei”. O amor de Cristo que se encarna no amor aos pobres, entendido como cuidado dos doentes; luta contra a escravidão; defesa das mulheres que sofrem exclusão e violência; direito à educação; acompanhamento aos migrantes; esmola que “é justiça restabelecida, não um gesto de paternalismo”; equidade, cuja falta é “a raiz de todos os males sociais”.

A Dilexi te tem 121 pontos com base no Evangelho do Filho de Deus que se tornou pobre desde sua entrada no mundo e que relança o Magistério da Igreja sobre os pobres nos últimos cento e cinquenta anos.

Passos dos antecessores

Com este documento assinado em 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, o Pontífice agostiniano segue assim os passos dos seus antecessores: João XXIII, com o apelo aos países ricos na Mater et Magistra para que “não permaneçam indiferentes perante os países oprimidos pela fome e pela miséria” (83); Paulo VI, com a Populorum Progressio e o discurso na ONU “como advogado dos povos pobres”; João Paulo II, que consolidou doutrinariamente “a relação preferencial da Igreja com os pobres”; Bento XVI e a Caritas in Veritate, com sua leitura “mais marcadamente política” das crises do terceiro milênio; e, por fim, Francisco, que fez do cuidado “pelos pobres” e “com os pobres” um dos pilares do seu pontificado.

Foi o próprio Papa Francisco que, nos meses que antecederam sua morte, iniciou o trabalho sobre a exortação apostólica. Assim como aconteceu com a Lumen Fidei, de Bento XVI, acolhida em 2013 por Jorge Mario Bergoglio, também desta vez é o sucessor que completa a obra, que representa uma continuação da Dilexit Nos, a última encíclica do Papa argentino sobre o Coração de Jesus.

Porque é forte a “ligação entre o amor de Deus e o amor pelos pobres: através deles, Deus ainda tem algo a nos dizer”, afirma Papa Leão. Ele retoma o tema da “opção preferencial pelos pobres”, expressão nascida na América Latina (16) “não para indicar um exclusivismo ou uma discriminação em relação a outros grupos, mas a ação de Deus que se move por compaixão pela fraqueza da humanidade”.

Os “rostos” da pobreza

“No rosto ferido dos pobres encontramos impresso o sofrimento dos inocentes e, portanto, o próprio sofrimento de Cristo” (9). São numerosos os pontos para reflexão e as motivações para a ação na exortação.

Diante desse cenário, o Papa considera “insuficiente o compromisso de eliminar as causas estruturais da pobreza” em sociedades marcadas por “numerosas desigualdades”, pelo surgimento de “novas formas de pobreza mais sutis e perigosas” e por regras econômicas que aumentaram a riqueza “mas sem equidade”, conforme está expresso na exortação.

“Quando dizem que o mundo moderno reduziu a pobreza, fazem-no medindo-a com critérios doutros tempos não comparáveis à realidade atual”, afirma Papa Leão XIV (13). Ele saúda “com satisfação” o fato de que “as Nações Unidas tenham colocado a erradicação da pobreza como um dos objetivos do Milênio”.

Entretanto, observa que o caminho é longo, especialmente numa época em que continua a vigorar “a ditadura de uma economia que mata”, em que os ganhos de poucos “crescem exponencialmente”, enquanto os da maioria estão “cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz”.

Mudança de mentalidade

O Papa invoca uma “mudança de mentalidade”, libertando-se antes de tudo da “ilusão de uma felicidade que deriva de uma vida confortável”. Isso leva muitas pessoas a uma visão da existência centrada na riqueza e no sucesso “a todo custo”, mesmo em detrimento dos outros e por meio de “sistemas político-econômicos injustos”.

Papa Leão XIV dedica um amplo espaço ao tema das migrações. Para ilustrar suas palavras, usa a imagem do pequeno Alan Kurdi, o menino sírio de 3 anos que se tornou símbolo da crise europeia dos migrantes, cujo corpo foi encontrado na praia.

Ele também retoma os “quatro verbos” de Francisco: “acolher, proteger, promover e integrar”. “Servir aos pobres não é um gesto a ser feito de cima para baixo, mas um encontro entre iguais… A Igreja, portanto, quando se curva para cuidar dos pobres, assume sua postura mais elevada”.

O Pontífice, na exortação, cita ainda as mulheres vítimas de violência, a esmola e a verdadeira caridade.

 

  • Leia a exortação apostólica “Dilexi te” na íntegra: CLIQUE AQUI

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