A Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho de 2023, promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aborda o tema “Segurança e Saúde no Trabalho como princípio e direito fundamental – Riscos psicossociais relacionados ao trabalho”. O objetivo é fortalecer a cultura de prevenção de acidentes e doenças do trabalho no Brasil.
A campanha segue até dezembro deste ano em todo o país, com a realização de eventos públicos em todos os Estados para sensibilização e conscientização de empregadores e trabalhadores quanto aos cuidados que devem ser tomados para a prevenção de acidentes no ambiente de trabalho.
O alerta este ano vai para os riscos psicossociais relacionados à atividade laboral. E que riscos são esses?
A Técnica de Segurança Rosane Moreira esclarece que os riscos psicossociais são fatores que contribuem ou causam adoecimento mental aos trabalhadores e são decorrentes de falhas na organização e gestão das atividades.
Segundo ela, esses fatores de risco relacionados ao trabalho podem resultar em transtornos mentais e do comportamento do trabalhador e ainda doenças do sistema nervoso, conjuntivo e osteomuscular, entre outras dificuldades físicas e mentais.
“Atividades repetitivas e com alta cadência, atribuição de responsabilidades e metas excessivas, excesso de trabalho e competitividade, cultura organizacional inadequada e ausência de perspectivas ou recompensas são exemplos de situações que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças relacionadas ao trabalho, além de contribuir para a ocorrência de acidentes de trabalho típicos”, explica Rosane Moreira.
A especialista comenta ainda que, como profissional da área de segurança, gostaria que as empresas olhassem com mais atenção para os riscos psicossociais e que investissem, a médio e longo prazo, em um ambiente de trabalho saudável.
“Não é um custo adicional, mas sim um investimento”, avalia a Técnica de Segurança.
Entre os casos mais comuns de problemas psicossociais relacionados ao trabalho estão a depressão, a ansiedade, o estresse ocupacional, a síndrome do pânico, a síndrome de Bornout, dores físicas como fibromialgias e até mesmo lesões.
Conforme pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), já é possível relacionar o atual aumento de casos de acidente vascular cerebral (AVC) e de doenças cardíacas a jornadas prolongadas de trabalho.
A incidência dessas patologias gera custos de indenizações na Previdência Social, no Sistema Único de Saúde (SUS) e no sistema de seguros.
Os riscos psicossociais que levam a doenças do trabalho trazem consequências para o indivíduo afetado, para a organização, para a sociedade. Representam um dos maiores desafios para a saúde e para a segurança dos trabalhadores. As consequências mais comuns são:
De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, a média anual de acidentes de trabalho no Brasil, entre os anos de 2002 e 2021, foi de 601.993 ocorrências, que resultaram em 2.591 mortes e 9.419 incapacitações permanentes. Além das consequências pessoais e familiares, os acidentes de trabalho geram grandes impactos nas contas da União, dos Estados e dos municípios, bem como custos e perdas para as empresas.
Para se ter uma ideia, em 2013, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou que o mundo perdeu 4% do PIB devido a acidentes e doenças do trabalho, o equivalente a R$ 396 bilhões de reais.
No documento “Saúde Mental no Trabalho” (“Mental Health at Work: policy brief”) produzido pela OIT em 2022, são sugeridas estratégias práticas para governos, empregadores, trabalhadores e suas organizações, nos setores público e privado. O objetivo é incentivar a prevenção de riscos para a saúde mental, proteger e promover a saúde mental no trabalho e apoiar as pessoas com problemas de saúde mental para que possam participar e prosperar no mundo do trabalho. Investimento e liderança são fundamentais para a aplicação das estratégias, aponta o documento.
De acordo com o Relatório Mundial de Saúde Mental da OMS, de 2022, de cada um bilhão de pessoas, 15% são adultos em idade ativa com algum transtorno mental. O bullying e a violência psicológica estão entre as principais queixas de assédio no local de trabalho.
Para o trabalhador que sente que está passando por dificuldades no seu ambiente laboral, fica a dica de buscar o diálogo e pedir ajuda. Pode conversar com alguém de sua confiança ou da área de Recursos Humanos, bem como da segurança do trabalho. Em alguns casos, a sugestão é procurar ajuda especializada de um médico ou psicólogo. Quando há união, empatia e amor ao próximo no enfrentamento a problemas, as chances de sucesso são incrivelmente maiores.
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