“A doçura é a flor da caridade, o verdadeiro Espírito dos Cristãos” (São Francisco de Sales).
Uma pessoa diplomática é pacífica e sabe dialogar com muitos indivíduos diferentes de forma amável e tranquila. A diplomacia não tem nada a ver com falsidade nem com falta de personalidade, mas com a capacidade de gerenciar relacionamentos e situações sem se envolver em conflitos desnecessários.
Parece impossível não ter conflitos com os outros em uma sociedade repleta de diferenças. Contudo, a partir de dicas simples, podemos desenvolver mais tolerância e diplomacia. Esta qualidade auxilia no cumprimento das virtudes cristãs, pois a personalidade pacífica evita os pecados da ira e do orgulho.
Se você se concentrar nas diferenças que existem entre os seres humanos, jamais será capaz de amá-los com doçura e espírito cristão. Certa vez, Madre Teresa de Calcutá afirmou: “quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las”.
Muitas vezes, quando somos apaixonados pelos nossos valores, julgamos aqueles indivíduos que têm ideais diferentes das nossas. Todavia, não podemos nos esquecer que o nosso principal valor é o amor. “Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade” (Coríntios 13,13).
Há pessoas que ficam obcecadas pelas diferenças entre cada ser humano. Outras apenas iniciam conversas sobre assuntos polêmicos e que causam divergências: política, futebol, fofocas sobre celebridades, estilo de vida e ideologias. Entretanto, provocar conflitos é tolice e até mesmo uma desobediência ao verdadeiro espírito cristão.
Na Bíblia, observamos que cultivar a paz é sinônimo de honra enquanto procurar contendas representa o afastamento da moral. “É uma glória para o homem abster-se de contendas; o tolo, porém, é o único que as procura” (Provérbios 20,3).
É recomendável ter sensibilidade para evitar temas que causam confrontos. Desse modo, desenvolvemos diálogos mais saudáveis com o próximo sobre assuntos construtivos e inteligentes.
Todos podem compartilhar algo bom com o outro. Compartilhe curiosidades, fale sobre o seu dia de modo amável, divida o seu conhecimento ou transmita os seus aprendizados. As conversas saudáveis promovem relacionamentos saudáveis, enquanto os diálogos destrutivos fomentam relacionamentos tóxicos.
As pessoas não são iguais. Por mais nobres e corretos que sejam os nossos pensamentos, desejar que todo mundo concorde com as nossas ideias é orgulho. A diplomacia não tem a ver com falsidade, mas com uma bela expressão de humildade. Colocar o amor acima das diferenças é uma prova de caridade.
Sendo assim, procure mais as semelhanças e menos as diferenças. Ser diplomático é saber criar pontes em vez de erguer muros entre os indivíduos. Perceba os pontos semelhantes entre a sua história de vida e a história de vida dos demais.
Busque conexões emocionais através de gostos em comum. Você pode encontrar alguém com opiniões distintas das suas em alguns assuntos, mas que apresenta pensamentos semelhantes aos seus em outras áreas do conhecimento. Não é necessário concordar com todas as ideias do outro para ter uma boa amizade ou para desenvolver um bom relacionamento.
Diversas vezes, são os detalhes em comum que unem os indivíduos: um prato favorito, um estilo musical e até mesmo um sonho parecido. Procure detalhes parecidos entre a sua vida e a vida do próximo, porque as pequenas coincidências podem gerar conexões afetivas incríveis. Uma semelhança secreta entre pessoas com personalidades diferentes preserva mais o afeto do que um grande ideal.
Não se afaste de um indivíduo por causa de uma mera divergência, enxergue a essência dele em sua totalidade. Jesus nos ensinou a enxergar as pessoas além das aparências e a ver o melhor em cada uma delas. Ele não escolhia discípulos perfeitos, mas era o Mestre que lapidava “diamantes brutos”.
Criar pontes de amor com pessoas que pensam diferente não exige a anulação das suas convicções nem o esquecimento da sua personalidade. A partir do momento que você trata alguém diferente com amor, ela também saberá ser tolerante com o seu jeito de ser.
A verdadeira diplomacia acontece quando existe uma troca respeitosa entre indivíduos com ideais distintos. Não existe diplomacia genuína entre duas pessoas que fingem afeto nem no discurso politicamente correto.
A maneira mais inteligente de compartilhar as nossas ideias é aquela que respeita algumas etapas de uma comunicação boa e amorosa: ouvir o outro primeiro, falar sobre pontos semelhantes entre a nossa vida e a dele, comentar sobre assuntos agradáveis e revelar os nossos pensamentos com calma. Quando a revelação dos nossos pensamentos acontece na última etapa da conversa, as chances do outro compreender as nossas convicções serão maiores. Se alguém impõe as suas ideias por uma comunicação agressiva logo no primeiro contato, o diálogo será transformado em conflito.
É possível transmitir as suas ideias e revelar a sua verdadeira personalidade de uma forma bela e pacífica. Ressalta-se que o respeito e a tolerância doados para o outro retornam para você. Um diálogo justo ocorre quando cada um tem o direito de manifestar os seus pensamentos.
Para evitar um conflito, nem sempre será necessário ocultar uma convicção. Muitas vezes, a maneira como uma ideia é comunicada é mais responsável pela harmonia de uma conversa do que o conteúdo de um assunto. Um tema mais complexo pode ser abordado de maneira gentil. A escolha das palavras determina o rumo do diálogo e a harmonia entre os indivíduos.
Portanto, escolha palavras gentis para expressar as suas ideias. Use um tom de voz calmo e não seja rude com o outro. A verdadeira força de caráter não tem nada a ver com a violência, mas com a nossa capacidade de amar quem pensa diferente. Dialogar com pessoas diferentes sem brigar com elas é o maior sinal da maturidade.
Uma boa comunicação não somente evita desavenças, mas também é capaz de solucionar um conflito já existente. Por exemplo, para promover a paz e a justiça, muitos profissionais da área do Direito estudam a comunicação não violenta (também chamada de comunicação compassiva). Esse estilo de comunicação é fruto de uma pesquisa desenvolvida pelo psicólogo Marshall Bertram Rosenberg.
No mundo jurídico, a comunicação não violenta é aplicada na mediação, por exemplo. Ressalta-se que a mediação judicial é uma ferramenta usada para resolver um conflito através de um bom acordo entre as partes. Logo, elas terão mais autonomia para buscar soluções que compatibilizam os seus interesses de forma pacífica.
Sabe-se que a mediação é uma boa alternativa ao litígio judicial, porque evita uma ação judicial demorada. Nesse modo de solução de conflitos, uma terceira pessoa (o mediador) facilita o diálogo entre as partes. A comunicação compassiva inspira o mediador a manter uma linguagem imparcial e repleta de empatia.
Algumas características da comunicação não violenta são:
Sugiro uma oração belíssima que eleva a sabedoria, a paz, o amor e a compreensão entre as pessoas:
Senhor, no silêncio deste dia que amanhece, venho pedir-te força, sabedoria, paz. Quero olhar hoje o mundo com olhos cheios de amor; ser paciente, compreensivo, justo, equilibrado; quero ver, além das aparências, teus filhos, como tu os vês, e assim só ver o bem em cada um. Cerra meus ouvidos a toda a calúnia, guarda minha língua de toda a maldade. Que só de concórdia viva o meu espírito. Seja eu tão bom e alegre que todos quantos se achegarem a mim sintam a tua presença. Reveste-me interiormente de tua beleza, Senhor, e no decurso deste dia eu te revele a todos. Amém.
Observação: na parte final da Bíblia Ave Maria (Orações Diárias do Cristão), você encontra essa oração (páginas 5 e 6).
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