Em uma das suas raras aparições, em 2010, a cidade de Turim, na Itália, recebeu milhões de fiéis que chegaram à capital do Piemonte não em busca da sua famosa gastronomia, mas para venerar um dos objetos mais procurados do mundo: o Santo Sudário. A impressão milagrosa do corpo de Jesus Cristo em uma mortalha de linho logo após a crucificação, porém, não é reconhecida oficialmente como relíquia pela Igreja Católica.
O Sudário de Turim, como também é tratado, apresenta a imagem da frente e do verso do corpo de um homem que morreu crucificado, como um negativo perfeito, anatomicamente detalhado, qualidade aliás que desfaz o argumento de quem não crê que se trata de Jesus. Isso porque, para os descrentes, trata-se de uma pintura feita por artistas no século XIV, mas tantos detalhes são incompatíveis com as habilidades artísticas registradas até o final da Idade Média.
A peça retangular com cerca de 4,5m de comprimento e 1m de largura diz muito sobre as características físicas, o sofrimento e a morte de um homem, que, para muitos, é Jesus de Nazaré. Com base no Sudário, Cristo era uma pessoa alta, com quase 1,80m de altura e cerca de 70 ou 80kg. Ele tinha ombros largos e braços e pernas bem definidos, um rosto altivo e cabelos grossos e bem cuidados, que batem com a descrição histórica do Filho de Deus. A idade no momento do óbito foi estimada entre 30 e 40 anos.
O Santo Sudário representa a forte tortura e intenso sofrimento. O olho direito está inchado, quase fechado; o nariz, quebrado; ambas as sobrancelhas, inchadas, e há várias outras lacerações nas bochechas, todas resultado de espancamento. Peito, ombros, costas, pernas e nádegas estão cobertos de cortes feitos por um chicote.
Os fluxos de sangue que saem do couro cabeludo indicam que a coroa de espinhos não era uma peça delicada levemente encaixada na altura da testa. Na verdade, se aproximava mais de um capacete, que cobria toda a cabeça e era encaixado a força para provocar ferimentos.
Outro paralelo existente entre o Sudário e Jesus Cristo é a mancha considerável de sangue que se vê na lateral do peito. De acordo com o Evangelho de João, quando os judeus pediram permissão a Pôncio Pilatos para quebrar as pernas do crucificado, “um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água” (19,34).
Diferentes teorias para a “água” que jorrou do corpo já foram publicadas, mas a maioria dos patologistas concorda que se trata de um fluido emanado de uma perfuração post mortem do coração através de um espaço entre a quinta e a sexta costelas. Mais uma característica confirmadora: um fluido claro pode ser visto na mortalha quando submetido a exames de raios-x.
Mencionado pela primeira vez em 1354, o Sudário foi denunciado em 1389 pelo bispo de Troyes como sendo falso, e desde 1578, está guardado na capela real da Catedral de Turim. A peça é raramente exibida em público e a última grande exposição, feita em 2010, atraiu mais de dois milhões de fiéis de todo o mundo.
Apesar de toda a conformidade existente entre o Sudário de Turim e a morte de Jesus Cristo, não há o endosso da Igreja sobre a sua veracidade. Em 2013, o Papa Francisco referiu-se a ele como um “ícone de um homem flagelado e crucificado”. Dois anos depois, ele visitou à peça e já em 2020, no contexto da pandemia, procedeu oração e contemplação diante do Santo Sudário em celebração virtual a partir do Vaticano.
De todo modo, a fé católica na crucificação e na ressurreição de Jesus Cristo não depende da autenticidade do Sudário de Turim. Na verdade, a peça permite uma visão mais clara e concreta de como Jesus morreu (por nós) de modo sofrido e cheio de dor. Reconhecimento que respalda o seu amor pela humanidade e a necessidade de todos serem gratos com devoção.
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.