Antes de explicar se é permitida ou não a venda, é necessário entender o que são elas. Para a Igreja Católica, são consideradas relíquias sagradas partes de corpos ou de roupas de Santos. Seguindo o que disse São Tomás de Aquino na Suma Teológica, é permitido ter fé nesses instrumentos, pois: “O próprio Deus honra como convém às suas [dos santos] relíquias, pelos milagres que faz na presença delas” (STh III 25, 5).
O texto de São Tomás faz referência, por exemplo, ao que aconteceu com São Paulo, que enquanto ainda era vivo servia como instrumento de Deus para realizar milagres. “Deus fazia milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que tinham tocado o seu corpo eram levados aos enfermos” (Atos dos Apóstolos, 19).
Há uma diferença, nesse sentido, entre as relíquias. Uma é a própria dos restos mortais, que são chamados de primeira classe. Outras, denominadas de segunda classe, são as que estiveram em contato com os Santos. A Igreja ainda considera as relíquias como sacramentais, que não têm, portanto, relação com o fanatismo e superstição, mas como forma de culto e devoção.
A comercialização ou venda de relíquias sagradas foi uma prática recorrente no início dos séculos. Porém, o Código de Direito Canônico (1190) destaca que não é permitida a venda das relíquias.
“As relíquias insignes ou outras que sejam honradas com grande veneração pelo povo, de modo nenhum se podem alienar validamente nem transferir perpetuamente sem licença da Sé Apostólica. (…) Aplica-se também às imagens que se honrem nalguma igreja com grande veneração do povo”.
A Igreja Católica, portanto, é contra a venda de qualquer relíquia sagrada. A condenação da prática segue os ensinamentos bíblicos, dos quais, na passagem de Mateus 10,8, tem-se: “Recebestes de graça, pois dai gratuitamente”. Sendo assim, não é permitido que ninguém se aproprie dos bens espirituais de Santos e se considere dono dos mesmos.
As relíquias são consideradas pela Igreja Católica como um tesouro espiritual e patrimônio da fé cristã. Sendo assim, como memória dos Santos e Mártires, as relíquias sagradas devem ser cuidadas e podem servir de inspiração de fé para outros fiéis. Por isso, a venda não é permitida e a Igreja costuma cuidar desses instrumentos em seus espaços.
É comum, portanto, ter relíquias em igrejas ou templos. Como casas do Senhor, abertas a todos os fiéis, recebem inúmeros peregrinos em busca do reencontro com Deus e seus ensinamentos. As relíquias auxiliam nesse processo.
Hoje, o Vaticano é o lugar com o maior número de relíquias do mundo. Fora de lá, a Regalis Lipsanotheca, no Castelo de Ourém, em Fátima (Portugal), está com o segundo maior número de relíquias.
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