Eles deram a vida em nome da fé: conheça os mártires do Brasil

Eles deram a vida em nome da fé: conheça os mártires do Brasil

A Igreja denomina como mártir aquele que sofreu violência extrema ou perdeu a vida em defesa do seu amor incondicional a Deus, por não abrir mão da sua crença e doar-se até as últimas consequências para defender a sua fé. Não faltam exemplos de mártires na tradição católica.

Um dos exemplos de martírio de representantes da Igreja Católica são os 40 Mártires do Brasil, um grupo de jovens missionários da Companhia de Jesus, na faixa entre 20 e 30 anos, liderados pelo Beato Inácio de Azevedo. Tudo ocorreu quando vieram de Portugal para a nova colônia, onde tinham a missão de evangelizar os povos indígenas, por volta de 1570.

O grupo era formado por 32 portugueses e 8 espanhóis. Dois sacerdotes, um diácono, 14 irmãos e 23 estudantes, todos recrutados pelo padre Inácio de Azevedo e com um sonho em comum: evangelizar as almas do Novo Mundo. A missão teve o apoio do Papa São Pio V.

Apesar de não terem nascido no Brasil, morreram por acreditar na missão de evangelização do nosso país, enquanto ainda éramos colônia portuguesa. Por essa razão, são conhecidos como os 40 Mártires do Brasil.

Atirados ao mar

A armada de Dom Luís de Vasconcelos, novo Governador do Brasil, zarpou da foz do rio Tejo, em Portugal, no dia 5 de junho de 1570. Trouxe o esquadrão de voluntários formado pelo Padre Inácio e seus 39 companheiros, a bordo da nau mercante São Tiago.

A rotina na embarcação era de orações dos noviços e diáconos em torno do padre Azevedo, leituras coletivas e cânticos. As atividades se encerravam ao pôr do sol, com o canto da Salve Rainha.

Ao passarem pelas Ilhas Canárias, arquipélago espanhol na costa noroeste da África, a nau São Tiago foi interceptada por embarcações de protestantes franceses, lideradas pelo corsário calvinista Jacques Sourie, algoz de jesuítas. Ao tomarem conhecimento que a tripulação do navio capturado era formada por missionários católicos, todos foram degolados e atirados ao mar.

Momentos antes do ataque, o Beato Inácio de Azevedo reuniu todos os missionários no convés da embarcação e proferiu palavras de coragem e fé:

“Irmãos, preparemo-nos todos, porque hoje vamos povoar o Céu. Ponhamo-nos todos em oração e façamos de conta que esta é a última hora que temos de vida”.

O Papa Pio IX confirmou o culto aos 40 Mártires do Brasil em 1854 e a Igreja passou a celebrar a sua memória litúrgica no dia 17 de julho.

Mártires de Cunhaú e Uruaçu

Monumento aos Mártires de Cunhaú e Uruaçu em São Gonçalo do Amarante (RN)/Foto: divulgação Prefeitura de São Gonçalo do Amarante

O Estado do Rio Grande do Norte também foi cenário de martírio de católicos, com massacres registrados nas localidades de Cunhaú e Uruaçu, promovidos por holandeses protestantes calvinistas, dispostos a obrigar a população local à conversão calvinista.

A primeira chacina aconteceu na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho de Cunhaú, município de Canguaretama. A segunda foi na comunidade de Uruaçu, no município de São Gonçalo do Amarante.

Um grande grupo de católicos foi martirizado em cada um dos massacres. Passaram a ser conhecidos como Mártires de Cunhaú e Uruaçu. Eles foram beatificados pelo Papa São João Paulo II em 5 de março de 2000 e canonizados pelo Papa Francisco em 15 de outubro de 2017.

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