Você procura ouvir a Deus e si mesmo? Para conseguir, é preciso fazer silêncio para tudo aquilo que é externo, como opiniões de terceiros e desvios de atenção, o que vai muito além da ausência de palavras. Especialmente na Quaresma, a busca e a prática de um estado mais silencioso são muito importantes.
Nesses 40 dias, a Igreja recomenda a reflexão sobre a própria vida, o arrependimento dos pecados e a preparação espiritual para a celebração da Ressurreição de Cristo. É um tempo de caridade, oração e reflexão, e o silêncio é uma maneira de criar espaço para olhar pra dentro. Ao se afastar do barulho e da agitação do mundo exterior, cada pessoa tem a oportunidade de se conectar mais profundamente com Deus, ouvir Sua voz e discernir Sua vontade para suas vidas. É o que recomendou, por meio de um artigo, Padre Manoel da Paixão, doutor em Liturgia e pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Mares, em Salvador (BA).
“O tempo da Quaresma nos propicia a vermos a igreja como um oásis no meio do deserto da sociedade do barulho. Desde a sua abertura, na Quarta-feira de Cinzas, fomos convidados pelo profeta Joel a rasgarmos os nossos corações para nos aproximarmos de Deus (cf. Jl 2,13). Entre outras coisas, ‘rasgar’ os corações significa fazer um profundo exame de consciência diante de si e diante de Deus, que só se dá, através de uma parada silenciosa para perscrutar o mais íntimo do nosso ser para ser alcançado por Deus”, aprofundou o Sacerdote.
Padre Manoel da Paixão acrescenta que o silêncio deve ser educado a partir de três pilares: a Sagrada Escritura, o exemplo dos santos e a liturgia.
O primeiro está relacionado a como Jesus se retirou para um lugar deserto (Mc 1,12-13) para jejuar, rezar e enfrentar tentações. Os fiéis também são convidados a seguir Seu exemplo e dedicar um tempo ao silêncio e à oração profunda.
O segundo é buscar os exemplos dos Santos, primeiramente de Maria Santíssima, que tem como um dos seus títulos o de “Virgem do Silêncio”.
Já o terceiro se relaciona especificamente com a Santa Missa. A Instrução Geral do Missal Romano, no número 45, orienta quais são os momentos rituais que o silêncio deve ser observado, como “no ato penitencial e após o convite à primeira oração, a Coleta; após uma leitura ou a homilia, meditando o que se escutou da Palavra e, por fim, após a comunhão”.
Como está na Bíblia, “tudo tem a sua ocasião própria e todo o propósito debaixo do céu tem o seu tempo […], tempo de calar e tempo de falar” (Ecl 3,1.7b). O silêncio permite que as pessoas se desliguem das distrações do mundo e se concentrem na busca da santidade e no fortalecimento de seu relacionamento com Deus. É um meio de purificação espiritual e de crescimento na fé, que prepara os corações dos fiéis para celebrar plenamente o mistério da morte e Ressurreição de Cristo na Páscoa.
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