Papa Francisco falou nesta semana sobre a sua preocupação com a situação política na Nicarágua. O presidente do país, Daniel Ortega, vem reprimindo, dia após dia, membros da Igreja Católica e as formas de transmissão da fé em todo o território.
Em discurso na Praça de São Pedro, Francisco disse: “Quero expressar minha convicção e desejo de que por meio de um diálogo aberto e sincero ainda é possível encontrar as bases para uma convivência respeitosa e pacífica”.
As palavras do Pontífice fazem referência especialmente à prisão do Bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, que é um opositor ao regime político do governante.
Ele foi preso, segundo informações da polícia do país latino, por supostamente organizar grupos violentos e incitar ódio para desestabilizar o Estado da Nicarágua.
Fonte: Diocese de Matagalpa
A prisão do religioso não foi a primeira medida adotada por Daniel Ortega na Nicarágua. Antes disso, o presidente cancelou a licença de transmissão de rádios católicas (um total de nove até agosto deste ano). Uma das emissoras era comandada pelo Bispo Rolando.
Acontece que, antes do fechamento da rádio e da prisão do Bispo, a emissora denunciou autoridades nicaraguenses por perseguição à Igreja, bem como pelas condições sociopolíticas enfrentadas pelos cidadãos.
Não foram só as emissoras de rádio que sofreram sanções governamentais. Em junho de 2021, o canal da Conferência Episcopal da Nicarágua também precisou encerrar suas atividades no país por decisão do governo.
O presidente, além de fechar as emissoras de rádio e de televisão ligadas à Igreja Católica, também proibiu a realização de procissões religiosas e há indícios de ataques e profanações, incluindo um incêndio na Catedral de Manágua, agressões a pessoas ligadas ao catolicismo, destruição de imagens e símbolos religiosos, prisão de outros padres e expulsão de freiras missionárias da Ordem Madre Teresa de Calcutá.
As perseguições à Igreja Católica no governo de Ortega iniciaram em 2018, mas foram acirradas neste ano. Antes disso, era uma das entidades que promovia o diálogo e as relações pacíficas entre o governo e os grupos de opositores. Indícios apontam que, possivelmente, a relação tenha sido enfraquecida exatamente por esse motivo.
A Assembleia Nacional dos Bispos do Brasil reforça a preocupação com a repressão sofrida pelos integrantes da Igreja na Nicarágua. Em carta aberta encaminhada à Conferência Episcopal de Nicarágua, ainda em agosto, os bispos brasileiros falam da tristeza e preocupação com os fatos.
“Sentimo-nos profundamente unidos aos irmãos bispos e a todo o povo nicaraguense. Clamamos ao Bom Deus para que a paz e a justiça sejam alcançadas”.
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