As Sagradas Escrituras afirmam, já no início, que tudo o que foi criado tem origem pela determinação e ordem de Deus:
“No princípio Deus criou o céu e a terra” (Gn 1, 1).
Ainda sobre esse dom da criação, o Papa Francisco nos ensina:
“A criação refere-se à ação misteriosa e magnífica de Deus criar do nada este majestoso e belo planeta e o universo inteiro, e também ao resultado de tal ação, ainda em curso, que experimentamos como um dom inexaurível. Durante a liturgia e a oração pessoal na ‘grande catedral da criação’, recordemos o Grande Artista que cria tanta beleza e reflitamos sobre o mistério da sua amorosa opção de criar o mundo.”
Mas não só a criação tem sua origem no Pai, também seu ápice se dá em Cristo, quando o próprio Deus se faz verdadeiro homem:
“E a Palavra se fez carne e habitou entre nós; vimos sua glória, a glória de Filho único do Pai, cheio de graça e verdade” (Jo 1,14).
De acordo com o filósofo e comunicador Tiago Correia, podemos até pensar que está em Cristo apenas a finalidade da criação, mas não seu fim.
“Pelo contrário, está n’Ele a plenitude”, afirma Tiago.
Encontramos esta afirmação da finalidade da Criação em Cristo também no Evangelho de São João:
“Todas as coisas foram feitas através dele, e, sem Ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1,3).
É em Jesus que a criação encontra seu ápice e sua redenção, pois n’Ele se fazem novas todas as coisas, como descrito em Apocalipse 21,5.
Para São Paulo, a redenção vinda da cruz chega a tudo e a todos nós, tamanha é a sua amplitude divina. A Escatologia Católica tem suas bases na redenção gerada pelo sacrifício salvador de Cristo. Por isso, muito mais que apocalíptica, que trata do fim, é uma escatologia da esperança. Ao pensarmos na escatologia da criação, ou seja, nos desígnios finais de tudo que existe, não pensamos em um fim trágico e absoluto. Pelo contrário, entendemos que “a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8,21).
Essa forma de entender o destino final do homem e do mundo foi resumida no Concílio Vaticano Segundo:
“A Igreja, à qual todos somos chamados e na qual por graça de Deus alcançamos a santidade, só na glória celeste alcançará a sua realização acabada, quando vier o tempo da restauração de todas as coisas (cfr. Act. 3,21) e, quando, juntamente com o gênero humano, também o universo inteiro, que ao homem está intimamente ligado e por ele atinge o seu fim, for perfeitamente restaurado em Cristo (cfr. Ef, 1,10; Col. 1,20; 2 Ped. 3, 10-13).” (Lumem Gentium, 48)
Uma vez que este ideal escatológico, que é centrado em Jesus Cristo, exige uma ação concreta de todos nós, o Papa Francisco tem nos lembrado com frequência da importância do cuidado com a criação:
“É a ‘conversão ecológica’ que São João Paulo II nos exortava a realizar: a renovação do nosso relacionamento com a criação, de modo que já não a consideremos como objeto a explorar, mas, ao contrário, guardemo-la como um sacro dom do Criador. Depois, consciencializemo-nos de que uma abordagem global requer que se pratique o respeito ecológico nas quatro vertentes: para com Deus, para com os nossos semelhantes de hoje e de amanhã, para com toda a natureza e para com nós próprios.”
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