Por Padre Tiago Felipe Polonha, da Arquidiocese de Curitiba
Uma história surpreendente, um questionamento importante, grandes reviravoltas e muita emoção transformam Viva – a vida é uma festa numa das maiores animações dos últimos anos. Agradando adultos e crianças, é um filme maravilhoso para meditarmos.
Viva conta a história da família Riviera. Logo nos primeiros minutos, é apresentada a história dessa família: o pai abandona a esposa e a filha para se dedicar à música. Por causa disso, a música sempre foi vista como um mal para eles. Até aparecer o Miguel, um menino apaixonado por música. O grande tema do filme é o questionamento que Miguel se faz: seguir a tradição de sua família ou seguir seu sonho de se tornar músico?
Ambientado no México, o filme se passa durante a comemoração do Dia de Los Muertos. Por causa de uma confusão com um violão, Miguel acaba caindo no mundo dos mortos. Para retornar, ele precisa da bênção de sua família, mas essa coloca a condição que dará a bênção se ele prometer nunca mais se envolver com música. Obstinado a seguir seu sonho, Miguel sai à procura do único parente que o entenderia e o apoiaria: seu tataravô que lá no início havia abandonado esposa e filha.
Com toda certeza essa história irá emocionar muitos. Ao tratar de temas sensíveis como o luto e o esquecimento, fica impossível não pensarmos em todos aqueles que amamos e já nos deixaram. Também podemos refletir sobre as marcas que queremos deixar no mundo e no coração daqueles que amamos. São João Paulo II dizia que a família é uma pequena igreja doméstica e o próprio Jesus dizia que na igreja seremos reconhecidos pelo amor que partilhamos.
Toda a nossa caminhada cristã inicia no seio da família. O próprio Deus, aos se fazer homem, quis nascer de uma família, para santificar as nossas. É lá que aprendemos nossos costumes, nossas orações e os primeiros passos de nossa fé. O papa Francisco nos diz que “a família é o lugar do encontro, da partilha, da saída de si mesmo para acolher o outro e estar junto dele. É o primeiro lugar onde se aprende a amar”. Santa Teresa de Calcutá vai ainda mais fundo e nos questiona com firmeza: “quer mudar o mundo? Entra na sua casa e ame sua família”.
Como um sinal do amor de Deus ao mundo, a vocação familiar tem um destaque importante na igreja, principalmente nesses tempos de egoísmo e fechamento que o mundo nos apresenta. Um mundo onde cada vez mais as relações se tornam líquidas, a igreja continua insistindo nas relações sólidas e duradouras. A bênção de Deus numa família nos lembra que só conseguiremos viver esse amor verdadeiro quando temos Cristo como a rocha onde construímos nossa relação.
A família Riviera nos ensina isso no filme Viva – a vida é uma festa. Mesmo quando Miguel foge de seus familiares no mundo dos mortos e diz “eu odeio essa família”, ainda o amor de Mamá Amélia é mais forte e persiste em correr atrás dele. E no fim, o amor sempre vence. Conforme o costume mexicano do Dia de los Muertos, aqueles que são lembrados permanecem sempre vivos.
Também nós somos convidados a reavivar o amor que nos une, lembrando que o amor é acolhida, é perdão, é correção, é decisão. No fim, ninguém vai lembrar do quanto dinheiro a gente ganhou, ou das roupas que vestimos, ou do tamanho de nossa casa ou quantos bens nós compartilhamos. O que ficará na lembrança daqueles que amamos é o bem que fazemos, o quanto soubemos acolher, as histórias que compartilhamos e o amor que vivemos. Saibamos escolher esse caminho em nossas vidas.
Deus os abençoe!
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Viva – A Vida é uma Festa
Adrian Molina, Lee Unkrich, 2017
Animação/Aventura – 1h45
Disponível em Disney+
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