Muito mais que rima, palavras bonitas ou expressões no papel. O filósofo Aristóteles disse que a poesia é mais verdadeira que a história (Poética, 9) por tratar as emoções e sentimentos humanos. Tão importante para as pessoas, tem duas datas especiais em outubro: o Dia do Poeta (20) e o Dia Nacional da Poesia (31).
A Igreja tem fiéis poetas por todas as gerações, assim como Santos que usaram o dom da escrita para evangelizar. Um deles foi São João da Cruz, que compôs “A Noite Escura da Alma”. Outro foi Santo Éfrem, famoso pela inteligência e erudição.
Comprometida com a sua fé, a colunista do IDe+ Tatyana Casarino é um exemplo de quem usa a escrita de poemas para falar de Deus.
“Através da poesia, unimos o intelecto e o sentimento para transmitir a voz da nossa própria alma”, comenta Tatyana.
Para ela, a poesia católica, em particular, tem o papel de permitir que os poetas expressem sua fé, espiritualidade e experiências religiosas em versos. A advogada conta que essa paixão floresceu durante seus anos escolares, quando a professora de Literatura apresentou as escolas literárias à sua turma. Naquele momento, ela se encantou principalmente pelos poetas românticos e simbolistas. O romantismo, com seu foco nas emoções, conquistou seu coração sensível, enquanto o simbolismo despertou a afinidade com o mundo metafísico.
Ao aprofundar o autoconhecimento, Tatyana percebeu que a poesia era o veículo perfeito para combinar seu pensamento intelectual e sua espiritualidade. Ela descobriu que a poesia podia expressar pensamentos e emoções de maneira única, o que permitia explorar os mistérios da vida, da fé e dos sentimentos.
Entre as suas principais referências da poesia estão nomes como Fernando Pessoa, Baudelaire, Rumi e Casimiro de Abreu. Ela destacou o aspecto multifacetado da poesia de Fernando Pessoa, que criou heterônimos e personagens poéticos únicos.
Para aqueles que desejam ter mais contato com a leitura de poesia, ela recomenda a leitura da Bíblia como uma maneira de se familiarizar com metáforas e simbolismo. Muitas passagens bíblicas, como os Salmos e as parábolas, contêm elementos poéticos. Além do mais, Tatyana sugere explorar as letras de músicas, outra forma de apreciar a linguagem poética de maneira acessível.
A jovem católica defende que a poesia de fé vai além da mera expressão artística. Ela a vê como uma ponte para os sentimentos mais profundos e como uma ferramenta para purificar o interior do leitor por meio da beleza das palavras. Sua poesia católica reflete sua espiritualidade.
Por isso, incentiva todas as pessoas que querem se aventurar pela poesia: uma jornada literária que vale a pena trilhar, independentemente da complexidade do caminho ou do anonimato. Por meio da poesia, todos têm a oportunidade de externar a beleza e profundidade de seus sentimentos e compartilhá-los com o mundo.
Os versos da poesia católica da advogada são iluminados e cheios de fé. Confira a seguir um dos poemas, que foi inspirado na história de São Francisco de Assis e Santa Clara:
O verdadeiro cristão não indaga amargamente:
“O que o outro faria se estivesse no meu lugar?”
Mas ajuda, com amor, o próximo prontamente,
pois sabe o que Cristo faria naquele lugar!
Você é capaz de ouvir o sussurro?
Você é capaz de interpretar o chamado?
Você sabe o que significa renunciar tudo?
Você sabe o que é amar e ser amado?
Naquela cidade, eu vi Francisco
outrora tão adornado e agora despido.
Naquela cidade, eu vi um mosteiro de luz,
ajoelhei-me emocionada diante da cruz.
Ele andava de vestes simples e calmas,
seu manto marrom era o escudo da alma.
Ele andava entre os leprosos e os santos,
cantando a Deus o soneto dos anjos.
Naquela cidade, eu vi uma donzela de olhos divinos
cujos pés caminhavam sobre ardente e vivo fogo.
Ela cortou os cabelos e abdicou todo o seu tesouro
para servir os caminhos do amor de Cristo.
Eles eram tão jovens e tão belos,
eles poderiam morar em castelos
e abraçar os bens do mundo do instinto.
Mas, ao invés disso, seguiram a Cristo.
A vida deles estava apenas começando
quando eles ouviram a voz do Senhor:
“Abandone tudo e siga apenas o Amor,
abandone tudo e siga apenas o Amor.”
Aquela voz quente, magnética e profética,
que soa como o sino do divino despertar,
não pode ser desprezada cegamente sob o luar
quando o sábio e o louco bebem da luz poética.
E, então, a vida perde todo o seu sentido
se houver a matéria e não houver o Cristo.
Renunciamos a todos os bens em nome de um bem maior:
a proclamação do amor que está em nós.
Peregrinando entre os belos montes verdes,
dormindo em cabanas tão pequenas,
eles cantavam sob o luar e as estrelas
a poesia gloriosa da salvação.
Entre os girassóis, os pássaros e os lírios,
esses versos transbordavam da alma de Francisco
que logo proclamou diante da terra e do mar:
“Senhor, faça de mim um instrumento da paz!”
Francisco prometeu expulsar do mundo a dor,
eis que onde houvesse ódio, ele levaria o amor.
O verdadeiro cristão leva o perdão à ofensa
e transforma a amarga discórdia em doce união.
Francisco levava a fé para onde havia a dúvida,
esclarecendo a verdade diante do erro.
Ele iluminava de esperança o lugar do desespero,
expulsando a tristeza com doce alegria.
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