Uma das celebrações católicas que mais leva a manifestação da fé às ruas pelo interior do Brasil é a Festa do Divino. Realizada no dia de Pentecostes, chegou por aqui com os portugueses e pode ser encontrada em localidades diversas, do litoral do Rio de Janeiro ao interior de Rondônia.
Para entendermos o porquê dessa comemoração, precisamos revisitar alguns conhecimentos litúrgicos. O Espírito Santo é o terceiro membro da trindade revelada por Jesus Cristo e desceu dos céus sobre os Apóstolos e a Virgem Maria 50 dias após a Páscoa.
Em Portugal, a rainha Isabel, no início do século XIV, foi a responsável por fortalecer a celebração. A soberana tornou-se protetora da Irmandade do Espírito Santo e se envolveu diretamente na construção de igrejas e na organização dos festejos. Anos mais tarde, com a colonização, a tradição desembarcou no Brasil.
Apesar de sua origem religiosa, vários elementos populares foram incorporados à Festa do Divino ao longo dos anos, como o personagem do imperador, uma espécie de responsável pela condução da festividade, o levantamento de mastro e a queima de fogos de artifícios.
No interior de Goiás, por exemplo, em Pirenópolis, já se tornou tradição a encenação da luta entre cristãos e mouros durante a festividade.
A escolha do imperador é levada tão a sério em algumas localidades do Brasil que até mesmo sorteios são realizados para definir quem ficará com o posto. Bispos também costumam ser ouvidos no processo de decisão.
Ao longo do ano, também é comum que as paróquias realizem cantorias, novenas e outros momentos cujo objetivo é arrecadar fundos para custear justamente as cerimônias relativas aos festejos do Espírito Santo.
A Festa do Divino é realizada no dia de Pentecostes. Porém, as comemorações se iniciam com a novena ao Espírito Santo, nove dias antes do Domingo de Pentecostes. Nesse momento, a Bandeira do Divino – um pavilhão vermelho com a pomba branca ao centro – é carregada por católicos que visitam a casa de devotos para se unirem em torno de cânticos e orações.
Na véspera do Domingo de Pentecostes, é realizada uma grande procissão e acontece a ascensão do mastro com a Bandeira do Divino. Em muitas cidades, esta cerimônia é marcada pela queima de fogos de artifícios.
Marcada pela religiosidade e rica em significados, algumas manifestações variam de acordo com a localidade.
Em Alcântara, no Maranhão, a tradição do Divino é tão forte que a celebração costuma reunir cerca de 100 mil pessoas em torno dessa programação.
A Festa do Divino e toda a popularidade que ela ganhou inspiraram um dos grandes sucessos de Ivan Lins, intitulado justamente de “Bandeira do Divino”. A melodia, inclusive, se baseia nas modas de viola do interior paulista, onde a celebração tem bastante força, e a letra é uma expressão da religiosidade popular e da fé numa vida melhor. Confira a seguir:
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