Fogos de Ano Novo e autismo: alegria de uns é a dor de outros

Fogos de Ano Novo e autismo: alegria de uns é a dor de outros

As celebrações de final de ano são um festival de cores e luzes, reencontro entre amigos e parentes queridos, tudo regado a muita música e boa comida. O que pode ser uma época de alegria para uns, entretanto, se transforma em um período difícil para outros, como aqueles que estão no espectro autista. Mas você sabe o que acontece?

A psicóloga Liziane Araújo, da Clínica de Atendimento Personalizado em Terapias Avançadas (CLIAP), esclarece que muitos pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm “maior sensibilidade a sons, luzes e contato físico” e que, por isso, é sempre importante identificar se há déficit sensorial antes de expor essa pessoa a uma situação que pode se tornar desconfortável.

“Os muitos enfeites luminosos, os vários abraços de felicitações e a explosão de fogos de artifício festejando a chegada do novo ano são estímulos que, agradáveis para nós, podem ser insuportáveis para o paciente com TEA. Quando nós, pessoas neurotípicas, nos sentimos incomodados, temos uma resposta adaptativa ao ambiente e nos regulamos com facilidade, mas para a pessoa com autismo e essa sensibilidade sensorial é muito mais difícil”, explica Anelena Gonçalves, terapeuta ocupacional de integração sensorial da CLIAP.

É o caso de Benício, de 9 anos. Mesmo com TEA grau 1 (sem deficiência intelectual ou comprometimento da linguagem funcional), Benício tem uma sensibilidade alta a barulhos

altos: além dos fogos de artifício, pessoas conversando ao mesmo tempo e estranhos lhe tocando são extremamente incômodos para ele. Seu pai, Fernando, nos conta sobre o que a família costuma fazer no Ano Novo: “Procuramos ficar todos em casa e fechar portas e janelas. Dentro de casa, apenas pessoas íntimas, parentes e amigos queridos. Quando os fogos estouram ao longe, abraçamos ele bem apertado, porque a pressão do abraço contribui muito para que ele se organize”.

“Organizar-se” é um verbo muito usado nessas situações de superestímulo no TEA. Em momentos como o da virada do ano, com muitas luzes, cores e sons, o indivíduo autista se sente sobrecarregado pelos muitos estímulos que recebe. Por conta da sobrecarga sensorial, acabam desorganizando a percepção do que está acontecendo no entorno e não conseguem modular a sua reação aos estímulos.

A psicóloga Liziane aponta que uma forma de deixar a situação mais tranquila é dar previsibilidade. No caso de crianças, explicar a situação e criar pistas visuais no sentido de preparar os pequenos para o que vai haver no evento, com fotos e imagens. Assim, na hora, eles vão estar atentos aos acontecimentos e não vão se assustar.

“Para minimizar o desconforto, é essencial respeitar o espaço das pessoas com esse transtorno. Evitar o contato físico exacerbado, diminuir a quantidade de estímulos visuais e sonoros. O ideal seria não soltar fogos de artifício, mas como isso foge ao controle dos pais muitas vezes, pode-se usar um abafador de som”, orienta a terapeuta Anelena.

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