O Brasil voltou, ainda em 2018, a figurar a lista de países que estão no Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU). Com mais de 58% da população vivendo na insegurança alimentar, a subalimentação é uma realidade em boa parte dos lares. Isso significa que há muitas pessoas que, mesmo que tenham algo para comer, precisam escolher entre subprodutos alimentícios, como pele de frango, osso de gado e carcaça de peixe.
Ao mesmo tempo, o Brasil desperdiça, por ano, cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos. Se comêssemos o necessário para sobreviver diariamente, nosso consumo anual seria de 1 tonelada (incluindo os líquidos). Ou seja, as 27 milhões de toneladas de desperdício poderiam alimentar 27 milhões de brasileiros anualmente.
Lucas Infante sabia do problema do desperdício de alimentos e, ao mesmo tempo, queria transformar o mundo. “Eu queria construir um mundo melhor. Sei que não sou a solução, mas eu posso ajudar, contribuir de uma forma melhor, de impacto”, disse.
Sendo assim, ele uniu a fome com a vontade de comer. Com outros três sócios, Murilo Ambrogi, Fernando Henrique dos Reis e Guido Bruzadin, criou o Food to Save, um aplicativo que oferece alimentos que seriam descartados por mercados e empresas alimentícias para pessoas que querem/podem pagar menos por eles. “Eu queria deixar um legado, um mundo melhor para minha filha. Algo que me motivasse para um mundo melhor”, completou.
Lucas é o CEO da empresa que evita o desperdício vendendo a um preço mais barato comida para quem mais precisa.
A ideia é uma das coisas mais simples dentro de um projeto, afinal de contas, o Brasil é um país com uma população extremamente criativa. No entanto, segue baixo o número de empreendedores em diferentes áreas, especialmente porque muitas pessoas acreditam que para executar essa ideia precisam investir muito dinheiro ou serem empreendedoras de sucesso.
Lucas explica que, na verdade, o que mais precisou para criar o aplicativo foi coragem de arriscar.
“Eu também tinha medo, mas arrisquei para tirar a ideia do papel, fazer testes, conversar com pessoas. Eu prefiro testar e arriscar a me arrepender de não ter feito. Se eu acredito na minha ideia, no meu potencial, eu avanço uma casinha muito importante, e esse é o primeiro passo para a transformação”.
E você pode até estar pensando que Lucas tinha tudo pronto para criar o aplicativo. No entanto, ele comenta que o produto nasceu durante a pandemia (o que já era um grande risco), com sua primeira filha prestes a nascer e ele morando fora do país.
Até hoje, com pouco mais de um ano em funcionamento, o aplicativo ajudou a evitar o desperdício de mais de 200 toneladas de alimentos. São mais de 400 mil usuários no aplicativo, que está disponível em 11 cidades brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, São Bernardo do Campo, Santo André, Osasco, Mauá, Mogi das Cruzes, Santos, Diadema, Taboão da Serra, Barueri, Cotia, São Caetano do Sul, Valinhos e Poá).
“Hoje existe um estudo prévio para implantação em outras cidades, mas não abrimos todas as praças de uma vez. Vamos chegar a mais três cidades neste ano, embora a gente saiba que há demanda em todos os Estados do Brasil”.
Por isso, se você já está com interesse no aplicativo e ele não está disponível ainda em sua cidade, a Food to Save promete chegar em breve em ainda mais lugares pelo país. “Somei a vontade de deixar algo de impacto para as pessoas com a meta de ter um planeta melhor para minha filha. Assim tivemos a materialização da Food to Save“.
Lucas comenta que sempre teve como motivação a vontade de mudar o mundo. A empresa que evita o desperdício não foi sua primeira chance de fazer a diferença, até porque enquanto era empresário em outro ramo em São Paulo, já fazia trabalhos com comunidades carentes.
“A Food é hoje a materialização de um sonho, de causar impacto nas pessoas que precisam. Ninguém muda o mundo sozinho, no entanto, sem sombra de dúvidas, se cada um fizer meio por cento do que tem na cabeça, viveríamos em uma sociedade muito melhor e mais justa“, completa Lucas.
No “Dia da Terra” nós perguntamos quais eram as suas atitudes para ajudar nosso Planeta, lembra? A dica do CEO da empresa é mais um convite a todos que querem ajudar e não sabem como, especialmente porque a motivação está dentro de cada um. “Nos dias atuais, o mínimo que fazemos já ajuda muito o Planeta Terra. E essa é uma questão emergencial”.
É possível transformar a vida de muitas pessoas todos os dias. Para isso, é preciso ter coragem para fazer do mundo um lugar diferente. Lucas contou que mesmo antes de criar o aplicativo ele já atuava em prol das pessoas que estavam ao seu redor e também em benefício da Terra. Coleta de óleo usado, de pilhas e baterias, além de outras iniciativas sempre fizeram parte do seu cotidiano.
Com a Food to Save não poderia ser diferente. Em meio a tantos problemas de insegurança alimentar, a empresa investe também na alimentação para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
“Vivemos em um país muito desigual, onde muitas pessoas não têm o que colocar na mesa. Por isso, com um ato simples, como a doação de sacolas de alimentos, temos ajudado muitas instituições a garantirem essa comida a quem mais precisa”.
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.