Freira e enfermeira: Irmã Maria Eugenia mostra a importância da espiritualidade na área da saúde

Freira e enfermeira: Irmã Maria Eugenia mostra a importância da espiritualidade na área da saúde Missão: Wladyslava Provessi é a auxiliar de enfermagem mais antiga do Hospital Pequeno Príncipe, onde atua há mais de 55 anos. Foto: Wynitow Butenas/Hospital Pequeno Príncipe

“O sofrimento humano só é intolerável quando ninguém cuida”. A frase da médica, enfermeira, assistente social e escritora inglesa Cicely Saunders inspira os dias da religiosa brasileira Maria Eugenia da Silva, da Congregação das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Em poucos minutos de conversa, já é fácil perceber como a serenidade e a força fazem parte da sua natureza. Características muito bem-vindas para alguém cuja missão de vida é exatamente cuidar de crianças que enfrentam problemas de saúde.

Ela também é enfermeira do Hospital Pequeno Príncipe, exclusivo para atendimento pediátrico, em Curitiba (PR). “Estar presente, acolher, acompanhar, abençoar, rezar junto, ancorar a fé, se alegrar pelas vidas restabelecidas, dar suporte nos momentos mais difíceis, que são os da perda de entes queridos” estão entre as suas tarefas diárias, que ligam a espiritualidade à enfermagem.

Foi no início da sua caminhada vocacional, quando teve contato com as crianças internadas no hospital César Pernetta, que a ideia de ser enfermeira surgiu como um caminho necessário. Ela lembra que, naquele período, ainda não existia o programa de humanização implantado nos hospitais e as famílias não podiam acompanhar os filhos além da visita diária, que durava apenas 1h.

As irmãs moravam no hospital e eram responsáveis por vários serviços, como a gerência de enfermagem.

“Na época, tudo era muito precário e difícil, o número de colaboradores de enfermagem era bem reduzido e não tinha condições de dar conta. Daí que a irmã do hospital solicitou que nós, as aspirantes que residíamos no Colégio Sagrado, ao lado do hospital, ajudássemos nos cuidados com banho, mamadeira, troca fraldas. Esse contato direto e o sofrimento duplicado das crianças internadas, que caíam em prantos quando seus pais tinham que se ausentar da enfermaria, me fizeram sentir forte um apelo pela enfermagem”, lembra a religiosa.

Foi nesse contexto que a responsável pelo local percebeu que Irmã Maria Eugenia “levava jeito”. Naquela época, o aprendizado acontecia na prática com as colaboradoras mais experientes e também com as irmãs. Assim, ela começou a se dedicar à enfermagem.

Técnica e espiritualidade lado a lado

Por 32 anos, Irmã Maria Eugenia atuou na assistência direta dos cuidados de enfermagem e em diversas cidades.

“Na condição de religiosa, prestava um cuidado integral aos pacientes e família, mas como profissional, tinha uma série de atribuições próprias da função e não conseguia dar uma assistência espiritual conforme as demandas percebidas e solicitadas”, conta.

Em 2013, porém, uma mudança importante aconteceu e a levou a novas formas de atuação. Por seis anos, a freira esteve em missão no Haiti, onde devido à precariedade e à restrição do serviço ambulatorial, muitas vezes o único recurso disponível era a fé e o suporte espiritual.

Irmã Maria Eugênia no Haiti

“Ao retornar ao Brasil, expressei meus anseios e hoje não mais atuo na assistência de enfermagem, mas no acolhimento espiritual”, explica.

A religiosa acrescenta que o novo conceito de saúde definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que a dimensão espiritual tem um papel importante na motivação das pessoas em todos os aspectos da vida, pois pode integrá-los.

“Cuidar das pessoas dessa forma é uma experiência que não é possível descrever”, compartilha.

Seja no Brasil, seja no Haiti, sua dedicação faz a diferença na vida de muitas crianças e de suas famílias.

“Quando é possível, nós podemos fazer muito com pouco, com a graça e as bênçãos de Deus”, disse a Irmã durante o seu discurso na Câmara Municipal de Pato Branco (PR), quando foi homenageada com a Moção de Aplauso pelo seu trabalho no município.

Irmã Maria Eugenia da Silva, da Congregação das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, recebe homenagem da Câmara Municipal de Pato Branco

Semana da Enfermagem

Em todo o Brasil, de 12 a 22 de maio, os estados celebram a Semana da Enfermagem, com diversas atividades. Este ano, o tema é “O impacto das tecnologias para o futuro da Enfermagem, informação, ética e cuidado”.

“Essa semana tem como objetivo promover uma reflexão sobre a importância e a valorização do profissional da enfermagem e também é uma oportunidade de a população conhecer um pouco mais das atividades desenvolvidas por esses profissionais e desafios diários enfrentados por eles”, explica Teresinha Peruci, gerente de Enfermagem do Hospital Pequeno Príncipe.

Com papel fundamental nos sistemas de saúde, além de contribuir diretamente com a prevenção, cuidado e recuperação da população, a enfermagem atua também na inovação, ensino e pesquisa para melhoria da qualidade de vida da sociedade.

A gestora explica que o mercado de trabalho para esses profissionais está em ascensão, pois além da assistência direta ao paciente nos hospitais e atendimento pré-hospitalar em urgência e emergência, o campo de atuação vem se diversificando ao longo dos anos: há também as áreas de gestão, auditoria, docência, home care, entre outros.

“Com o aumento da demanda dos sistemas de saúde, a área assistencial continuará sendo percursora da profissão. No entanto, os profissionais deverão ampliar seus conhecimentos por meio de especializações, acompanhando assim os avanços das novas tecnologias, sem comprometer o papel singular do cuidado ao paciente: a humanização”, explica Teresinha.

Foto: reprodução Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba (PR)

Cuidados e capacitação: eles merecem

Quem tanto cuida merece também ser cuidado. Por isso, em Curitiba (PR), no Hospital Pequeno Príncipe, que é referência na saúde de crianças, a Semana da Enfermagem vai ser dedicada ao bem-estar desses profissionais, além de ter uma série de opções com foco no desenvolvimento profissional.

Nas atividades de autocuidado e bem-estar estão inclusas massagem, auriculoterapia, spa das mãos, design de sobrancelhas, entre outras. A programação também conta com palestras sobre temas como “Romper ‘bolhas’ no mundo atual para o resistir e o coexistir da enfermagem”, “Atuações da enfermagem no rompimento de “bolhas” e “Inovação na saúde”.

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Comentários

  • Maria Eugênia da Silva
    Ótima matéria. É louvável a profissão da enfermagem. Merece ser apreciada e homenageada. Parabéns a todos. Uma benção especial pra todos

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