Inspirações que a história de Santa Maria Goretti nos traz

Inspirações que a história de Santa Maria Goretti nos traz

Hoje é o dia de Santa Maria Goretti, a nossa santa mais jovem, falecida aos onze anos de idade.

A sua história é muito conhecida: logo após a perda do seu pai, a família de Maria Goretti, em dificuldades financeiras, passou a dividir a casa com outra família, os Serenelli. Havia nessa família um jovem, Alessandro, que constantemente assediava a criança, sendo sempre repelido por ela. No dia 5 de julho de 1902, o jovem voltou para casa mais cedo do trabalho e encontrou a menina costurando. Retirou-a à força do seu afazer e insistiu, enquanto Maria lhe explicava que as suas más intenções não eram da vontade de Deus. “Você irá pro inferno”, ela dizia.

Diante da resistência da menina, que dizia preferir morrer a agir em desacordo com a vontade de Deus, Alessandro então deu-lhe 14 punhaladas. Maria foi levada ao hospital, onde os médicos, sem compreender o que ainda mantinha a menina viva, tentaram de tudo para salvá-la. A menina milagrosamente resistiu aos ferimentos até o dia seguinte, quando recebeu das mãos do Arcipreste de Nettuno o Santo Viático. Ao ser perguntada se sabia a Quem iria receber, a criança respondeu: “ao mesmo Jesus que dentro em pouco irei ver face a face”. Perante o presbítero, Maria Goretti ainda perdoou o seu assassino: “também quero que esteja comigo no Paraíso!”.

“A castidade guarda o amor autêntico”

A maior inspiração que Santa Maria Goretti nos traz é, certamente, o seu comprometimento com a virtude. Em 6 de julho de 2003, no pronunciamento do Angelus, disse o Papa São João Paulo II, sobre ela:

O que diz aos jovens de hoje esta jovem frágil, mas cristãmente madura, com a sua vida e sobretudo com a sua morte heróica? (…) Recorda à juventude do terceiro milênio que a verdadeira felicidade exige coragem e espírito de sacrifício, rejeição de todo o compromisso com o mal e disposição para pagar com a própria vida, mesmo com a morte, a fidelidade a Deus e aos seus mandamentos”.

A pureza de coração, como qualquer virtude, exige um treino quotidiano da vontade e uma constante disciplina interior. Pede, acima de tudo, o recurso assíduo a Deus, na oração”.

Como é atual esta mensagem! Hoje exaltam-se, muitas vezes, o prazer, o egoísmo ou até a imoralidade, em nome de falsos ideais de liberdade e de felicidade. É preciso reafirmar com clareza que a pureza do coração e do corpo deve ser defendida, porque a castidade ‘guarda’ o amor autêntico”.

As múltiplas ocupações e ritmos acelerados da vida tornam talvez difícil o cultivo desta importante dimensão espiritual. (…).

“Confio a juventude a Maria, resplandecente de beleza. Ela, que sustentou Maria Goretti na provação, ajude a todos, especialmente os adolescentes e jovens, a descobrir o valor e a importância da castidade para construir a civilização do amor”.

O perdão como instrumento para a serenidade do coração

Outra forma como a Santa Maria Goretti toca nossos corações é sobre perdoar aqueles que nos fizeram mal.

Em 2016, por ocasião do dia da Santa, o Papa Francisco escreveu que “a memória e a vida da Maria Goretti devem animar a comprometer-se consigo mesmo e ser testemunha do perdão”, vez que ele se torna a expressão mais evidente do amor misericordioso.

Alessandro foi odiado e ameaçado de morte por toda cidade de Nettuno depois do seu crime. Por muito tempo, ele enxergou seus atos com indiferença, até que teve um sonho, onde Maria apareceu para ele vestida de branco, entregando-lhe 14 lírios que, ao serem recebidos, transformavam-se em chamas cintilantes. Ele então se arrepende verdadeiramente, escrevendo ao Prelado para pedir o perdão de Deus pelos seus pecados. Ao sair da prisão, pediu também perdão à mãe de Maria, que o perdoou. Foi finalmente acolhido como jardineiro dos Frades Menores Capuchinhos das Marcas, onde viveu até morrer. Ele escreveu em um texto final:

Maria foi realmente a minha luz, a minha protetora. Com a sua ajuda, comportei-me bem nos 27 anos de prisão e procurei viver honestamente quando a sociedade me aceitou de volta entre os seus membros”.

Aqueles que lerem esta carta, que a tenham como exemplo para escapar do mal e seguir o bem, sempre. Acho que a religião, com seus preceitos, não é algo que se pode desprezar, mas é o verdadeiro conforto, a única via segura em todas as circunstâncias, mesmo nas mais dolorosas da vida”.

“O perdão é o instrumento colocado nas nossas mãos para alcançar a serenidade do coração”, nos diz o Papa Francisco, ainda, em sua carta. Sobre o perdão entregue ao assassino, ele acrescenta:

“precisamente esta generosa oferta de absolvição acompanha a morte da jovem Marietta e é para o seu assassino o começo desse sincero caminho de conversão que, no final, o levará a saborear o abandono confiante nos braços do Pai da misericórdia”.

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