Já conversou com um idoso da família hoje?

Já conversou com um idoso da família hoje?

Conversar, trocar ideias, interagir e se relacionar faz parte da nossa natureza humana e, quando esse diálogo é diretamente com que amamos, os efeitos positivos são ainda maiores. Passamos grande parte da vida em constante contato comunitário e familiar, amadurecendo e nos aprimorando nessa arte tão rica e necessária que é o relacionamento com o outro, com a família, com a vida em comunhão.

No entanto, com o passar do tempo, a desaceleração natural do ritmo, o envelhecimento e, principalmente, a aposentadoria, fazem com que essa intensidade de relações diminua, que o círculo social de convívio encolha e as relações diárias se restrinjam. E é nesse momento que a rede familiar, tão potente e necessária em nossa vida, amplia seu papel de fortaleza e de base sólida para uma vida feliz. 

 

O poder de uma visita, de uma mensagem, de uma ligação

Isabela Lessak é jornalista, tem 28 anos e mora em São Paulo atualmente. Para a família, que mora, em sua maioria no Paraná, ela é conhecida como a “neta vozeira”, uma denominação carinhosa para se referir à relação intensa, próxima e constante dela com os avós maternos e paternos. 

“Uma relação que foi assim a vida inteira”, é como a jornalista narra sua proximidade com os avós, que eram vizinhos de casa na infância e, por isso, eram parte da sua rotina.

Perto ou longe, Isabela tenta manter o contato e o convívio constante com seus avós

“Era um contato quase diário, de ficar  na casa deles enquanto meus pais trabalhavam, de me buscarem na escola, de passar férias inteiras lá. Eu ficava mais durante a semana com os paternos e nos finais de semana com os maternos, por vezes, eles me buscavam sem nem avisar meus pais. Meus avós tinham essa liberdade, era como se eu fosse chaveirinho mesmo, estava com eles sempre, pra cima e pra baixo”, lembra ela da infância, quando a família toda morava em Ibema, no Paraná. 

Na adolescência, Isabela, seus pais e irmão mudaram-se para Guarapuava e o amor dessa relação foi se adaptando à distância. Os encontros aconteciam mais aos finais de semana, feriados e períodos de férias.

“No primeiro ano a gente voltava quase todo final de semana pra Ibema e nas férias era sagrado. Eu ia pra lá no primeiro dia de férias e só voltava no último. Pra não ter que voltar pra casa antes eu comprava meu material escolar em Ibema mesmo”, detalha Isabela. 

Os momentos em que está ao lado dos avós faz toda a diferença na vida da jovem, que aproveita o máximo esse convívio 

Uma relação cada dia mais forte

Depois da mudança para Guarapuava, outras novidades vieram. O tempo foi passando para ela e para os avós também. Atualmente, Isabela vive na capital paulista e, de lá, administra essa relação afetiva poderosa.

“Como a gente vive essa distância desde a adolescência, desde a primeira mudança e separação física, eu organizava a vida, e assim eu faço até hoje para vê-los, estar perto e presente sempre que possível”.

Mensagem da avó para Isabela, durante os dias em que estão separadas fisicamente. Mas nada que uma boa conversa por vídeo chamada não amenize a falta e a saudade. 

 

Atualmente, trabalhando em sistema home office, seu planejamento de viagens tem, constantemente, a casa dos avós paranaenses como destino obrigatório por dias.

“Hoje eu consigo passar 15, 20 dias por lá, fazendo parte da rotina, cuidando e dividindo a alimentação, ouvindo, falando, vivendo essa relação íntima e próxima mesmo. Passo metade dos dias na casa de um, metade dos dias na casa de outro”, explica. 

A dedicação, o carinho, o se fazer presente com afetividade, escuta ativa e coração aberto da neta Isabela com os avós, é uma receita de saúde emocional não apenas dela, mas de cada um dos avós envolvidos. Isso fez, inclusive, com que a partida tanto do avô materno, durante a graduação, quanto a do paterno, neste ano, fossem mais serenas.

A casa dos meus avós sempre foi meu lugar confortável no mundo e, sempre que posso, estarei lá”, narra a neta, que carrega os quatro amores tatuados em seu corpo e que celebra, no próprio aniversário, esse amor gigante. “ Eu faço aniversário no Dia dos Avós. Coincidência ou não, eu vejo como mais uma forma da gente se conectar”. 

Quando não está ao lado dos avós, Isabela costuma ligar e conversar com eles. O benefício é para ambos, que passam a ter uma relação ainda mais viva

Essa relação pautada no esforço, na atenção e dedicação em se fazer presente, organizando sempre, independente da fase da vida, um tempo para aqueles que amamos e que precisam do nosso cuidado próximo, fez toda a diferença. Segundo Isabela, embora seja ela o “chaveirinho” dos avós, ela não é, e nem poderia ser, a única a viver esse amor zeloso.

“Minhas avós estão sempre com alguém por perto, diariamente. A gente sabe que isso é importante. Elas moram perto de alguns filhos, têm uma rotina mais próxima para o dia a dia de mercado, de saúde. Alguém sempre vai dar aquela passadinha para tranquilizar a gente e olhar por ela”, conta, lembrando do comprometimento familiar de quem está perto e de quem está mais longe. 

Tatuagem em homenagem aos avós 

Contato de amor que faz a diferença

A Irmã Maria Lúcia Rodrigues é coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa. Por estar próxima desse público diariamente, ela vê na prática a importância desse contato constante.

“A afetividade da família com a pessoa idosa é de suma importância para sua estabilidade emocional. A pessoa idosa precisa de um ambiente familiar para viver e é necessário que as famílias tomem consciência do papel que estes deveriam ter dentro delas. O jeito de ser da Pastoral da Pessoa Idosa, acolhedora, presença amorosa, afetuosa e misericordiosa, fortalece a família e serve de estímulo para que continue cuidando com todo carinho e paciência de seu idoso”, enfatiza. 

Na Pastoral, segundo a irmã, a principal ação é o acompanhamento das pessoas idosas por meio de visitas domiciliares mensais, principalmente àquelas mais vulnerabilizadas e fragilizadas. “O líder faz a ponte entre a pessoa idosa e sua família, com os serviços existentes na comunidade, especialmente com as UBS (Unidades Básicas de Saúde), com o CRAS (Centros de Referências de Assistência Social), e com o CREAS (Centros de Referências Especializados de Assistência Social)”, relatou.

 

Nessa convivência recorrente com o público idoso, Irmã Lúcia pondera que a manutenção dos vínculos sociais, familiares e de fé, fazem toda a diferença na saúde física, espiritual e mental dos envolvidos. Sobre esse tema, aqui no IDe+ você também encontra dois textos especiais. Um que fala sobre o amor entre avós e netos; e o outro que trata dos direitos, deveres e importância da experiência dos idosos para o mundo. 

“O estar junto da pessoa idosa com escuta atenciosa demonstrando afeto e ternura, levando informações sobre seus direitos, faz ela sentir-se amada, valorizada e compreendida e, com certeza, vai melhorar sua saúde e qualidade de vida. A vivência da fé e participação na comunidade é muito importante pelo fato que fomos criados por Deus para viver em comunhão e o relacionar com Deus e com as pessoas nos torna mais afetivos. Acredito que o envelhecimento passa a ser mais bem enfrentado e superado graças à fé e/ou religião presentes na vida das pessoas idosas dando lhes forças para superá-los a cada dia. Dá sentido à vida e à vontade de viver”, finalizou. 

 

E você, já conversou, ligou, mandou mensagem ou visitou a pessoa idosa importante e presente em sua vida? 

Quer ler ainda mais conteúdos sobre esse assunto? Separamos mais textos sobre a importância da presença da família, Igreja, amigos e comunidade na vida dos idosos. Acesse os links abaixo e confira!

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Comentários

  • Silvania
    Muito bom o conteúdo, e quero deixar aqui meus parabens para Isabela , que o mundo tenha mais jovens com esse amor e cuidado com os idosos.
  • Jorgina
    Fantástico,essa reportagem,sobre Isabela e seus avós, parabéns Isa,por ser esse ser humano, tão especial👏👏👏👏👏

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