Por Ana Kelly Aires Fernandes,
médica oftalmologista especialista em Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo,
com residência médica no Hospital Humberto Castro Lima/IBOPC (BA) e
Fellowship em Oftalmopediatria e Estrabismo no Hospital de Olhos do Paraná (PR).
Desde 2017, acontece, no mundo todo, especialmente durante o mês de julho, o Mês da Conscientização do Olho Seco, instituído pela TFOS (Tear Film Ocular Surface Society), voltado a informar à população sobre essa doença, cujo número de casos teve um aumento considerável durante a pandemia, principalmente por conta do uso excessivo de eletrônicos.
O Julho Turquesa ressalta a importância de procurar um oftalmologista nos primeiros sintomas, para o correto diagnóstico e tratamento.
De acordo com a literatura, olho seco é uma doença das lágrimas e superfície dos olhos que resulta em desconforto, visão turva e alteração do filme lacrimal com dano potencial à saúde ocular (superfície ocular).
Trata-se de uma queixa comum nos consultórios oftalmológicos, afetando uma parcela significativa da população, principalmente adultos com mais de 40 anos e mulheres – mas pode ocorrer em qualquer idade e em pessoas saudáveis. Os principais sintomas são sensação de corpo estranho (areia nos olhos), queimação e ardência, olhos vermelhos e irritados, coceira, sensibilidade à luz, visão embaçada e lacrimejamento excessivo.
A lágrima produzida pelos nossos olhos é composta por três camadas: gordura, água e muco. A camada oleosa (gordurosa) evita que as lágrimas sequem muito rapidamente. A camada do meio (aquosa) tem a função de limpar as partículas que não pertencem aos olhos. Por último, a camada de muco ajuda a espalhar a lágrima sobre a superfície ocular.
Fatores relacionados à síndrome do olho seco são: idade avançada – devido à redução na produção de lágrimas e alterações hormonais nas mulheres, especialmente após a menopausa; inflamação nas bordas das pálpebras, conhecida como blefarite; algumas doenças autoimunes; uso de lente de contato por muito tempo; uso de algumas medicações; fatores climáticos e ambientais e uso prolongado de telas, pois o aumento da concentração diminui o reflexo do piscar.
O tratamento visa manter os olhos bem lubrificados, mas é necessária a pesquisa da causa. Algumas opções de tratamento são: uso de lubrificantes, higiene correta e diária, compressas mornas nas pálpebras, evitar locais com fumaça, piscar conscientemente com mais frequência durante o uso dos eletrônicos e manter a umidade e temperatura ambiental adequadas. Se os sintomas são persistentes e severos, um profissional deverá ser consultado.
Uma dieta à base de ácidos graxos, ômega-3 e ômega-6 pode ajudar a reduzir a incidência de olho seco. Algumas fontes incluem peixes oleosos (salmão, sardinha e atum), nozes, óleo de linhaça, azeite de oliva , sementes de abóbora e soja. Manter-se bem hidratado também é uma boa opção para evitar o ressecamento ocular.
Fonte: Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. American Academy of Ophthalmology.
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